Antes mesmo da crise do coronavírus, a população negra, pobre e trabalhadora já era uma dos maiores alvos da mortalidade, seja por questões elementares de saúde, seja pela violência do próprio Estado, através da Polícia Militar.
A PM fechou o ano de 2019 quebrando todos os recordes de assassinatos cometidos contra civis, em um banho de sangue efetivado pelos governos estaduais, que controlam a corporação, com o incentivo do governo federal, do golpista Jair Bolsonaro, histórico defensor dos ataques aos direitos democráticos do povo.
Em São Paulo tivemos, ainda, o surto de sarampo. Em quase todos os estados os surtos de dengue. Todos como resultado da total falta de política de saúde para o povo, de saneamento básico, enfim, dos direitos mais elementares da população.
Surgiu o coronavírus e a rotina não deve ser diferente. Quem tem a possibilidade de se virar com serviços particulares de saúde, consegue escapar da pandemia. Quem não tem recursos só resta a quarentena, que, na realidade, não existe. É a política do “boa sorte”, que é a única possível aliada do povo, já que a esquerda pequeno-burguesa, com seus parcos privilégios, consegue realizar a quarentena por conta própria.
Não é novidade que a “corda rompe do lado mais fraco”. Ao povo pobre não será dado nem o direito de ver seus óbitos devidamente notificados. Muitos estão morrendo sem saber que foram alvo do Covid-19. São crises respiratórias, pneumonia, enfim, não é possível saber, pois não existe teste.
A falta de teste é proposital. Só terá acesso ao mesmo aqueles que o governo determinar, ou seja, os casos de internação. Esses casos são arbitrariamente definidos por cada hospital, e no reino da arbitrariedade reina a força econômica, quem tem mais dinheiro consegue ser diagnosticado e atendido.
Os esforços dos hospitais públicos são limitados, pois não contam com o devido suporte dos governadores; estão sobrecarregados e beirando o colapso total. E a rede privada está disposta a lucrar ainda mais nesta pandemia, com consultas que vão às centenas de reais, sem contar o exame de Covid-19.
Neste meio caótico e dramático é que a população precisa se organizar. Não é possível esperar que gente com Doria, Witzel, Covas, Bolsonaro e outros golpistas, por um milagre, resolvam atender as demandas do povo negro, do povo trabalhador. Eles nunca estiveram dispostos a isto, tanto é assim que deram o golpe de Estado, para devolver o Brasil às mãos do capital internacional.
É preciso organizar o povo, tal como Partido da Causa Operária está fazendo, em conselhos populares, que possuem o objetivo de enfrentar os efeitos da crise econômica e de saúde que o povo está enfrentando. Sem isso, o desastre da pandemia será ainda maior, com milhões de mortos e desempregados.