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Venais

Ciro Nogueira, expressão do oportunismo golpista da direita

A direita ao entrar no governo Bolsonaro, por meio do Centrão, revela que seu compromisso e com o dinheiro e com seus interesses de classe

O governo Bolsonaro, para se preservar, opera, via de regra, pequenos giros políticos, ora em direção à extrema-direita e ao militarismo, ora em direção aos representantes tradicionais da burguesia e dos latifundiários brasileiros, ainda que a seus estratos mais rebaixados. Assim o governo muda de feição, para permanecer em essência o mesmo. Nesses quase três anos de governo Bolsonaro, período tenebroso para o povo brasileiro, mais de uma dezena de ministros caíram, agora mesmo, sob fogo cruzado dos atos fora Bolsonaro que tomam conta do País, o governo da extrema-direita sede ao fisiologismo político e organiza mais uma mudança, que envolve, além de ministros, também ministérios.

O destaque maior foi o anúncio oficial do Senador Ciro Nogueira (PP-PI) que integrará o governo em uma das mais importantes pastas, a Casa Civil. De pronto o senador aceitou o convite e se tornará o 4º ministro da Casa Civil de Bolsonaro. O general da reserva Luiz Eduardo Ramos, que ocupava o cargo, será realocado para a Secretária-geral da Presidência, hoje dirigida por Onyx Lorenzoni, e este deverá ir para o Ministério do Trabalho, que será recriado pelo governo.

Nogueira é o atual presidente do PP e um dos líderes do chamado “Centrão”, um conjunto de partidos políticos que, embora ligados ao imperialismo, representam também interesses regionais da média burguesia, dos coronéis e dos latifundiários brasileiros, em suma dos elementos mais débeis da classe dominante. No entanto, conformam um bloco político importante no Congresso, hoje com mais de 200 deputados de diversas siglas, e nos executivos país afora.

O novo ministro é um típico representante deste setor social, empresário no Piauí, declarou um patrimônio de R$ 23 milhões, Ciro Nogueira está Congresso Nacional desde 1995 como deputado Federal, cargo que ocupou por 4 mandatos consecutivos, saindo para tornar-se Senador da República, Nogueira está no segundo mandato como Senador, ao se licenciar para assumir o ministério, deixa o cargo em mãos confiáveis, sua mãe, Eliane Nogueira (PP-PI) deverá assumir, por ser suplente do senador.

Nogueira foi base de apoio do governo FHC, dos Governos Lula, dos Governos Dilma, o que não o impediu de participar do golpe de 2016 e votar, inclusive, pelo impeachment. Apoiou Geraldo Alckmin do PSDB nas eleições presidenciais de 2018 e no segundo turno declarou apoio a Fernando Haddad do PT. Chegou a chamar Bolsonaro de fascista em 2017.

Verbas e acordos com o governo o fizeram mudar de ideia, tornou-se um dos pontos de apoio do governo no Congresso Nacional. Membro da CPI da Covid-19, atua sempre para impedir que a mesma atinja diretamente o governo. Também é de seu partido o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que está sobre mais de 100 pedidos de impeachment e nada indica que sairá tão breve.

Ao colocar o Centrão diretamente no governo em locais estratégicos – a Casa Civil é justamente responsável, com o Ministério da Economia, de avaliar orçamentos e verbas nacionais e do relacionamento do governo com o Congresso Nacional, além de recriar um ministério que será destinado a ser preenchidos, em seus cargos, pelo Centrão – Bolsonaro prende a si um importante setor da burguesia brasileira, ainda que não seja o mais importante.

A política adotada por Bolsonaro está preservando-o de qualquer possível investida institucional. Ao cortejar descaradamente o Centrão e ser correspondido, torna evidente que não está na ordem do dia para a direita tradicional de conjunto, e não apenas para o Centrão que é uma parte significativa dela, a derrubada do governo pelo impeachment ou qualquer outra forma.

Caso a burguesia queira derrubar um governo, teria que unificar, em um bloco intransigente, como fizeram em 2016, os setores toda a direta e o imperialismo, apenas setores muito marginais, que não é o caso do Centrão, poderiam declinar do bloco. Dobrariam qualquer oferta do governo para dividir o bloco e se manteriam unidos até a vitória ou a derrota. A entrada deste importante setor da direita tradicional no governo sem nenhum tipo de crise, mostra claramente a formação deste bloco nem mesmo existe até o momento; Bolsonaro é, com criticas e tudo, o representante de toda a burguesia. Sem os mais de 200 votos do Centrão, sem falar dos partidos tradicionais que até o momento não se colocaram favoráveis ao impedimento do atual presidente, como o PSDB, o impeachment está totalmente fora de alcance. A política de um setor da direita é tão somente desgasta-lo e favorecer a terceira via, que um candidato de sua inteira confiança chegue ao poder em 2022, caso seja possivel.

A manobra de Bolsonaro revela ainda outro aspecto importante da burguesia tradicional, que tem que ser visto com muito cuidado: a burguesia e seus representantes são completamente venais, nunca atuam por ideologia ou em nome de um bem maior, mas sempre pelos interesses pessoais e de classe. São neoliberais por natureza, mas podem tornar-se base de um governo de esquerda moderado, podem adotar a democracia, como podem passar rapidamente para o apoio a um fascista e a um governo fascista, tudo depende de seus interesses pessoais e de classe.

A trajetória de Ciro Nogueira mostra bem esse fato. E de maneira nenhuma trata-se apenas dos elementos mais débeis e atrasados da classe dominante, podemos dizer que quem acredita que a alta burguesia nacional, o imperialismo e seus representantes mais fiéis, como no Brasil, o PSDB, PMDB, DEM, entre outros, são diferentes, engana-se absolutamente, são ainda mais venais e capazes de qualquer coisa para preservar e ampliar seus interesses, mesmo que signifique uma catástrofe para o país. O golpe de 2016 mostra bem, os que hoje querem se infiltrar no movimento por fora Bolsonaro com a insígnia de defesa da democracia, foram ontem os organizadores e os realizadores do golpe de Estado que custou e custa muito  a todo o povo brasileiro.

Diante disso, o fora Bolsonaro somente pode contar com a força do movimento operário, camponês e popular; do povo pobre e trabalhador, somente sua mobilização revolucionária tem a força capaz de derrotar esse monstro que hoje nos oprime. Contar com a direita é o mais crasso dos erros, somente o povo pode derrotar Bolsonaro e o golpe.

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