No dia 15 de agosto de 2021 o povo do Afeganistão derrotou o mais poderoso exército da história da humanidade, as tropas dos EUA que haviam ocupado o país 20 anos antes foram expulsos do país pelos afegãos armados liderados pelo Talibã. A organização nacionalista, que havia sido derrubada pela invasão norte-americana, retomou o poder e, passado um ano, o partido tem uma enorme popularidade, de acordo com a própria imprensa imperialista, mesmo com as pesadas sanções impostas pelos EUA. O Talibã se mostra como uma verdadeira organização popular.
A revista Foreign Policy publicou um artigo intitulado “Um ano depois, o Talibã tem o controle total”. A revista destaca que o Talibã controla quase a totalidade do país sem nenhum tipo de oposição, que a guerra de fato terminou quando a organização tomou o poder. Em suas próprias palavras “o fato do grupo permanecer no controle total é surpreendente: o regime tem desafios imensos, incluindo a luta pela legitimidade em divisões internas”. Esses desafios imensos são justamente impostos pelo próprio imperialismo.
Após a derrota militar dos EUA se iniciou uma brutal guerra econômica, a maior potência do planeta está impondo em uma dos países mais pobres do mundo um bloqueio genocida que está levando milhões de pessoas à fome. O governo dos EUA roubou 7 bilhões de dólares, uma quantidade gigantesca para um país pobre como o Afeganistão, e os mantém congelados em retaliação a vitória do Talibã. O governo Biden cinicamente também anunciou uma “ajuda humanitária” de 80 milhões em alimentos, 40 milhões para a educação e 30 milhões para apoio às mulheres. Enquanto isso, 8,7 milhões de afegãos passam fome, de acordo com a própria ONU.
A guerra militar é sempre uma continuação da guerra econômica, nesse sentido para os afegãos a organização que lutou por 20 anos em armas contra o imperialismo norte americano se mostra como apta a seguir nessa luta agora no governo. O povo entende que os EUA seguem os atacando e por isso mesmo com a situação de crise o Talibã não é responsabilizado pela fome e sim os verdadeiros responsáveis, os mesmos que destruíram o país nas últimas duas décadas. O Talibã na verdade luta para melhorar a situação de calamidade em seu país se aproximando da China e da Rússia.
Enquanto os EUA impõem a fome em mais um país miserável, o governo da Rússia estreita suas relações econômicas com o Afeganistão. O governo Putin aceitou um acordo de escambo em que os russos trocarão petróleo por uvas passas. O Ministro da Indústria e do Comércio afegão Nuriddin Azizi afirmou: “Já que a Rússia é um país amigo nós fechamos um acordo de importação do petróleo russo e outros produtos derivados. Nós planejamos importar cerca de um milhão de toneladas de gasolina e de diesel.” O Irã também fechou um acordo para importar petróleo para o Afeganistão.
O governo da China também vem estreitando relações com o Afeganistão, o emissário especial chinês para assuntos do Afeganistão,Yue Xiaoyong, afirmou: “enquanto muitos prestam uma atenção excessiva na questão da inclusividade no governo, direitos das mulheres e educação de garotas no Afeganistão, é importante destacar que lidar com essas questões não é incompatível com a reconstrução econômica. Elas seu reforçam mutuamente.” Ele também afirmou que “qualquer ajuda real ao povo afegão não se materializará se a autoridade afegã (Talibã) não for respeitada”. A posição do governo da China é uma resposta direta à propaganda do imperialismo.
Fica claro que o Talibã no quesito internacional também adota políticas populares se alinhando com os países em seu entorno, Rússia, China e Irã, que estão todos em confronto com o imperialismo. A integração com os povos vizinhos é o caminho real para o desenvolvimento do país, um governo dominado pelos EUA em contradição com todos os países fronteiriços era mais uma das contradições impostas após a invasão de 2001.
Para concluir a vitória do Talibã garantiu o direito mais básico ao povo afegão, o direito a sua autodeterminação. A libertação de qualquer setor oprimido dentro do país só poderá vir primeiro se a nação como todo não estiver sendo oprimida por uma potência estrangeira. Não só isso como na luta contra o imperialismo para de fato obter a vitória é preciso mobilizar todos os setores oprimidos da sociedade. O Talibã ao bater de frente com o imperialismo é uma das forças mais progressistas de todo o planeta.




