O banco central da Alemanha anunciou que a inflação no país atingirá o maior valor desde 1951, quando ainda se sentiam os impactos da segunda guerra mundial no país. A principal causa da crise são as sanções impostas contra a Rússia, que estão tendo um efeito devastador na Europa. O recém-eleito governo Scholz adentrou uma crise que talvez não consiga escapar, o governo maior economia do continente pode ser o próximo a ser derrubado por Putin.
De acordo com o presidente do banco central, o principal motivo para o aumento da inflação, que atingiu 8,5% no último mês, é o aumento do preço do gás natural, gerado pela guerra econômica do imperialismo contra a Rússia. O resultado foi que na Alemanha os preços da eletricidade se multiplicaram por 7 desde o ano passado, o que está gerando uma crise gigantesca até mesmo no setor industrial. A economia alemã estagnou, o FMI reduziu em 1,9%, para 0,8%, o crescimento econômico do país, a maior redução de toda a Europa.
A crise da indústria alemã é grande que já se fala em desindustrialização, a crise energética já atingiu os setores de produção de automóveis, químico e da siderurgia. O governo desesperado pediu aos cidadãos para utilizarem menos energias enquanto reinveste nas usinas termoelétricas de carvão. Enquanto isso se aproxima o inverno, quando a população fica completamente à mercê do gás para se aquecer, e a OTAN segue atacando os russos na Ucrânia, o que indica que a crise não irá embora a tempo.
A crise política na Europa é gigantesca, dois dos principais países do continente, a Inglaterra e a Itália, tiveram seus governos derrubados pela crise e agora em uma situação de impasse total. A popularidade da extrema direita cresce pois ela é a única que se apresenta como alternativa aos partidos políticos tradicionais que controlam todos os países há décadas e que estão por trás das políticas desastrosas como a de financiar a guerra na Ucrânia e aplicar sanções na Rússia.
Scholz é membro do Partido Social Democrata, o mais tradicional da esquerda alemã, mas que está totalmente integrado à política do imperialismo.
Na Inglaterra o quadro é parecido com o da Alemanha, lá a inflação já atingiu 10% e o prefeito de londres afirmou que um quadro assim nunca foi visto antes “estamos nos aproximando de um inverno em que para milhões não existirá a escolha entre comer ou se aquecer mas que tragicamente não conseguirão pagar nenhum dos dois”. De fato é um quadro que não se vê na Europa desde antes da segunda guerra mundial, momento de grandes mobilizações da classe operária, tendência que já vem se mostrando atualmente.
A imprensa da Reuters divulgou pesquisas que mostram que em todos os espectros políticos a maioria dos alemães considera que será necessário realizar manifestações de rua. Metade dos eleitores do partido de direita FDP, 60% dos da Esquerda e 72% da AfD, extrema direita, segundo este estudo, consideram os protestos contra o aumento dos preços de energia necessários. Já se começa a falar em wutwinter, inverno da raiva em alemão. O chanceler alemão foi vaiado em uma visita que realizava em Brandemburgo na última quarta-feira por manifestantes tanto de esquerda quanto de extrema direita.
O caso da Alemanha revela o tamanho da crise do imperialismo, ao tentar manter seu domínio mundial com a guerra contra a Rússia o esforço necessário amplia a crise que existe dentro desses países, que já é gigantesca. O que vem se formando é uma oposição cada vez mais forte à classe operária de todo o planeta, inclusive a dos países imperialistas contra a própria burguesia imperialista, que com sua política neoliberal jogou a esmagadora maioria da população mundial na miséria. Isso revela o motivo do grande apoio à Rússia por trabalhadores de todo o mundo.
Enquanto os partidos tradicionais vão perdendo cada vez mais popularidade isso gera uma polarização política que aumenta a força dos extremos. A extrema direita cresce muito na Europa, em todos os principais países imperialistas há partidos fortes que podem assumir o governo no futuro próximo. Contudo não é uma extrema apoiada pelo principal setor da burguesia, que segue apoiando os partidos a direita tradicional, e por esse mesmo motivo é uma extrema direita que consegue angariar apoio de um amplo setor da classe operária.
Na Alemanha, bem como em toda a Europa e nos EUA, a esquerda ainda não teve a capacidade de organizar um partido que de fato rache com a política do imperialismo e angarie o apoio da classe operária por ser uma alternativa real à crise do capitalismo. Esse é também um dos fatores do crescimento da extrema direita, não há outra alternativa aos que dominam o regime político. Nesse sentido a crise na Europa tende só a aumentar visto que a extrema direita também não apresenta uma solução, apenas com a mobilização da classe operária e a formação de uma vanguarda o imperialismo decadente será superado.