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Chile

Ex-ministro chavista: por que Boric não é alternativa à esquerda

Ex-membro do governo da Venezuela comenta as eleições no Chile e porque Boric não será a solução para a população revoltada.

chile 2019

Em artigo publicado na última terça (14) o ex-diretor do ministério das relações exteriores da Venezuela, Sérgio Rodríguez Gelfenstein, expôs sua preocupação com as eleições chilenas, o surgimento de uma pretensa “nova esquerda” e a candidatura do “esquerdista” Gabriel Boric, comparando com cenário semelhante vivido pelos venezuelanos no início dos anos 1990.

Gelfenstein, relembra o “caracazo” ocorrido em 1989, quando as massas populares tomaram as ruas da capital venezuelana, contra o regime de Carlos Andrés Pérez um vassalo dos capitalistas internacionais e da burguesia local que expropriava a renda do 5º maior produtor de petróleo do mundo, deixando mais da metade da população na completa miséria. O movimento prosseguiu até que em 1992, após uma série de manobras políticas da direita e da esquerda, permitiram que outro direitista, Rafael Caldera, se elegesse. Um novo fracasso para a população e para a gigantesca mobilização popular.

Ele relembra a situação para comparar com as gigantescas mobilizações populares ocorridas no Chile em 2019, que pediam o fim do governo igualmente vassalo do imperialismo de Sebastian Piñera. Citando novamente as manobras entre a direita e a esquerda para derrotar as massas revoltadas nas ruas, as quais costuraram um acordo parlamentar, primeiro para tirar o povo das ruas e colocar na mão de parlamentares a decisão sobre a constituição Pinochetista e, depois, para costurar as alianças para a presente eleição.

Declarações

Sobre estes arranjos que envolvem o agora presidente eleito do Chile, ele cita:

O pacto das elites políticas de 15 de novembro de 2019, paralisado em grande medida do protesto e Gabriel Boric emergiu como o principal protagonista da salvação do sistema para que dois anos depois – como Caldera – pudesse ser eleito presidente ou, pelo menos, ser um forte candidato a ser um quando eu escrever essas linhas.

Em seguida Gelfenstein relembra a política fracassada, utilizada como argumento, que levou à eleição de Andrés Perez e que agora se repete no Chile, a política do “mal menor”, lembrando, inclusive a eleição recente de Joe Biden, também sob a mesma lógica para retirar o espantalho Donald Trump da Casa Branca:

Não votei em Caldera, não aceitei o “mal menor” e preferi esperar por uma situação melhor em um momento em que o Comandante Chávez e seus companheiros ainda estavam na prisão. Chávez foi libertado da prisão em 1994 e se jogou nas estradas da Venezuela para expor seu projeto de país. O “caracazo” de 1989, que havia sido prorrogado em 1992, havia dado à luz um novo líder.

E completa “…em 1998 valeu a pena não ceder ao “mal menor” de 1994. Esse mesmo engano custou ao Chile 32 anos de continuidade ditatorial aos quais outros custro poderiam ser adicionados, se a Convenção Constitucional não colocar um fim a ela, pelo menos em parte. O “mal menor” foi o que trouxe Biden à presidência dos Estados Unidos e todos nós vimos os resultados. Não tenho dúvidas de que para o povo americano os democratas significam uma expectativa diferente do que os republicanos geram.

Argumentando em seguida que, é claro que Boric não é a mesma coisa que Kast, mas que a sua política de alinhamento à política externa norte-americana, colocando o Chile como “aliado” da superpotência e já se colocando contra os governos nacionalistas de Cuba, Venezuela e Nicarágua, caracterizando-os como ditadura, mostra mais uma faceta do novo presidente.

Sérgio Rodriguez ainda alerta o setor mais esquerdista da frente eleitoral formada para eleger Boric, especificamente o Partido Comunista que, derrotado numa eleição no mínimo estranha dentro da “frente” esquerdista, possui um acordo para participar do novo governo, afirma:

eles marginalizarão o Partido Comunista até que seja forçado – se consistente com sua história – a deixar o governo. Só é desejável que, com Boric, os comunistas não aconteçam o mesmo que com González Videla durante a década dos anos 40 do século passado, a quem ajudaram a eleger e que uma vez no governo, perseguiram, relegaram e reprimiram.

As colocações do, hoje analista de política internacional, e um dos personagens principais das relações exteriores da Venezuela, Sérgio Rodriguez Gelfenstein, não deixam dúvidas que as relações de Boric com a direita nacional e seu alinhamento coma  burguesia imperialista já prenunciam um governo que não atenderá minimamente as demandas das massas revoltadas.

O artigo completo de Gelfenstein pode ser lido aqui.

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Gelfenstein, em programa da Tv pública venezuelana.

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