O cenário político ainda é um demonstrativo de crise no interior da burguesia. A direita ainda não definiu completamente o seu candidato e vem ventilando novos nomes com o passar do tempo. O principal favorito, durante a maior parte do tempo, foi João Doria, governador de São Paulo, uma das principais figuras do PSDB atualmente. Nas prévias do PSDB, realizadas no final do ano passado, Doria acabou vencendo Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, com uma votação apertada, o que já denotava a disputa de nomes para o pleito presidencial.
No momento atual, a chapa que está sendo proposta é entre Simone Tebet, do MDB, e Eduardo Leite, para presidente e vice, respectivamente. No final das contas, o plano verdadeiro é preparar a chapa com Leite na presidência e Tebet como vice. Contudo, não há uma pressa por parte da burguesia para definir seus candidatos.
Isso se dá porque os candidatos da burguesia são facilmente desgastados com o passar do tempo. O que a burguesia quer é uma campanha eleitoral curta e morna. Se a disputa já estivesse começando agora, as intenções de voto do candidato da direita iriam diminuir até o dia da eleição.
A estratégia é a de postergar essa candidatura até o momento final, para não haver tempo de desgaste. Numa campanha mais curta, o setor mais organizado e com mais dinheiro vai ter muito mais eficiência. No caso dos candidatos da direita, eles possuem muito mais facilidade. Em uma campanha de dez dias, por exemplo, um candidato da direita consegue fazer muito mais do que qualquer candidato da esquerda. Além disso, a direita conta com uma campanha que vai além do horário eleitoral, através dos seus órgãos de imprensa. A Globo, a Folha, o Estadão fazem a campanha eleitoral durante todo o ano, o dia inteiro. Em termos técnicos, não há como competir se levarmos esses parâmetros em consideração.
Para isso dar certo, a direita se apoia também na paralisação da esquerda, que até agora mantém silêncio sobre a disputa eleitoral e, mais especificamente, no apoio a Lula. Os setores da esquerda que não se decidem por apoiar a candidatura de Lula estão, na verdade, sabotando sua candidatura e criando uma abertura estratosférica para a direita ganhar as eleições.
A propaganda eleitoral da direita também inclui atacar Lula diariamente nos seus veículos. Esse é o tipo de campanha suja que a burguesia faz durante as eleições. Lula só aparece na imprensa para ser criticado e caluniado, não há tempo para propaganda positiva. A direita conta com esse mecanismo a seu favor.
Por isso a necessidade de se fazer essa campanha relâmpago. Porque dá pra contar com todo o aparato da imprensa golpista para defender os candidatos da direita e lançá-los de última hora, sem tempo para serem enfraquecidos. Com os recursos que a burguesia tem, isso fica ainda mais facilitado.
Se a esquerda se mantiver nessa oposição a apoiar integralmente a candidatura de Lula, a vitória eleitoral estará cada vez mais distante. Já é possível notar que, apesar da popularidade massiva e absurda de Lula, a própria esquerda já não crê que ele ganhe no primeiro turno, o que antes era uma unanimidade. E de fato é assim, porque a direita trabalhará ativamente para fraudar essa eleição e impedir que Lula seja eleito.
É necessário impulsionar a campanha de Lula o quanto antes. A direita já tem seus planos e, sem o trabalho da esquerda, esses planos tem um potencial de sucesso muito considerável. Precisamos organizar comitês de luta, iniciativas que levem a campanha por “Lula presidente” para todos os cantos do país, para derrotarmos a burguesia e a direita golpista!