O Sistema Cantareira pode chegar a 17% de sua capacidade em abril de 2022. É o que indica a última projeção do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Segundo a pesquisadora e hidróloga do Cemaden, Adriana Cuartas, “a gente tem de ficar preocupado e de olho. As pessoas têm medo de olhar para isso, mas estamos vivendo tempos de mudanças climáticas. Outubro choveu acima da média, mas novembro está seco. É uma época de extremos. O clima está muito instável e as pessoas têm de ter consciência disso”.
A pesquisadora informou que o quadro poderá ocorrer caso o volume de chuvas chegue a 50% abaixo da média.
DESCASO E PRIVATIZAÇÃO
É preciso rechaçar veementemente o eterno argumento da falta de chuvas.
Devemos exigir a reestatização da Sabesp e o uso dos seus lucros para investimentos em novas fontes de captação da água e novos investimentos na rede de distribuição que hoje perde cerca de 40% da água pelo caminho. É normal que existam períodos chuvosos e de estiagem. Um sistema de abastecimento que se preze, no entanto, deve ser capaz de armazenar água nos reservatórios nos períodos chuvosos para atravessar os momentos de estiagem.
A Sabesp deveria ter expandido o sistema de captação de águas, mas a privatização da empresa faz com que os enormes lucros não sejam investidos na ampliação dos sistemas, mas repassados aos acionistas da Bolsa de Nova Iorque, nos EUA. A crise no abastecimento não é natural, é a consequência da privatização da Sabesp. O funcionamento da empresa hoje não está a serviço da população. Está destinado para a geração de lucro a seus acionistas.
E como se a abertura do capital já não tivesse deixado a Sabesp neste estado de incompetência, o governador João Doria pretende ainda na sua gestão privatizar a empresa inteira. Recentemente, o deputado federal golpista Rodrigo Maia foi empossado como secretário de Projetos e Ações Estratégicas de São Paulo justamente com a missão de levar a cabo a privatização completa da empresa.