A renomada jornalista argentina Stella Calloni revelou semana passada que um documento assinado pelo comandante do Comando Sul do Departamento de Defesa (sic.) dos EUA, Kurt Tidd, esboça um “novo” plano para a derrubada do governo da Venezuela.
A tática, já denunciada há muito tempo pelo governo e pelo povo venezuelanos, é de provocar um novo cenário golpista pré-eleitoral a partir da campanha propagandística da imprensa venezuelana e internacional e dos protestos violentos da direita golpista. Entretanto, caso isso falhar (como já falhou inúmeras vezes), seria colocado em ação o Plano B: uma invasão militar da Venezuela comandada pelos EUA, que utilizariam seus súditos (Colômbia, Brasil, Panamá, Guiana, Argentina etc) como bucha de canhão.
Calloni reproduz algumas frases do documento de Tidd, com um tom extremamente violento, de ataque ao governo bolivariano. Na interpretação do almirante dos EUA, ao avaliar o cenário recente da nossa região, ele afirma que a “democracia se estende na América, continente no qual o populismo radical estava destinado a tomar o controle”.
E cita diretamente o Brasil: “Argentina, Equador e Brasil são exemplos disso”, de um “renascimento da democracia”.
Não se trata, como pode parecer, somente da avaliação de um almirante norte-americano. Não é um pensamento pessoal, mas sim de todo o aparato imperialista estadunidense. Fica claro, mais ainda, a partir das afirmações do representante dos EUA, que os governos do PT, em um período de crise capitalista no qual o imperialismo precisava aumentar a política de saque e devastação por todo o mundo e também na América Latina, eram um obstáculo a ser derrubado para o pleno domínio imperialista.
E não só os governos do PT, mas o peronismo na Argentina, derrotado forçadamente em eleições fraulentas e manipulados para colocar o neoliberal Mauricio Macri no poder, ele, que está fazendo exatamente a vontade dos grandes monopólios ao entregar a Argentina ao FMI. E também o governo nacionalista de Rafael Correa, golpeado a partir de dentro e com grande apoio para isso do imperialismo, que agora está vendo Lenín Moreno destruir as reformas do governo anterior.
Trata-se de um documento oficial do governo dos EUA que defende o golpe, ou seja, uma prova de que o golpe contra o “populismo radical” e o “renascimento da democracia” com a chegada de Temer para entregar o Brasil foi e é apoiado pelo imperialismo. É ainda mais clara do que as diversas evidências já apresentadas pela imprensa independente, como os documentos divulgados pelo Wikileaks sobre o treinamento dado a Sergio Moro.
Além disso, o documento demonstra que o golpe contra o governo e o povo da Venezuela é pensado, articulado e planejado minuciosamente pelo imperialismo. A linguagem e as propostas para desestabilizar a Venezuela não deixam dúvidas do caráter genocida dos EUA, afirmando com todas as palavras que é preciso mergulhar o país no caos. Uma coisa que fica clara é que tal política já está em andamento há pelo menos quatro anos.
As exigências do documento, como o incentivo a protestos violentos e atividades criminosas, o boicote econômico, os estocamentos de produtos básicos, a inflação induzida, a especulação, a fuga de capitais, o bloqueio econômico, a sabotagem a instalações, o roubo, os assassinatos, a divisão das fileiras governistas, a emigração, as pressões diplomáticas e a satanização midiática do governo, são mecanismos que já estão sendo implementados e agora fica em total evidência que eles são manipulados pelo imperialismo dos EUA para derrubar o governo de Maduro.
O artigo de Stella Calloni é tão revelador e estarrecedor, mesmo para quem conhece a lógica imperialista, que merece ser lido na íntegra, porque do começo ao fim ele relata todas as operações golpistas que já estão sendo aplicadas contra a Venezuela e não deixa a menor dúvida que são feitas a mando do imperialismo.