Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Colômbia

Chefe das Forças Armadas ameaça candidato da esquerda

Colômbia, quintal dos EUA, segue assassinando líderes populares

Em 1904, o presidente Theodore Roosevelt declarou que os Estados Unidos tinham o direito de intervir nos assuntos internos da América Latina. Em suas próprias palavras, isso significava que: “Se algum país da América do Sul se comportar mal, deve ser punido”. Todos os presidentes que o sucederam, em maior ou menor grau, continuaram exercendo seu direito, percebido por meio de uma região conhecida como “quintal da América”. Durante a presidência de Kennedy, o aumento da atividade de grupos militantes comunistas na zona rural da Colômbia levou os Estados Unidos a temerem que uma revolução ao estilo cubano pudesse ocorrer.

Estado permanente de golpe contra o povo

Isso significava que tudo tinha que ser feito para libertar a Colômbia da influência do comunismo. Para neutralizar as atividades da guerrilha, setores das forças armadas colombianas uniram forças com as elites proprietárias, narcotraficantes e produtoras de petróleo dos EUA que operam na Colômbia. Juntos, eles criaram grupos paramilitares de direita. Estes grupos tiveram amplo apoio da classe política e das forças armadas.

Intervenção do golpismo Estadunidense

O Plano Colômbia (inicialmente chamado Plano pela Paz da Colômbia) foi um acordo bilateral entre os governos da Colômbia e dos Estados Unidos. Concebido em 1999, durante as administrações dos presidentes Andrés Pastrana Arango e Bill Clinton, foi originalmente projetado para durar seis anos, cujos objetivos declarados eram: criar uma estratégia para eliminar o narcotráfico no território colombiano e por um fim ao conflito armado na Colômbia, que já durava 40 anos na época. Criaram um fictício protetorado americano. Porém os conflitos e insatisfações populares só têm aumentado e há uma intensa campanha a favor do desarmamento da população.

O que fazer para que não continuem assassinando líderes populares no Pacífico?

No Quinto Diálogo para a Não Repetição convocado pela Comissão da Verdade (um dos mecanismos para desviar o ânimo de luta contra a opressão imposta à população e desarmar a população), sobre o assassinato de lideranças sociais nesta região, vozes de todas as bacias do Pacífico discutiram os efeitos que esse fato deixa no território. Eles também deram suas soluções para evitar que isso acontecesse, porém a disposição da oposição ao governo colombiano em atender os experts desses órgãos e aceitar a deposição de armas pela paz gerou o que vemos há anos na Colômbia, as lideranças dos trabalhadores estão sendo mortas como moscas.

De 2016 até novembro de 2019, pelo menos 30 líderes sociais da região do Pacífico foram assassinados, segundo a Comissão da Verdade (um dos mecanismos criados para desviar o foco de luta, da oposição política ao governo, contra a opressão imposta à população pelo estado), entidade que dialogou em novembro de 2019 em Quibdó (a capital do departamento de Chocó, no Oeste da Colômbia, que tem uma população de 129.237 habitantes, predominantemente afro-colombianos e zambo-colombianos ) para refletir sobre as causas e afetações que geram essas mortes nas cidades étnicas do país. Os assuntos discutidos são, geralmente, o narcotráfico, a mineração ilegal, a presença de dissidentes das FARC, os grupos como o ELN (Exército de Libertação Nacional), as “gangues criminosas” e “redutos paramilitares” que intensificam a guerra nesta região, mas a finalidade destes grupos, como a Comissão da Verdade, é intensificar o desarmamento da população representada pelos dissidentes e grupos revolucionários, no falso discurso de busca da paz e combate à corrupção e escondem os verdadeiros motivos dos conflitos que ocorrem na Colômbia, que são as intervenções americanas na região, a retirada de direitos dos trabalhadores, a negação do acesso a propriedade da terra pelos grandes proprietários, as políticas econômicas submissas aos EUA que levam a população à miséria etc. Esta violência acontece justamente no país que é uma espécie de protetorado dos EUA, por isso a imprensa golpista quase não fala do assunto.

Desde 1986, 233 autoridades étnicas foram assassinadas na Colômbia, “várias delas em Chocó, tornando-o um dos departamentos mais perigosos para o exercício da liderança e a defesa dos direitos humanos”. Em 2018, foram 110 assassinatos de lideranças sociais. Destes, 53 pertenciam a grupos étnicos: 24 afro-colombianos e 29 indígenas, segundo a Consultoria de Direitos Humanos e Deslocamentos (Codhes).

Pelo menos 81 líderes sociais, políticos e comunitários foram assassinados durante o primeiro semestre de 2020, período em que foram registrados 248 atos de violência contra eles, conforme publicou a Missão de Observação Eleitoral (MOE) em um relatório nesta data. O documento indica que embora os números das agressões refletem uma redução de 2% face aos do mesmo período de 2019, quando foram registradas 253, a situação continua a ser “muito preocupante, pois mostra que a violência não cessa, nem reduziu substancialmente”. Apesar dessa pequena diminuição nos atos violentos, os homicídios aumentaram em relação aos primeiros seis meses do ano anterior, quando 61 foram documentados.

