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Depois do “Fora todos”, agora é a Prisão de “todos”: CSP/PSTU defende a prisão de Lula na abertura do 37 Congresso do Andes

No dia 22 de janeiro teve início o 37 congresso do Andes, com a presença de cerca de 500 docentes. O congresso é politicamente o evento mais importante do sindicato nacional de docentes das instituições de ensino superior, que sempre acontece no início do ano, em período de férias de verão, “frio” politicamente.

Entretanto, este ano realiza-se justamente em período de intensa atividade política, na semana do julgamento do recurso do ex-presidente Lula, no TRF4 em Porto Alegre, (que acabou por confirmar a sentença condenatória, aumentando inclusive a pena).

Na abertura do congresso, falaram diversas entidades sindicais, estudantis e do movimento popular, bem como setores ligadas a educação.  Em geral, discursos protocolares sobre a necessidade de luta contra o governo Temer e em defesa da universidade pública. Entre todas as falas, a que “roubou” a cena e provocou uma forte reação negativa no plenário, foi a proferida por Saulo Arcangeli, representante da CSP-Conlutas, a “central sindical” que o Andes é filiado.

A característica marcante da intervenção do representante da CSP/PSTU na mesa de abertura do Congresso do Andes foi atacar a CUT, negar o golpe e defender que “Todos” os corruptos sejam presos. Assim, juntando-se a direita reacionária e sua campanha demagógica de “combate a corrupção”, a “ central combativa” defendeu no bom estilo coxinha/udenista a prisão de todos os “ corruptos”.

È verdade que a CSP demostrou não ser “seletiva”, uma vez que advoga que “ todos” sejam condenados e presos. Pela condenação de “ todos”, desde os corruptos da direita quanto os “ corruptos da esquerda” como os políticos do PT, afirmou literalmente a CSP no Andes. (vejam o vídeo da mesa de abertura, e confiram como se diz com seus próprios olhos e ouvidos).

CSP/PSTU / Lava Jato  defende a condenação da “ esquerda corrupta” PT

Primeiro aspecto dessa colocação da CSP que precisa ser ressaltada é o fato da defesa da prisão dos “corruptos do PT” acontece exatamente nas vésperas do julgamento do recurso do ex-presidente Lula no TRF4. Isso sim que é digamos censo de oportunidade da CSP, ou seja os sindicalistas da “central” combativa realiza o “combate “contra “ todos” os corruptos, mas quem está sendo perseguido e ameaçado de condenação e prisão é justamente o ex-presidente Lula.

Ainda que os morenistas criassem a mirabolante “teoria” que primeiro teríamos que derruba Dilma e depois derrubaríamos “todos” os outros até chegarmos ao “governo dos conselhos”. Entretanto, o PSTU e sua “central” objetivamente constituiu uma aliança com a direita e com o imperialismo para derrubar um governo de frente popular, o que de fato aconteceu. Por sinal, repetem a mesma política na Venezuela, quando se aliam com a direita venezuelana  e com o imperialismo norte-americano para derrubar o governo nacionalista de Maduro.

Agora, a máxima “Prendam-se” todos”, é a versão carcerária do “ Fora Todos”, ou seja é  efetivamente uma aliança ( digamos de conciliação de classes) entre a CSP/PSTU com a direita para condenar Lula.

No mesmo dia 22 de janeiro, no debate sobre conjuntura e centralidade da Lula no 37 Congresso do Andes, os militantes do PSTU esbravejaram no plenário contra Lula e contra qualquer um que mencionasse a palavra “ golpe” ou mesmo “ onda conservadora”. Num clima de inquisição e  de caça às bruxas ou melhor de caça a Lula, os alucinados do PSTU defendiam à prisão de Lula abertamente, afirmando que “ Lula era burguês, por que era dono do Triplex” e que era “ traidor” e portanto não podia ser defendido pelos trabalhadores.

A intensidade dos ataques contra Lula, contra a CUT, contra o PT foi compartilhada em espécie de transe coletivo entre praticamente todos setores da esquerda pequeno burguesa que habitam a direção da entidade( verdade seja dito, que os militantes do MAIS/PSOL não aderiram ao Transe).

Até mesmo os membros da diretoria do Andes, que tinham aprovado uma nota tímida a favor do direito de Lula ser candidato, resolveram para não perder o costume arraigado nas “análises” de conjuntura no Andes,aderir ao fevor anti-petista.

A própria presidente do Andes-SN Eblin Farage, que parecia tão democrática  e a favor da unidade na abertura e na defesa da tese da diretoria na plenária de conjuntura, resolveu também participar do repugnante espetáculo de coxinhaço contra Lula. Curiosamente, foi uma reação inesperada em resposta aos elogios conciliadores lançados por militantes petistas, fazendo referências a nota da diretoria a favor do direito de Lula ser candidato e as próprias falas anteriores de Eblin Farage. Como se diz, o uso do cachimbo deixa a boca torta, por isso a diretoria do Andes-SN precisa mostrar “combatividade” para combater o governo deposto e mais uma vez negar que houve golpe.

