Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Nem Lula, nem Bolsonaro

Atos do dia 12 confirmam que Doria e a 3ª via não têm apoio

Os partidos que buscam emplacar uma candidatura alternativa à polarização das forças políticas representadas por Lula e Bolsonaro não demonstraram poder de fogo

A partir dos atos realizados pelos partidos da frente ampla com golpistas neste 12 de setembro é possível tirar uma série de conclusões sobre a situação política nacional. Os partidos que buscam emplacar uma candidatura alternativa à polarização das forças políticas representadas por Lula e Bolsonaro para as eleições de 2022 não demonstraram poder de fogo nas ruas. O fracasso das mobilizações deste final de semana aumenta a crise no interior burguesia, os partidos tradicionais da direita não podem fazer frente às mobilizações bolsonaristas sem a adesão das organizações da esquerda, principalmente do PT e da CUT. Por outro lado, Bolsonaro deu uma grande demonstração de força no último 7 de setembro. 

A ideia de realizar estas manifestações pelo MBL teve como principal motivador o combate principalmente do PCO, de setores do PT e da esquerda contra a presença do PSDB e outros setores da direita golpista, incluso o próprio MBL nos atos construídos pela esquerda e pelos trabalhadores pelo Fora Bolsonaro. A participação do MBL nos atos da esquerda tinha como objetivo a mesma manobra de 2013 quando promoveram o sequestro das mobilizações contra o aumento da passagem do transporte público. Após o desentendimento entre os militantes do PCO e PT com PSDB na Av. Paulista no ato de 03 de julho, o MBL decidiu não participar das mobilizações da esquerda e resolveram chamar um ato próprio. 

Entre os partidos que aderiram às manifestações deste domingo estão o Novo, Cidadania, Rede, PSB, PDT e PCdoB, além de setores do PSDB e do PSOL, como a deputada Isa Penna, contrariando a direção nacional. Os setores, que aderiram às manifestações do MBL e Vem pra Rua (VPR) que impulsionaram o golpe de Estado contra a presidente Dilma Rousseff nas ruas, são defensores abertos da frente ampla. A pressão dos setores contrários a política de conciliação com a direita tradicional golpista que apoiou Bolsonaro contra o ex-presidente Lula e o PT fez com as direções das organizações de esquerda se manifestassem por meio de nota a não adesão aos atos como foi o caso do PSOL. O Partido dos Trabalhadores também emitiu nota depois da manifestação de seus parlamentares. 

A política de frente ampla surgiu do esvaziamento das bases do centro político (direita tradicional), que se radicalizaram migraram para extrema-direita comandada pelo presidente golpista Jair Bolsonaro. A campanha da imprensa burguesa contra o PT que tinha como objetivo favorecer o PSDB, representantes legítimos da burguesia imperialista, acabou criando a base popular de Bolsonaro e o alçou à presidência. A agitação de Bolsonaro junto a essa base o coloca em choque com a política da burguesia, o que frequentemente aparece na questão do armamento civil e dos combustíveis, o que coloca em risco a dominação dos setores mais poderosos dentre os capitalistas. Desde então os partidos da direita tradicional buscam recuperar o terreno perdido para Bolsonaro e se reciclarem utilizando a esquerda através da frente ampla.

O problema é que com a liberdade do Lula e com a recuperação de seus direitos políticos, que não foram resultado do Supremo Tribunal Federal (STF) e sim da mobilização popular, a ideia de uma frente sem o PT na cabeça cai por terra. A frente ampla, encabeçada na esquerda principalmente por Guilherme Boulos (PSOL), líder de campanhas como “Não vai ter Copa”, abertamente contra o governo de Dilma Rousseff em meio ao processo golpista, tinha como objetivo criar uma frente com os golpistas que pavimentaram a ascensão de Bolsonaro à presidência. A apresentação de Lula, a maior liderança popular do Brasil, como candidato da esquerda acabou por dificultar os planos da burguesia. 