“O que este relatório nos mostra é que o que está acontecendo é uma tragédia em termos locais. A cada dia há ataques maiores às lideranças que trabalham para transformar a realidade de suas comunidades. Se não tomarmos medidas urgentes, ficaremos sem líderes”, declarou a diretora do MOE, Alejandra Barrios. A agência também destacou que durante a primeira parte da quarentena obrigatória devido à pandemia de coronavírus, entre 25 de março e 11 de maio, a violência foi reduzida em 50%, o que não afetou o número total de eventos documentados entre janeiro e junho e ” evidências de que a violência no resto do tempo (sem confinamento) foi maior do que em 2019″.

“Tivemos dois picos de violência: no mês de janeiro, quando ocorreram 62 eventos, mas em 12 de maio, infelizmente, a violência contra as diferentes lideranças começou a aumentar muito fortemente”, explicou Barrios. A agência indicou que no primeiro semestre de 2020, o fenômeno da violência contra líderes seguiu a mesma tendência dos anos anteriores e se concentrou nos departamentos de Cauca, Arauca, Norte de Santander, Antioquia e Córdoba.

Em 2021, 171 líderes sociais foram assassinados em 2021, segundo o Indepaz (uma das instituições que se dizem defensoras da paz). A última vítima do ano foi María del Carmen Molina Imbachi, 31, que na noite de 31 de dezembro foi retirada à força de sua casa por um grupo armado que atirou contra ela na frente de sua família no município de San Pedro, no Vale do Cauca.

A dissidência, apesar da repressão estatal, cresce

Segundo Ricardo Calderón, em novembro de 2021, “Em cinco anos, os dissidentes passaram de um grupo e um punhado de guerrilheiros a 35 estruturas que têm mais de 3.000 homens armados e presença em 22 departamentos da Colômbia. Duas semanas antes que o governo e as FARC anunciaram, sob aplausos em Havana, Cuba, que haviam chegado a um acordo para acabar com o conflito, saiu da selva esta declaração: “A primeira frente das FARC ‘Armando Ríos’ não se desmobilizará, considerando que a política do Estado colombiano e seus aliados buscam apenas o desarmamento e a desmobilização do grupo revolucionário. Continuaremos a luta pela tomada do poder pelo povo e para o povo (…) respeitamos a decisão daqueles que desistem da luta armada (…) não os consideramos nossos inimigos”. Essa declaração da estrutura das FARC que manteve Ingrid Betancourt sequestrada foi o primeiro sinal de rejeição pública por parte de um setor guerrilheiro do acordo de paz. Foi também o anúncio do surgimento da primeira dissidência. Hoje, cinco anos depois, são mais de 30 grupos dissidentes que estão presentes em 22 departamentos. O espírito de luta dos colombianos tem resistido aos ataques da tirania do governo.

Mal começamos 2022 e a Ouvidoria da Colômbia denunciou que nos primeiros três meses de 2022 pelo menos 52 líderes sociais e defensores de direitos humanos foram assassinados no país latino-americano (segundo a Telesur). Segundo o jornal pro-estadunidense El País, O Comandante das Forças Armadas Eduardo Zapateiro, golpista e serviçal do governo americano, ameaçou o candidato da esquerda à presidência, Gustavo Petro, de aproveitar as mortes dos soldados para fazer campanha e lembrou que desde 2001 mais de 500 soldados foram mortos ou feridos em missões. E convidou-o a denunciar os generais corruptos a que se referiu perante o Ministério Público.

Segundo a fonte Radionacional, 2022, em relação aos desaparecimentos registrados nos últimos dias em Bogotá, entre janeiro e março deste ano, 1.420 colombianos desapareceram, dos quais quase metade foram registrados na capital do país. São 1.413 pessoas desaparecidas relatadas na Colômbia, das quais 826 correspondem a homens e 594 a mulheres. Até à data, 433 pessoas apareceram vivas, 39 mortas, 47 aparentemente desaparecidas à força e de 941 o seu paradeiro ainda é desconhecido em território nacional. Segundo a autoridade nacional, os sábados são o dia com mais desaparecimentos na Colômbia, 920 dos desaparecidos têm mais de 18 anos e 493 são menores, sendo 12 a 17 anos e 20 a 24 anos, as idades em que mais foi dado como desaparecido hoje. No entanto, desses 1.413 desaparecimentos, 538 correspondem a pessoas em Bogotá, das quais 301 são homens e 237 mulheres. Da mesma forma, até o momento há informações de que no mundo existem sete colombianos desaparecidos, com os quais no total nos primeiros três meses do ano foram registrados 1.420 desaparecimentos, divididos em 496 em janeiro, 439 em fevereiro e 478 em março. Bogotá (538), Valle del Cauca (163), Antioquia (158), Cundinamarca (106) e Norte de Santander (34) são as áreas do país com mais desaparecidos em março de 2022.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.