Destacou-se ainda com especial relevo nesse anti-petismo doentio, alguns docentes das estaduais baianas, que usaram do balanço negativo do governo estadual de Rui Costa ( PT) ( que por sinal é ruim mesmo)  para estabelecer artificialmente um sinal de igualdade entre o PT e a direita, usando isso como uma espécie de álibi para não combater os golpistas , acompanhando  entusiasticamente o sectarismo da CSP/PSTU que somente favorece a direita.

O udenismo golpista da CSP/PSTU foi rejeitado no 37º Congresso do Andes

Não há dúvida que a política de “ combate a corrupção” não é uma política operária e muito menos de esquerda. Historicamente a direita no Brasil e no mundo, utiliza-se do discurso vazio e moralista “ contra a corrupção” para atacar e derrubar governos nacionalistas ou de esquerda para garantir os interesses mais reacionários.

Foi em parte para escamotear seus verdadeiros objetivos, que a direita tradicionalmente reforça uma “cruzada “ moral contra a corrupção, seja para evitar um debate politizado seja para cativar e mobilizar setores da pequena burguesia.

No Brasil, a política golpista da UDN contra Getúlio Vargas tinha como um dos motes centrais a luta contra o “ mar de Lama” da corrupção do “ populista”. Em 1964, o golpe de estado utilizou fartamente da “ luta contra corrupção” aliado ao anti-comumismo como elementos para justificar a derrubada do governo de Joao Goulart.

De forma similar, a imprensa golpista como a Globo, Veja , Estadão , etc requentaram o discurso “ contra a corrupção” para forjar o clima favorável para o golpe contra o Dilma. Ao mesmo tempo, os coxinhas apresentam sua negação da democracia, como parte da luta “contra a corrupção” , que o “ Petista é Ladrao”, etc

A presença e controle do PSTU na direção do Andes é uma verdadeira tragédia para o sindicato, e se não for combatida levará fatalmente a destruição do Andes.  A fragmentação e esfacelamento será o resultado dessa dominação totalmente artificial de um partido sectário no Andes. Assim, como a política morenista de apoiar golpe de estado espatifou o PSTU em mil pedaços, isso também acontecera inevitavelmente no Andes, ou melhor já esta acontecendo, sendo que o movimento Renova Andes é que tem impedido a amplificação desse processo.

Por outro lado, o crescimento da oposição Renova Andes é produto dessa contradição, a rejeição completa do sectarismo do PSTU na base da categoria impulsiona o movimento pela renovação do Andes, ao mesmo tempo, isso leva setores da esquerda pequeno burguesa da atual direção, a reforçarem o vínculo com o PSTU/CSP para não perder o sindicato para a oposição. Assim, na medida em que o acordo oportunista com os golpistas do PSTU  é mantido , desenvolve-se  a rejeição na base ao conjunto diretoria do Andes-SN, que mesmo tentando atenuar o sectarismo da CSP acabam por manter no fundamental a política ultraesquerdista pró-direita do PSTU.

A abertura do congresso expressa essa situação. No discurso público, a diretoria do Andes afirma que o sindicato nacional é autônomo em relação a todos os partidos e todos os governos. A ” central” é apresentada como uma construção do próprio Andes com outro sindicatos ” combativos”, mas na verdade, isso é uma fraude. A filiação do Andes a CSP é uma forma de subordinação do sindicato nacional ao PSTU. Quem decide a política do Andes não são as instâncias do sindicato, mas sim os acordos entre a burocracia sindical do Andes e da CSP.

O representante da CSP filiado ao PSTU foi ao congresso não para saudar ou para indicar uma luta, mas  para  enquadrar o 37 congresso do Andes. Era de conhecimento público que a diretoria do Andes tirou nota pública sobre a condenação de Lula, que não era a posição do PSTU.  Por outro lado,  a CSP nem sequer tinha resolução pedindo a prisão dos ” corruptos de esquerda”. O objetivo da fala era constranger os setores da esquerda pequeno burguesa, que estariam supostamente capitulando para o ” lulismo corrupto” e ao mesmo tempo impedir qualquer luta contra o golpe no congresso do Andes.

De qualquer forma, é importante ressaltar que não foi exagero que o plenário do 37 congresso do Andes classificasse a CSP como golpista. A defesa da prisão dos “corruptos de esquerda” pelo representante da CSP é golpismo puro.

Os beneficiados da política da CSP não são os trabalhadores, mas a direita golpista. No passado, a defesa do “Fora Todos”, nada mais era do que a constituição de uma frente única com a direita para derrubar o governo do PT, uma vez que o governo que estava sendo derrubado era efetivamente o governo Dilma e não “todos” em abstrato.

A rejeição dessa política coxinha e golpista do PSTU na base do Andes, pode ser visto na votação da moção em defesa da democracia e do direito de Lula ser candidato. No plenário, foi aprovada a moção com base no texto da diretoria do Andes, como já falamos bastante limitada, sendo que a moção proposta pelo Renova Andes, que teve mais de 600 assinaturas na base, teve uma representativa votação. Por sua vez, a noção apresentada pelo PSTU, que é o setor majoritário da CSP teve apenas uma dezena de votos. De qualquer forma,esse quadro revela o completo fracasso e total rejeição da política golpista do setor majoritário da CSP na base do Andes.

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