Por Afonso Teixeira
Sabemos que uma das causas do fim do feudalismo foi a propagação, pela Europa, da Peste Negra (peste bulbônica), que durou 10 anos e dizimou boa parte da população do continente. Para completar a tragédia, houve a guerra dos cem anos que contribuiu para a devastação de campos de cultivo na França.
Mas, já no começo do século XV (a guerra terminou na metade desse século), Portugal se preparava para um outro cenário, o que mudaria tudo. E mudaria o mundo de uma maneira inédita (até hoje). E Portugal e Espanha descobriram um novo mundo. E um novo sistema de poder se instalou na Europa.
Ainda que os reis e a nobreza continuassem a governar, o poder da burguesia mercante é que determinava os rumos das nações.
Hoje, com a crise do Covid-19, vislumbramos um cenário parecido. Contudo não é ela a causa principal. Já existia uma bolha especulativa que estava prestes a estourar. E estourou no começo da crise viral.
A própria orientação do capitalismo global para o mercado de títulos e ações levava o capitalismo para a beira do precipício. Era questão de tempo.
A resistência que ele demonstrava após a crise de 2008 era fictícia. A resposta que poderia dar seria incentivar a indústria. Mas quem faria isso? A viabilidade necessitava de uma ação governamental. Mas governos são fantoches de quem os elege. E quem os elege não é o povo.
O vírus corona (é essa a forma correta de dizer e escrever o nome dessa praga em português) causará um verdadeiro estrago na economia, é certo. Causará um estrago ainda maior no modo de vida das pessoas. A rotina dos povos mudará e a atenção das pessoas passará a ser outra.
E ao fim do primeiro surto (outros virão), ficará claro para todo o mundo que o capitalismo é incapaz e débil para lidar com situações de caráter humanitário. E isso se fará cada vez mais claro. Sobretudo porque, para se manter, deverá apelar para as ditaduras.
Será o fim do capitalismo? É difícil afirmar neste momento. Mas uma coisa é certa: jamais será o mesmo.