No campo, o ano de 2021 ficou marcado pelo aumento muito grande da violência contra os integrantes da luta pela terra, a paralisia de criação de novos assentamentos da reforma agrária, demarcações de terras indígenas e quilombolas, e uma tímida retomada das ocupações de terra por todo o Brasil.
Dados preliminares da Comissão Pastoral da Terra mostram que, entre outros tipos de violência, de janeiro a novembro de 2021, foram registrados 26 assassinatos, número 30% maior em relação a todo o ano anterior, com 20 registros. Das 26 vítimas de assassinatos, foram oito indígenas, seis sem-terra, três posseiros, três quilombolas, dois assentados, dois pequenos proprietários e duas quebradeiras de coco babaçu.
A criação de novos assentamentos da reforma agrária, demarcação de terras indígenas e quilombolas também está paralisada e nada foi realizado este ano.
Nesse cenário, a previsão para 2022 é um agravamento da crise política e da violência da direita devido as eleições e uma possível vitória de Lula. Essa possibilidade abre um novo leque de ataques da direita para impedir a candidatura de Lula e sua possível vitória, acirrando ainda mais o processo politico e tendo de usar ainda mais violência, em particular no campo, onde a crise é ainda maior.
Para reverter esse quadro político e enfrentar a ofensiva da direita é preciso aproveitar a mobilização e o interesse causado pelas eleições e entrar de cabeça na campanha eleitoral de Lula, que mobiliza grande parte da população e a maior parte da classe operária e de trabalhadores do campo no país e realizar uma campanha de massas, mobilizando a base dos movimentos socias no campo.
Essa mobilização deve envolver todo tipo de luta popular que mobilize e coloque as reivindicações dos trabalhadores e oprimidos em pauta. A mais significante em relação a luta pela terra são as ocupações de terras realizadas pelos trabalhadores sem terra e as retomadas, como chamam os indígenas que estão na luta pela demarcação de suas terras.
Essa luta se opõe frontalmente ao que chamam de “luta” simbólica, com atos que não tem nenhuma luta ou significância, apoio de países imperialistas que financiam mineradoras e o latifúndio no campo (como organizações não-governamentais, como a Fundação Ford, Open Society, CIA e NED, ligadas ao imperialismo e que possuem reivindicações que passam longe das reivindicações populares. Essa em especial aos povos indígenas, pois o imperialismo usa um grupo seleto dos indígenas para pautar reivindicações que não são dos indígenas, como “regulação” do clima.
Os principais movimentos de luta pela terra, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Liga dos Camponeses Pobres (LCP) e Frente Nacional de Lutas (FNL) devem lançar uma ofensiva contra o latifúndio e o governo Bolsonaro e organizar um plano de retomada em grande escala das ocupações no campo. Milhares de ocupações de terras com centenas de milhares que pessoas que buscam um pedaço de terra para trabalhar e condições para produzir alimentos e matérias primas para a população brasileira.
É preciso acuar o latifúndio e os pistoleiros que andam cada vez mais armados no campo e fazem o que querem com os trabalhadores rurais devido a política de recuo da luta realizada por suas direções e a realização de ações de caridade e distribuição de alimentos, visto que a grande maioria da população passa necessidade e fome, incluindo grande parte dos assentamentos que sem os programas de financiamento e desenvolvimento dos assentamentos passam até fome, mesmo sendo assentadas.
O ano de 2022 tem que ser o ano que os latifundiários e o governo Bolsonaro tremam com as mobilizações de luta pela terra. Reverte a política de não ocupar terras realizada por setores da direção dos movimentos e que 2022 seja o ano que mais se mobilizou trabalhadores no campo, que mais se ocupou terra e se enfrentou a direita na história do país. Seja o ano em que trabalhadores sem terra, indígenas, quilombolas e outras comunidades do campo se unifiquem na luta pela terra, no fora Bolsonaro e na candidatura do ex-presidente Lula.