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Candidato da Globo e amigo da PM, Marcelo Freixo acha que “direitos humanos não são para defender bandido”

Em coletiva de imprensa, o deputado do Rio de Janeiro pelo PSOL, Marcelo Freixo, fez declarações muito esclarecedoras sobre seus posicionamentos políticos. Entre outras coisas, Freixo disse que “defensor de direitos humanos não é defensor de bandido”, um frase extremamente direitista, que poderia ser facilmente atribuída a um bolsonarista.

Não é de se espantar já que Freixo é um grande defensor da polícia carioca, um dos órgãos mais assassinos do mundo, e da aliança política com a direita, como no caso da Globo e do PSDB.

Na entrevista, a posição do político do PSOL é a de que o governo do Rio de Janeiro não é efetivo o bastante no combate ao crime organizado. E foi nessas condições que Freixo declarou: “defensor de direitos humanos não é defensor de bandido“.

Vale portanto relembrar ao futuro deputado federal que, por princípio, os direitos humanos foram criados justamente para respeitar os direitos de todos os humanos, inclusive dos “bandidos”, e que uma de suas principais preocupações é de combater as agressões que ocorrem contra direitos básicos da população.

Assim sendo, os direitos humanos servem muito mais àqueles que são acusados de bandidos e por isso são perseguidos pelo Estado, do que a qualquer outra pessoa. Os direitos humanos estão aí, em tese, para que não ocorra o que aconteceu, por exemplo, com o ex-presidente Lula, que foi preso sem base concreta e antes do fim do trânsito em julgado – que é considerado bandido pela ditadura golpista.

Mas como já foi dito, não é espantoso que Freixo não seja um grande defensor dos direitos democráticos, já que o mesmo afirmou algumas semanas atrás, que “a pauta não pode ser mais Lula livre”, isto é, a defesa da liberdade de um preso político.

Porém, Freixo vai mais longe e explica sua concepção própria de “direitos humanos”. Segundo o político do PSOL, os “defensores dos direitos humanos defendem a lei“. Um discurso altamente reacionário. Isso significa dizer que, para o deputado, os defensores dos direitos humanos deveriam defender as leis, por mais arbitrárias que sejam. Um absurdo.

Na maioria dos casos, é justamente o contrário que ocorre. Pegando o exemplo dos Estados Unidos, por exemplo, o grande movimento de direitos humanos em torno da questão do negro era contra a lei da segregação. Da mesma forma que, em todas as ditaduras latino-americanas, a posição dos defensores dos direitos humanos era contra a repressão política e a censura, que eram justificadas pela lei.

Isso sem falar que, no regime capitalista, por mais “democrático” que seja, os direitos humanos nunca são plenamente respeitados, nem pela lei e ainda menos pela prática. E portanto, a afirmação de Freixo vai no sentido de dizer que os defensores dos direitos humanos precisam defender as leis absurdas do regime capitalista.

O impressionante é que Freixo declara isso em meio a um golpe de estado, onde as leis estão se tornando cada vez mais arbitrárias. Na prática, Freixo será a favor da criminalização dos movimentos sociais e da Escola com fascismo, em nome dos direitos humanos, caso sejam aprovados por lei.

Mas o direitismo de Freixo não para por aí. O ex-candidato à prefeitura da capital carioca afirmou que o Estado não estava sendo efetivo na repressão do “crime organizado”. Ele que é um grande defensor da “lei e da ordem” disse que “a lei não pode permitir que um grupo tão violento e criminoso domine territórios e a vida das pessoas”.

Sendo Freixo um apoiador ferrenho do projeto da direita de criação de Unidades de Polícias Pacificadoras (UPP), fica claro que a solução do político do PSOL para o problema do crime organizado é mais polícia.

Para ele não interessa se, com o aval do estado burguês e da nomenclatura “pacificadora” das unidades, a polícia mata, estupra, agride e assedia a população do Rio de Janeiro, o problema são o crime organizado e as milícias.

E ainda, sobre os direitos humanos, ao invés de denunciar que a polícia do Rio de Janeiro é uma das que mais mata no mundo – uma verdadeira afronta aos direitos humanos – o deputado denuncia que o Brasil é o país em que mais se morre o policial, sem levar em consideração que o número de policiais mortos nem se compara com o número de mortos pela polícia, e que o fato se dá justamente pois a polícia vive em guerra contra a população.

O Brasil é um dos países em que mais morrem defensores de direitos humanos e policiais do mundo.

Como se sabe bem, Marcelo Freixo é responsável pela campanha nacional de filiação de policiais no partido dele. Quer dizer… assim como Bolsonaro, Freixo também é um homem das forças repressivas do estado burguês. Deve-se a isso o discurso altamente bolsonarista do deputado.

Porém, o que poderia parar por aí, não parou. O “bolsonarista simpático” ainda teve de comentar sobre o caso do assassinato de Marielle Franco, uma companheira de partido, que ao contrário dele, tinha bases políticas na população trabalhadora de algumas comunidades do Rio de Janeiro. E que justamente por esse fato iniciou uma campanha contra as agressões arbitrárias dos policiais e das forças armadas (ela sim defensora dos “direitos humanos”) contra a população da Maré e outra favelas da capital carioca.

Freixo, entretanto, em nenhum momento levanta que o assassinato de Marielle teria sido político. Uma forma de acabar com as denúncias contra as agressões das Forças Armadas e da polícia, um mês após a intervenção militar no estado. Para ele, está totalmente fora de cogitação que tenha sido a própria polícia e os militares que teriam executado Marielle, uma conclusão óbvia para qualquer cidadão.

Freixo, ao contrário, exige que o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, o General Richard Nunes, apure os ocorridos e investigue a situação. “Os elementos têm que aparecer, e não frases para supostamente a gente entender que as investigações estão avançando”, e “cabe ao secretário de segurança pública, mais do que dizer o que ele acha ou o que ele tem certeza, dizer o porquê ele tem certeza. Mostrar quais são as provas, que levam a esse entendimento. A milícia pode ter matado a Marielle? Pode. Outro grupo criminoso pode ter matado a Marielle? Pode”.

Ou seja, a posição dele é de pedir ao principal suspeito do assassinato de Marielle para que apure e investigue o ocorrido.

Freixo levanta dúvidas sobre a “certeza” do General sobre o assassinato de Marielle ter sido realizado por milicianos (policiais fora da ativa), mas não coloca como se fosse apenas um pretexto da direita para acabar com a crise em torno da questão, pelo contrário, levanta a hipótese de que pode ter sido “outra organização criminosa” – e não fala da polícia e do exército.

Portanto, a máscara do “esquerdista” Marcelo Freixo vai caindo. Ele, que é o homem das polícias e das UPP, que foi apoiado pela Globo e o Financial Times (isto é, o imperialismo) nas eleições municipais de 2016, que declarou-se favorável a uma aliança política com os golpistas do PSDB e disse que a liberdade do Lula não poderia mais ser uma pauta de luta, pois não unificava a direita que deu o golpe. Agora está explicado porque Freixo, nas eleições de 2016, foi apoiado sobretudo pelos bolsonaristas e coxinhas que votaram em Aécio Neves contra Dilma em 2014.

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