O governo de Jair Bolsonaro decidiu por meio da Advocacia-Geral da União (AGU) notificar a Procuradoria-Geral de Justiça Militar acusando sete associações militares por “desenvolvimento de atividades típicas de sindicato” no interior do exército.
A ação, noticiada na imprensa burguesa, fez com que se abrisse um Inquérito Policial Militar contra os envolvidos com as associações. Uma das principais atacadas, a Associação de Militares das Forças Armadas do Estado de São Paulo (Amfaesp), recebeu diretamente da AGU um processo por meio da Receita Federal classificando a ação dos militares de baixa patente como “ilegal” e “inconstitucional”, chegando a anular CPNJ da entidade, sem sequer haver um processo judicial.
O caso vai demonstrando pela prática que a defesa dos interesses dos soldados de baixa patente por parte de Bolsonaro nunca passou de mera demagogia eleitoral. Nesse sentido, o sargento da Aeronáutica da reserva e diretor de uma das associações atacadas, Adão Farias, afirmou que “Bolsonaro sempre se elegeu defendendo o direito dos militares de baixa patente e, agora que é presidente, seu governo quer punir as associações que representam justamente esse grupo”.
Os soldados alegam que tiveram nem sequer oportunidade de defesa e foram de forma ditatorial atacados pelo regime golpista. O ataque tem como clara intenção barrar qualquer tipo de organização democrática por parte dos soldados de baixa patente no exército brasileiro, impedindo que os mesmos possam se posicionar politicamente, e os colocando completamente sob o controle dos generais, alinhados com o principal setor da burguesia brasileira e testas de ferro do imperialismo.
A medida deixa claro que Bolsonaro não é o representante dos militares de baixa patente, mas sim serve unicamente aos interesses dos grandes generais, que favorecem unicamente a política do imperialismo sendo totalmente contrários à defesa da soberania nacional. Para os militares, a esquerda precisa apresentar um programa claro para a organização deste setor. O caso Bolsonaro apenas mostra que as forças armadas são influenciadas diretamente pela luta de classes que ocorre no país, e por isso as organizações populares devem mobilizar estes setores à esquerda.
O Partido da Causa Operária tem em seu programa que é preciso defender que o soldado tenha o direito de formar sindicatos, participar da vida política do país, ter assim todos os direitos que qualquer cidadão tem. Os ataques às associações de soldados se aprofundaram desde a ditadura militar, e continuam por meio de leis, como uma política oficial da burguesia para controlar o exército brasileiro.
O soldado precisa ter o direito de se organizar e defender seus direitos, contra a ditadura do regime golpista e a ditadura dos generais.