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Eduardo Vasco

Militante do PCO e jornalista. Materiais publicados em dezenas de sites, jornais, rádios e TVs do Brasil e do exterior. Editor e colunista do Diário Causa Operária.

Não à agressão imperialista!

O Irã oprime as mulheres, mas uma ação dos EUA as oprimiria muito mais

Se os EUA atacassem o Irã, quem morreria seriam as massas iranianas, dentre elas as mulheres, principalmente

Por Eduardo Vasco

Aqueles que tomam o partido do imperialismo norte-americano em sua agressão criminosa contra o Irã porque o país persa oprimiria as mulheres estão, na prática, apoiando o que seria uma opressão extremamente maior contra as mulheres iranianas.

Todo o país capitalista oprime as mulheres. É natural do capitalismo, uma vez que a revolução burguesa não deu as condições para as mulheres se libertarem, o que demonstra os limites até mesmo do capitalismo democrático de suas origens. Se essa libertação já não foi alcançada na fase democrática do capitalismo, no capitalismo ditatorial, ou seja, na fase imperialista desse sistema, tal necessidade é simplesmente impossível.

A sociedade iraniana tem curiosas contradições no que tange aos direitos da mulher. Se, por um lado, as mulheres não podem assistir a jogos de futebol ou são condenadas à morte por apedrejamento quando cometem adultério, por outro elas têm maior índice de escolaridade que os homens e são maioria entre os professores, pesquisadores e cientistas.

Essa é uma contradição clara entre a velha sociedade que morreu com a queda da ditadura do Xá Reza Palevi em 1979 pela revolução popular e a nova sociedade que nasceu dessa revolução. Erra quem chama tal revolução de Revolução Islâmica – como é conhecida no senso comum. Ela pode ter sido liderada publicamente e o poder pode ter sido assumido pelos aiatolás, mas só foi possível pela mobilização revolucionária da classe operária iraniana, a maior do Oriente Médio. Esse processo foi menos uma revolução islâmica do que uma revolução proletária, embora o poder não tenha sido tomado pelos operários – que, pelo contrário, viram sua vanguarda ser brutalmente reprimida pelas forças reacionárias dos religiosos.

Entretanto, permanecem muitos vestígios da velha sociedade iraniana, como as leis que punem severamente mulheres e homossexuais, via de regra baseadas na interpretação das crenças muçulmanas.

Mas, o que aconteceria se os Estados Unidos, esse baluarte da democracia e dos direitos humanos, defensor do direito das minorias, atacasse o Irã? Os drones e aviões norte-americanos despejariam sua ajuda humanitária em formato de bombas e mísseis sobre a cabeça de quem? Apenas dos aiatolás e da burocracia estatal? A resposta é óbvia. Quem morreria seriam as massas iranianas, dentre elas as mulheres, principalmente. É justamente isso o que acontece na Síria, porque, apesar de ser escondido pela imprensa imperialista e suas sucursais brasileiras, os Estados Unidos e a coalizão internacional que eles lideram bombardeiam o país árabe quase todas as semanas, matando dezenas de pessoas em cada ataque, a maioria civis e dentre eles uma parcela significativa de mulheres.

Durante a invasão e consequente ocupação norte-americana do Iraque, as maiores barbaridades foram cometidas pelas tropas dos EUA contra as mulheres iraquianas. Estupros eram mais do que comuns, além de execuções delas e de seus filhos pequenos, torturas e desaparecimentos. Muitas delas devem ter achado o ex-presidente Saddam Hussein um santo e feminista perto dos soldados norte-americanos.

Se essas pessoas no Ocidente realmente se preocupam com as mulheres iranianas, principalmente a esquerda, então deveriam estar do lado do governo iraniano na luta contra o imperialismo. Porque a maioria das mulheres iranianas, assim como a maioria daquele povo, está ao lado do governo. Logicamente, porque entendem que é melhor ser oprimido pelo regime dos aiatolás do que pela ditadura imposta pelo imperialismo em qualquer país que ele domina.

Mas, obviamente, não devemos nos limitar a preferir uma opressão menor do que uma maior. O caminho para a libertação das mulheres iranianas passa, necessariamente, pela libertação de toda a nação persa do jugo imperialista – que, mesmo que não diretamente pela força militar e política, oprime esse país por outros meios, especialmente o econômico.

A luta de libertação nacional contra o imperialismo certamente fortalece a classe operária e as massas populares iranianas, até porque o Irã tem uma vantagem em relação aos outros países da região: é o mais industrializado, de economia mais desenvolvida organicamente e, por consequência, com o proletariado mais avançado – em boa parte graças à revolução de 1979.

Libertando-se da opressão imperialista, a classe operária e as grandes massas iranianas saem fortalecidas para lutar contra o inimigo secundário, que é a burguesia nacionalista. Dentro dessas grandes massas estão as mulheres que desempenham um papel importante na economia e no desenvolvimento do Irã, visto sua representação nos ramos da educação, ciência e tecnologia, o que as capacita para frequentar a vanguarda revolucionária do operariado.

Como explicado em artigo anterior, a emancipação das mulheres, em qualquer país do mundo, depende da união dos interesses específicos da população feminina com os interesses gerais da população explorada (e não a sua subordinação, como pode-se entender erroneamente), liderados pela classe operária, que é a camada da sociedade que é o agente por excelência da revolução social no capitalismo.

Portanto, é somente derrotando o imperialismo que as mulheres iranianas terão as condições de se libertar da opressão a que são submetidas dentro de seu país – e que, ao contrário do que prega a propaganda imperialista, não é tão diferente assim da opressão que as mulheres sofrem em outros lugares do mundo. Porque a opressão da população nos países atrasados é fruto direto da opressão desses países pelo imperialismo, que os impõe condições ditatoriais a fim de roubar suas riquezas naturais e recursos econômicos, explorar sua força de trabalho para proveito dos capitalistas internacionais e, dessa maneira, esse país ou controla sua população pela força a serviço do imperialismo ou a controla para garantir a coesão da nação contra a investida imperialista.

De qualquer maneira, o maior culpado pela opressão, em maior ou menor nível, dentro dos países do mundo, é o sistema imperialista. Somente ele sendo derrubado é que os povos do mundo conseguirão se libertar.

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