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Fábio Picchi

Militante do Partido da Causa Operária (PCO). Membro do Blog Internacionalismo e do Coletivo de Tecnologia do Partido da Causa Operária. Programador.

Bilionários para sempre

Se existir vida eterna, será só para quem tem foguete na garagem

Enquanto milhões morrem como moscas, por doenças comuns, dono da Amazon já almeja viver para sempre

Talvez a notícia já seja um pouco velha, mas ao longo da última semana veio ao conhecimento deste colunista o fato de que Jeff Bezos, também conhecido como o homem mais rico do planeta, investiu possivelmente centenas de milhões de dólares na Altos Labs. A empresa misteriosa foi registrada nos EUA e no Reino Unido no início deste ano e, sem nem sequer sabermos exatamente o que ela promete, tem previsão de estabelecer diversos institutos de pesquisa nesses dois países e até mesmo no Japão.

A área de atuação da Altos Labs é a “reprogramação biológica”. Não entendo muito do assunto, mas pelo que diz a imprensa, trata-se de uma técnica para reverter o processo de envelhecimento das células que compõem o nosso corpo, rejuvenescendo quem quer que passe pelo procedimento. Os primeiros experimentos bem-sucedidos com essa tecnologia renderam o prêmio Nobel à Shinya Yamanaka, cientista que descobriu a tal “reprogramação”. Yamanaka fará parte do conselho da Altos e a empresa deve contar com um time de cientistas com “salários de atleta de luxo”, na casa de US$1 milhão por ano.

Apesar do grande investimento, o conceito está longe de ser aplicável em seres humanos, mas atrai muitos bilionários como Bezos. Além de possuírem uma obsessão inusitada com viagens espaciais, esses seres esquisitos parecem ter um grande interesse em driblar uma das poucas coisas que os fazem lembrar de que também são seres humanos como nós: a morte. Digo bilionários porque vários “visionários” do Vale do Silício estão muito interessados em estender suas vidas.

O próprio Bezos já havia investido numa empresa chamada Unity Biotechnology em 2018. Em 2013, os fundadores do Google, Sergey Brin e Larry Page, patrocinaram uma iniciativa parecida com a da Altos Labs, também na área de reprogramação biológica, chamada Calico Labs. O recluso fundador do Paypal e atual dono da Palantir, Peter Thiel, também colocou sua aposta na tecnologia ainda incerta. Isso apenas para citar alguns exemplos.

Os donos dos grandes monopólios de tecnologia sonham, assim como antigos monarcas, com a vida eterna. Acham que com suas riquezas infindáveis, podem impedir (ou ao menos, desacelerar) o processo mais elementar da natureza.

Ao menos, ao contrário voos de foguetes, essa suposta “cura” milagrosa para o envelhecimento tem o potencial de ser de grande proveito para a humanidade. É preciso, porém, ver se a tecnologia vai além da produção de cânceres em pequenos camundongos.

No mês de setembro, pudemos acompanhar o desenvolvimento do caso de Elizabeth Holmes, uma “startupeira” do ramo da saúde que comandava a Theranos, empresa que prometia exames médicos detalhados sem a necessidade de uma agulha sequer. A tecnologia chegou a ser promovida pelo governo norte-americano em 2014 através do então vice-presidente Joe Biden, mas revelou-se uma fraude completa e, agora, sua fundadora corre o risco de ficar presa por 10 anos. Milhares de pessoas tiveram o diagnóstico de suas doenças comprometido por conta dessa “visionária”.

O mercado financeiro, porém, não se importa com a viabilidade material de certas ideias. A especulação frenética, até mesmo na área da saúde, está há um bom tempo descolada do mundo real. Bilionários têm interesse em prolongarem suas vidas, mas não são tão inocentes assim. Eles têm muito interesse em faturar ainda mais bilhões com a possibilidade de que tenham investido no soro milagroso da vida eterna, pois apenas essa possibilidade já vale muito num mercado (des)governado por especulações.

Caso o meu ceticismo seja infundado e essa tecnologia tenha realmente futuro, é certo que ela será, enquanto vigorar o sistema capitalista, apenas para aqueles que tiverem foguetes estacionados em suas garagens. A maioria da população mundial ainda não tem acesso a tratamentos médicos conhecidos desde o início do século XX. Agora mesmo, em plena pandemia, numa situação que seria crítica a distribuição de vacinas pelo mundo todo, a concentração dos fármacos em países ricos – que as armazenam em grandes quantidades até que estraguem! – deixa evidente o que aconteceria com um medicamento que impede o envelhecimento.

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