Na última terça-feira (22), a polícia fascista do estado do Rio de Janeiro realizou mais uma chacina, pouco mais de 6 meses depois do massacre no Jacarezinho. A “operação policial” deixou mais de 20 mortos no complexo do Salgueiro no município de São Gonçalo. Agora, um levantamento da UFF revela mais um nível da ilegalidade nas atividades da Polícia Militar: além de servir como um esquadrão da morte institucional, em quase metade das operações, a PM descumpriu uma decisão do STF de realizar um comunicado ao MP antes de iniciar a ação. A milícia fascista não respeita nem mesmo um dos órgãos mais reacionários do país, o próprio STF.
O período estudado foi entre junho e novembro de 2020, logo após o STF definir que seria proibido a PM tomar a iniciativa de invadir as favelas do Rio de Janeiro durante o período de pandemia. A decisão começou sendo descumprida no dia seguinte, em que centenas de policiais invadiram o Complexo do Alemão, uma das maiores favelas da cidade. Neste período, a taxa de notificação para o MP foi de 21,1% para a PM e de 91,1% para a polícia civil, aquela responsável pelo assassinato de 28 pessoas em um dia no Jacarezinho. Os dados deixam claro que não existe distinção real entre os órgãos de repressão, seja a polícia civil, militar, federal, todos são forças de assassinato da classe operária.
Os demais dados da pesquisa são estarrecedores. No período entre 2007-2021, 1 em cada 5 homicídios foi realizado pela PMERJ. Já nos primeiros oito meses de 2021, as forças policiais responderam por 37% do total dos homicídios. É um absurdo. No fim das contas, o que diminuiria a “criminalidade” do Estado seria a própria extinção da polícia, que cessaria mais de 1/3 dos homicídios. É uma gangue de 44 mil fascistas com armamento leve e pesado, todos voltados para reprimir violentamente os trabalhadores, desrespeitando qualquer resquício de lei democrática que ainda existe no País.
O caso também revela a inutilidade completa do STF como órgão de defesa dos direitos da população, quando está em questão a derrubada de um governo eleito e o impedimento de uma eleição democrática, como houve em 2016 e 2018 com Lula e Dilma Rousseff, o tribunal golpista age fervorosamente. Já quando a questão é impedir que o Estado assassine os trabalhadores a sangue frio não só quase nada é feito como as decisões não são levadas a sério por ninguém, nem pela polícia, nem pelo próprio STF.
Diante da situação em que chegou a polícia no Rio de Janeiro e em todo o Brasil, está mais do que claro que ela precisa ser totalmente dissolvida. A classe operária deve ter tanto o direito de se armar como deve organizar os comitês de autodefesa e da sua própria segurança.