Na última sexta-feira, dia 8, os jornais trouxeram a notícia de que o PT de São Paulo entrou com um pedido no Ministério Público e no Tribunal de Justiça para que o governo do PSDB de João Doria, no estado, e de Bruno Covas, na capital, decretem o “lockdown” na grande São Paulo.
Desde o início da pandemia de coronavírus, a esquerda pequeno-burguesa tem se colocado a reboque da direita nacional no que diz respeito à defesa da quarentena. Antes de qualquer coisa, é preciso explicar que essa política, levada adiante pelos governadores e que foi colocada em oposição a Bolsonaro, na realidade não tinha, por si só, nenhum objetivo real de combate à pandemia. A quarentena era apenas uma medida para deixar as pessoas – que podem – em casa para organizar o caos que a epidemia está produzindo. Nada de uma política efetiva de testes, abertura de leitos e hospitais, compra de equipamentos como respiradores etc.
A quarentena e o isolamento social só podem ser uma política séria se vierem acompanhados por medidas efetivas de combate ao vírus. Por isso, a esquerda pequeno-burguesa ficou a reboque dessa direita quando colocou como proposta central a quarentena, transformada pela palavra de ordem “fique em casa”, e deixou em segundo plano o mais importante.
No fundamental, tanto a direita como a esquerda jogam para o povo a responsabilidade de combater a pandemia. Fica claro que se prepara, com base nisso, um pretexto para reprimir a população. A decretação do “lockdown”, que é o fechamento total e forçado das cidades, é um aprofundamento dessa política.
Os governos direitistas vão agora aumentar a repressão, atacar os direitos democráticos do povo a pretexto de combater o coronavírus. Não há agora, como não havia antes, nenhuma política sanitária efetiva.
A esquerda pequeno-burguesa, numa demonstração ainda maior da falta de uma política independente, parte para a defesa do “lockdown”. Mais grave ainda, utiliza a justiça burguesa e golpista para que ela force o governo da direita a implantar uma medida cuja principal característica é o cancelamento das liberdades democráticas do povo.
Querem com isso impedir a extrema-direita bolsonarista de realizar os atos pelo fim do isolamento social usando a Justiça bolsonarista. Uma política que se vai voltar contra a própria esquerda, o povo e suas organizações. No fim, quem realmente vai ser proibido de se manifestar será a esquerda, enquanto os bolsonaristas continuarão à vontade com a sua política.
É um abandono dos princípios básicos do que é ser de esquerda. Em primeiro lugar, porque substituem um programa tradicional exigindo que o Estado proporcione saúde, educação, condições de moradia e saneamento para o povo pela repressão pura e simples. Em segundo lugar, e mais importante, defendem que o Estado capitalista e golpista tenha total poder para suprimir as liberdades democráticas da população.
Sobre o fato de que a população pobre está sendo obrigada a trabalhar, não há nenhuma palavra da esquerda. Isso nos obriga a dizer que essa esquerda abandonou também qualquer defesa dos trabalhadores.
Antes de qualquer coisa, a esquerda deve mobilizar-se para derrubar Bolsonaro e todos os golpistas que estão preparando o genocídio do povo. Exigir uma política que dê conta efetivamente de suprir todas as necessidades do povo na crise sanitária e econômica. Para isso, o povo deve ter todos os direitos políticos garantidos.