Por Eduardo Vasco
Você conhece o Maurício? É, o Maurício! Não conhece? Bom, esse Maurício você, e nem ninguém (com raríssimas exceções), conhece. Ele é um PAÍS. Sim, um PAÍS. É um conjunto de ilhas africanas localizado no Oceano Índico, próximo a Madagascar. Um conjunto de ilhas, assim como Comores, outro país africano. Também nunca ouviu falar, né? E Kiribati, conhece? Tuvalu? Vanuatu? Procure no mapa-mundi Nauru e Palau para ver se acha. Vai dar um Google que eu sei, não me engana não…
Pois bem. Todos esses países mostraram ontem que são mais soberanos que o Brasil. O Brasil, o país mais importante da América Latina, membro do BRICS, um dos maiores e mais populosos países do mundo, nação respeitada nos últimos anos até mesmo pelos países avançados.
O Brasil votou ontem, pela primeira vez na história, contra a resolução da ONU que exige o fim do bloqueio econômico criminoso que os EUA impõem a Cuba há quase 60 anos. Essa resolução é votada todos os anos desde 1992 e sempre a esmagadora maioria dos países vota a favor do fim do bloqueio. Os únicos países que, em todas as vezes, votaram contra foram os próprios Estados Unidos e o seu preposto no Oriente Médio, o artificial Estado de Israel, criado pelo imperialismo.
Palau costumava votar junto com EUA e Israel e foi o último país a fazer isso, no longínquo 2012. Em 2016, nem EUA e Israel votaram contra o fim do bloqueio, abstendo-se. Mas dessa vez o Brasil substituiu Palau, porque esse país (que é menor do que a cidade de Tanabi, no interior de São Paulo) se recusou a fazer um papel tão ridículo e humilhante.
No entanto, Bolsonaro, o grande patriota, assumiu essa função! Substituiu Palau! Que feito! “Após décadas de submissão […] finalmente o Brasil deixa de ser um anão diplomático”, comemorou Dudu Bolsonaro, aquele que tem um anão de estimação no meio das pernas, segundo algumas testemunhas.
Nem mesmo os outros países imperialistas votaram junto com os EUA. Nem mesmo o governo reacionário, de extrema-direita, de Boris Johnson, amigo de Trump, votou junto com ele. Nem a Itália do fascista Salvini. Nem a Polônia e a Hungria, também governadas pela extrema-direita. Todos esses países são aliados de Bolsonaro, mas votaram a favor do fim do bloqueio a Cuba. Logicamente os motivos que os levaram a isso não são nenhum sentimento internacionalista progressista ou democrático. Mas, ao menos nesse aspecto, não se curvaram diante do imperialismo norte-americano. Nem mesmo a ditadura hondurenha, controlada pelos EUA. Nem a Arábia Saudita, monarquia absolutista que se sustenta somente graças ao apoio norte-americano.
A Colômbia é praticamente uma colônia de Washington na América do Sul. A Ucrânia tem um governo instalado pelos EUA e dominado por fascistas. Mas os dois países ao menos se abstiveram na votação.
Bolsonaro e o esdrúxulo Ernesto Araújo – que, visivelmente, tem distúrbios mentais –, entretanto, foram além.
Bolsonaro se ajoelhou diante de Trump, mais uma vez. E bateu continência na frente do mastro da bandeira norte-americana. O presidente norte-americano, novamente, gozou da cara do “brasileiro”. Brasileiro entre aspas mesmo. Porque Bolsonaro não passa de um serviçal da Casa Branca, uma bonequinha da qual Trump manipula a sua vontade. Uma marionete colocada na presidência do Brasil para entregar o País ao imperialismo. Na verdade, um presidente ilegítimo contra o Brasil e o povo brasileiro. Contra o povo latino-americano. Um inseto que precisa ser esmagado pela mobilização popular, que precisa ser derrubado imediatamente, porque é o maior inimigo que o povo brasileiro já teve. Precisa cair pela ira do povo e precisa ser julgado pelo povo como um verme entreguista e criminoso que é. Um vende-pátria. Ele e todo o seu governo de fascistas.
Bolsonaro manchou de uma vez por todas a dignidade que ainda existia neste País. É responsável pelo maior vexame da história da diplomacia brasileira, maior do que qualquer política adotada até mesmo pelos assassinos fascistas da ditadura militar.
Para demonstrar seu caráter internacionalista, o povo brasileiro deve vingar o povo cubano por esse golpe dado pelo governo Bolsonaro, favorável ao bloqueio genocida contra a ilha. O povo latino-americano viu estupefato mais essa traição. Ninguém irá esquecer isso, Bolsonaro. Sua subserviência não será perdoada. Quando o povo se insurgir e colocar abaixo o seu governo, lembrará de muitas coisas. Da repressão assassina, dos massacres nas favelas e no campo, da destruição dos direitos, da entrega das riquezas nacionais, da venda a preço de banana das nossas empresas… e da vassalagem diplomática ao imperialismo, representada principalmente por esse voto na ONU pela continuidade do bloqueio a Cuba.