Em menos de um mês, de posições radicais contra a Copa América no Brasil, vindas da Rede Globo de televisão e de setores da esquerda pequeno burguesa, que mais uma vez, entraram na velha política golpista do “Não vai ter Copa” e de ataques à seleção brasileira, passamos ao “maior espetáculo do mundo”, as Olimpíadas de Tóquio. Com efusivos aplausos da esquerda até mesmo à superação dos atletas e a uma suposta visão crítica de outros, sequer vemos a crítica da pandemia. Ela acabou? Os japoneses, dizem que não.
O argumento apresentados por eles durante a Copa América, de que o torneio continental de futebol seria um multiplicador do vírus, que iria agravar a pandemia, foi trendtopics, nas redes sociais. Mas, agora que ocorrem as Olimpíadas com um contingente muito maior de pessoas, de mais de 205 nacionalidades diferentes (inclusive já havendo vários casos de contaminados), enquanto a Copa América tinha dez nações disputando o torneio, não há nenhum problema, não há nenhum “não vai ter Olímpiadas”.
Mais uma vez, se mostra claramente que a Rede Globo de Televisão é a “vanguarda” do pensamento da esquerda de classe média. Enquanto por parte da direita tradicional, aquela que sonha com a “terceira via”, a Copa América era uma oportunidade para sua campanha eleitoral contra Bolsonaro, fato comprovado pelas centenas de artigos, comentários e vídeos de jornalistas da Globo e da imprensa golpista contra a Copa América, buscando diminuir o ganho político que Bolsonaro poderia ter ao trazer o evento, agora nenhuma linha. Há tempos a rede Globo se transformou, para setores da esquerda pequeno-burguesa, num exemplo de como tratar o esporte, o futebol e a pandemia. Qual a razão de uma mudança de 180° em sua propaganda contra um evento e a favor de outro? A única mudança é que a Rede globo é a detentora dos direitos de transmissão dos jogos e está lucrando muito com isso.
A esquerda pequeno-burguesa, que não pensa politicamente, se coloca novamente e vergonhosamente a reboque de uma campanha que está sendo levada pela direita, em particular a rede Globo. Enquanto durante a Copa américa, havia uma enxurrada de elogios da esquerda a um vídeo do narrador da rede Globo, Luís Roberto, criticando a Copa América, agora todos se confraternizam amparados pelos 5 anéis olímpicos.
O país continua com seus milhares de ônibus lotados, metrôs cheios, com gente espirrando e tossindo por 40 minutos seguidos, uma frente fria que se aproxima do país e pode matar centenas de moradores de rua, as pessoas na rua passando fome, milhões de desempregados, falta de vacina, falta de teste, falta (até hoje) de máscaras gratuitas, ausência de testes em massa, enfim, um descaso completo. Mas, agora um mês depois parece que na parte que lhe toca, as olimpíadas começaram e vão muito bem, sim senhor. Nenhuma crítica, ou rebeldia, quanto a, por exemplo, fazer campanha contra as olimpíadas na Globo, enquanto o povo morre e passa fome no país.
É preciso ter absolutamente claro que a desgraça que assola o País, tanto Bolsonaro quanto os quase meio milhão de mortos tem a rubrica da quase totalidade dos que se colocaram contra a realização da Copa América pelo Brasil, de direita e de esquerda.