Diante da ruptura com setores da direita como governador João Doria (PSDB) e da instalação Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar supostas omissões e irregularidades do governo federal durante a pandemia da COVID-19, os apoiadores de Bolsonaro foram as ruas em todo país no dia 1º de maio para demonstrar apoio ao presidente. Na cidade de São Paulo, Doria entregou a Av. Paulista para os bolsonaristas que ocuparam 4 quarteirões (30 mil pessoas). No mesmo dia, a esquerda pequeno-burguesa de conjunto, que desde o início da pandemia adotou a política do “fique em casa”, deixou as ruas para a extrema-direita e optou por realizar um evento virtual com a participação de inimigos do povo como Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Rodrigo Maia (DEM).  

O único ato presencial da esquerda no dia internacional de luta dos trabalhadores, assim como no ano anterior, foi organizado pelo PCO. Foram reunidas em torno de 2 mil pessoas na Praça da Sé na cidade de São Paulo. Após romper o dique de contenção das mobilizações da esquerda, a Central Única dos Trabalhadores convocou atos para o dia 29 do mesmo mês, quando mais de 400 mil pessoas ocuparam as ruas em mais de 200 cidades por todo país, na cidade de São Paulo 80 mil pessoas compareceram à Av. Paulista. No ato do dia 19 de junho, mais de 750 mil pessoas foram às ruas, São Paulo reuniu 95 mil manifestantes.  

A partir do ato de 3 de julho, inicialmente marcado somente para o dia 24, começa a sabotagem da esquerda que estava a reboque da CPI. O primeiro ato marcado às pressas, depois da decisão equivocada e arbitrária de algumas organizações da Frente Fora Bolsonaro de marcar com espaçamento de mais de 30 dias, teve naturalmente uma pouco menor. O segundo já acontece rachado principalmente pelo PCdoB que se reuniu na sede do PSDB e deu palanque para os tucanos. No dia 18 de agosto, que tinha a possibilidade de ser muito grande tendo em vista a paralisação dos servidores públicos, a sabotagem foi geral.  

No 7 de setembro, João Doria não permitiu que o ato da esquerda ocorresse na Av. Paulista cedendo-a para Bolsonaro e chegou a proibir que acontecesse também no Vale do Anhangabaú, que acertadamente foi mantido pelas organizações da esquerda. Em meio as pressões do STF e as vacilações da esquerda, Bolsonaro apresentou um grande poder de força nas ruas com grandes atos em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Na capital paulista, a manifestação na Av. Paulista reuniu mais de 125 mil manifestantes. A envergadura da mobilização bolsonarista enterrou qualquer possibilidade de impeachment neste momento e resultou num acordo momentâneo entre a burguesia e Bolsonaro. 

O ato do dia 12 de setembro era uma espécie de prova dos nove para os defensores da frente ampla e da terceira via para as eleições de 2022. Como era esperado os atos deste domingo foram um fiasco sem a participação das organizações políticas da esquerda, o próprio deputado Arthur do Val (Mamãe falei), um dos organizadores, reconheceu “a gente organizou este caminhão, fez toda essa manifestação e acabou não vindo ninguém”. O ato que defendia “Nem Lula, nem Bolsonaro” também não teve público. Confirma-se assim que os partidos de direita e da esquerda burguesa não acrescentam em nada nas mobilizações como já havia sido demonstrado no dia 24 de julho e que nas ruas Bolsonaro tem mais força que a frente ampla. 

O objetivo do MBL e da direita golpista nunca foi disputar os atos de rua, mas utilizar das mobilizações da esquerda para impulsionar a candidatura de João Doria, o “santo da vacina” candidato da burguesia à terceira via. Esses abutres não tem qualquer compromisso com a luta do povo, se opuseram à esquerda e às demandas populares em todas oportunidades, derrubaram uma presidenta eleita democraticamente pelo voto popular e assim farão novamente se tiverem que escolher entre Lula e Bolsonaro.  

Neste sentido, para fechar de uma vez a porta deixada entreaberta para a frente ampla, conforme as declarações de dirigentes do PT e PSOL, é preciso que Lula compareça às próximas manifestações. Somente a presença da maior liderança popular nos atos pode enterrar de vez a terceira via do PSDB e se colocar como liderança do movimento pelo Fora Bolsonaro. O ex-presidente Lula é uma arma poderosa de mobilização que a esquerda deve utilizar para fazer frente as mobilizações bolsonaristas. É preciso defender uma alternativa independente da burguesia, um governo dos trabalhadores da cidade e do campo com Lula Presidente. Por um congresso do povo e uma Nova Constituinte!

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.