À 191 de seu nascimento, Luiz Gama (1830-1882) recebeu nesta terça-feira (29) o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de São Paulo. A honraria universitária póstuma fora proposta pela Escola de Comunicação (ECA) da instituição.
Luís Gonzaga Pinto da Gama, é uma das figuras históricas mais colossais da nossa história, um verdadeiro revolucionário avant la lettre. Negro no Brasil escravagista do seculo XIX, filho da ex-escrava Luiza Mahin, que teria tomado parte nas revoltas escravas na Bahia da primeira metade do XIX e de um homem branco, nasceu livre, tornado ex-cravo pelo proprio pai aos 10 anos de idade é vendido e trazido para São Paulo. Alfabetizou-se aos 17 anos.
Exerce a profissão de rábula, exerceu o direito sem o diploma, liberta centenas de escravos, toma parte na imprensa da época, funda jornais e contribui com muitos outros, intelectuais de grande envergadura, ainda deixou marcas na poesia brasileira. Republicano, tem por sonho ver um Brasil sem rei e sem escravos. Precursor do movimento abolicionista e um dos seus mais eminentes chefes.
Em 29 de agosto de 1882, Belarmino Indalécio de Sousa publicava no jornal A província de São Paulo homenagem a esse titã brasileiro:
À memória de Luiz Gama
Baixou a tumba o titânico valente
Heroico lutador da santa liberdade
Dos filhos oprimidos da face bronzeada
Deixando para sempre estética saudávelBaixou sereno! Jamais o esquecimento
Varrerá a glória de seu nome merecida!…
Dos povos na memória eterna tem asilo
Os feios do homem que a muitos deu guaridaNo foro autonômico dos livres! – Qual leão
Luta, esgrime, despedaça vis cadeias
Da cruenta, exânime, infame escravidão!…Mas o anjo da morte respeita suas ideias
Embora lhe encravasse a gélida coroa!
Seu nome é vinculado na justa aboliçãoBelém do descalvado, 25 de agosto de 1882