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Rui no DCM

Rui Pimenta: “Doria pode ser o candidato principal da burguesia”

No Café da Manhã do DCM, Rui comentou sobre a situação política brasileira, principalmente sobre as manifestações e o futuro do movimento.

Em mais um programa Café da Manhã na TV DCM, o presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, analisou os principais acontecimentos da semana e os assuntos mais importantes da política nacional e internacional. Comandado por Leandro Fortes e com mediação de Sara Goes, o programa vai ao ar toda sexta-feita e o companheiro Rui entra por volta das 9h30.

No programa desta sexta-feira (30) o assunto que dominou a discussão foi a mobilização ocorrida no último dia 24/07, mas também as recentes declarações de Bolsonaro e as articulações políticas da burguesia para as próximas eleições presidenciais em 2022.

Situação de Bolsonaro

Bolsonaro ainda está numa situação favorável. A CPI provocou apenas um certo prejuízo eleitoral, assim como as manifestações, mas até agora não ocorreu nada grave. Os militares e o centrão estão com ele e a questão do voto impresso é uma preparação para a campanha eleitoral de 2022, segundo Rui. “É um eixo de propaganda política dele que é muito útil porque já instiga uma parte do eleitorado a desconfiar da eleição, de que ele estaria sendo roubado. Já cria um clima favorável a ele.”

Voto impresso

Na opinião de Rui, a resistência da esquerda à proposta bolsonarista de voto impresso joga água no moinho do bolsonarismo. Trata-se de uma reivindicação elementar, não é trocar o voto eletrônico pelo papel, mas simplesmente dar lisura ao processo, aumentando a possibilidade de conferir as votações ao ter não somente os computadores, como também as cédulas para possíveis recontagens. Isso é algo que torna tudo mais democrático, é o formato da eleição na Venezuela, por exemplo. “A negativa disso é muito ruim porque dá a impressão de que o pessoal está se preparando mesmo para roubar a eleição. (…) A intervenção do [ministro do STF] Barroso ontem me pareceu ridícula falando da democracia como se a impressão do voto fosse um atentado contra a democracia”, analisou.

Sem dúvida essa política de apoio ao voto impresso da parte de Bolsonaro é uma política de intimidação. “Ele já começa a eleição falando: ‘vocês vão roubar a eleição'”, opina Rui, que continua: “O ponto fraco dos adversários é que a reivindicação dele, tirando as más intenções, objetivamente é uma reivindicação legítima, você não teria porque negar isso e à medida que o pessoal nega energicamente isso começa a dar a impressão de que eles vão fraudar a eleição mesmo. Porque é uma coisa elementar, qual seria o problema de você ter o voto em urna? O Barroso ontem ele parecia que estava numa missa: ‘imagine ter que contar voto a voto’, mas todo mundo faz isso. Se tiver que contar, conte, qual o problema? Parecia que o mundo ia acabar se você tivesse que contar os votos. Então lança uma suspeita sobre o sistema eleitoral e isso é um elemento de mobilização da base bolsonarista”.

Desenho eleitoral

A vacinação caminha, mesmo que lentamente, a situação econômica para a burguesia melhora um pouco e a oposição a Bolsonaro é “sem rumo”, segundo o presidente do PCO. Rui desenha qual é a jogada da burguesia para a situação política atual: “O PT é rejeitado por toda a burguesia universalmente. É muito claro isso. O editorial do Estadão, que fala do castrismo de Lula, mostra que a coisa está ficando cada vez mais pesada e nós não estamos nem perto da eleição. E o centro ainda está patinando. Está se descortinando a possibilidade de que João Doria seja o candidato principal do centro. Ele está se articulando muito (…) e eu creio que a jogada secreta do centro seja o próprio João Doria, mas até o momento nada disso é muito firme”.

Uma possibilidade da burguesia, segundo o analista, é também a retirada de Bolsonaro da disputa, manobra que se mostra muito difícil do ponto de vista institucional, nenhuma grande novidade apesar da crença de grande parte da esquerda no impeachment. Outra possibilidade que a burguesia tem é impedir Lula de concorrer, neste caso, teríamos o candidato da “democracia” contra o candidato do “fascismo”. “Pode parecer até incrível, mas seria uma jogada muito boa essa. Então, a burguesia trabalha com muitas possibilidades. Outra possibilidade que acho que eles estão trabalhando é que o voto tanto do Bolsonaro quanto do Lula seja reduzido de tal forma que se crie um patamar muito baixo para a ida ao segundo turno. E no segundo turno, tendo um candidato do centro, por exemplo, o João Doria, [disputando] com o Lula, ele vai unificar toda a burguesia contra o Lula, inclusive a extrema direita bolsonarista. Se tiver Doria contra Bolsonaro, ele vai conseguir o voto útil da esquerda, porque a esquerda bestamente vai votar nele contra o Bolsonaro, o que é uma armadilha política muito forte”.

Atos de 24 de julho

O jornalista e dirigente político analisa que as mobilizações diminuíram em alguns lugares e aumentaram em outros. Em São Paulo, o tamanho foi parecido ao do ato anterior. Em Recife e na Bahia aumentaram, no Rio e no Distrito Federal, diminuíram. “Não há exatamente uma tendência a um refluxo das manifestações. O número de manifestações aumentou bastante”, analisou Rui.

“A minha preocupação é com as pessoas que estão na direção do movimento que começaram a dar declarações à imprensa de que a manifestação está cansando e coisas do gênero. O que é uma atitude muito negativa, estão dando essas declarações diretamente à imprensa capitalista. A Folha de São Paulo se tornou porta-voz de uma ala do movimento, justamente a Folha de São Paulo”, disse.

Graças à omissão do PT e da CUT, um pessoal desqualificado tomou conta da organização por meio de entidades, algumas reais e outras fictícias, e deixou tudo muito bagunçado. Esse é um fato que contribui para o não crescimento dos atos. Outro fator fundamental que puxa para baixo o movimento é a falta de agitação e propaganda nas periferias e nos locais de trabalho.

“O último ato foi uma bagunça total. Os partidos, por exemplo, não falaram no ato principal, não sei como é possível isso. Aí colocaram um monte de gente para falar sobre a questão da mulher negra porque o dia seguinte era o dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. Tudo bem, viva a mulher negra. Mas o ato público não pode ser assim, o ato público tem que ter gente que apresenta para a massa uma orientação política sobre o que está acontecendo no país. Esses atos são quase um espetáculo circense. Eu acho que isso também desanima um pouco”, concluiu Rui.

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