Os ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) anunciaram que vão agir contra o que chamam de “disseminação de ‘fake news’ contra as eleições e a urna eletrônica”.
Segundo anuncia a Folha de S. Paulo, para que essa investigação avance, o TSE deve, inclusive, “quebrar sigilos telefônicos e fiscais de envolvidos com a divulgação das notícias falsas ─ inclusive de auxiliares próximos ao presidente Jair Bolsonaro”.
Nitidamente, está em jogo duas questões muito importantes. A primeira delas, mais imediata, é a campanha da burguesia contra Bolsonaro. Uma campanha eleitoral com vistas ao desgaste de Bolsonaro visando à candidatura da chamada “terceira via”. Mas também uma manobra, embora a longo prazo e bem complexa, para uma possível impugnação de Bolsonaro para as próximas eleições, abrindo o caminho também para a “terceira via” direitista ─ embora essa impugnação seja muito improvável neste momento.
De outro lado, a ação do TSE é mais um capítulo da ditadura dos tribunais. Não se trata aqui de saber o que querem os bolsonaristas ao criticarem o TSE e as eleições. Trata-se simplesmente do direito de qualquer cidadão de criticar o que bem entender e a ação contra Bolsonaro pode muito bem – e com certeza será assim – se voltar contra a esquerda ou um cidadão comum que critique a eleição do modo como é conduzida.
A verdade é que o TSE, assim como os demais tribunais superiores – principalmente o STF -, é uma instituição antidemocrática e ditatorial. Sequer deveria existir.
O Tribunal é um órgão eleito por ninguém que tem o poder de interferir nas eleições. Ou seja, é uma instituição que interfere de fora nas eleições; isso por si só é antidemocrático. Uma eleição verdadeiramente democrática só pode ser controlada pelo povo, por instituições controladas pelas organizações populares e os partidos que participam do pleito.
O que está a caminho é uma nova fraude eleitoral. O TSE foi essencial para a fraude que deu a vitória para Bolsonaro em 2018, impugnando ilegalmente a candidatura de Lula.
Sob a cobertura de que está atuando contra Bolsonaro, o TSE está preparando um novo golpe contra o povo brasileiro. Esse golpe, entre outras coisas, passa por excluir da eleição os dois candidatos que têm alguma base eleitoral. Em primeiro lugar o próprio Lula, disparadamente o candidato mais popular do País; em segundo lugar, Bolsonaro, que mantém sua base de extrema-direita que, embora seja minoritária, é maior que a nulidade eleitoral dos candidatos à “terceira via”.
Para enganar os incautos, o TSE se apresenta como Deus. O Judiciário seria a representação divina na Terra, portanto, critica-lo seria um pecado digno de punição severa.
Por sua vez, as eleições seriam o ente mais sagrado que existe na Terra e criticá-las também seria passível de punição. É como se no Brasil nunca tivesse existido fraude.
A esquerda pequeno-burguesa acredita em tudo isso. Acredita na santidade do TSE e das eleições e na pureza das urnas eletrônicas. Tão santas e tão puras que não se pode sequer criticá-las!
Por isso, essa esquerda apoia todas as ações antidemocráticas, a pretexto de serem supostamente contra Bolsonaro.
Há quem goste de fazer papel de trouxa, esse é o caso de boa parte da esquerda pequeno-burguesa. Ela está apoiando uma política ditatorial cujo maior prejudicado será a própria esquerda. Eis o problema de não ter uma política própria e seguir o que dizem os jornais burgueses, a direita golpistas e as sagradas instituições da burguesia.
Com essa posição, a esquerda abandona o princípio básico da luta democrática e se entrega para o controle dos golpistas, esses que colocaram Bolsonaro na presidência. A esquerda deixa o caminho livre para uma nova fraude eleitoral, cujo TSE é instrumento essencial.
A única política correta é a defesa da extinção do TSE e do controle das eleições pelo povo.