Em sua última análise política na TV 247, o jornalista Breno Altman voltou a se posicionar contra a campanha pelo “Fora Bolsonaro”. O argumento central defendido por Altman é o de que “não existirá saída mágica pelo Fora Bolsonaro”. “Ele chegou ao governo através de uma construção política ideológica muito profunda e hoje temos uma maioria conservadora no País”. Em outras palavras, o golpe é vitorioso no país. Temos uma condição de domínio da extrema-direita no país e o que restaria para a esquerda é adotar uma política de “resistência”, para quem sabe, em algum momento futuro, ou como afirma o próprio entrevistado, “tal processo e longo, exigirá muita capacidade de mobilização e reconstrução”.
Essa colocação tem problemas pelo menos de dois pontos vistas que são determinantes para a esquerda, a classe operária e os oprimidos do País.
Em primeiro lugar, não colocar como a luta por derrubar Bolsonaro significa, na prática, capitular diante da política de destruição do País, do avanço do esmagamento das conquistas sociais alcançadas pelos trabalhadores em mais de um século de lutas, pelo avanço no fascismo expresso na política consciente do imperialismo em se antecipar diante da evolução da profunda crise mundial que se avizinha e daí à necessidade da burguesia mundial em preparar a extrema-direita diante da hecatombe que significará a política neoliberal para os países atrasados. O que será o Brasil em 2022?
O fascismo, ao contrário do que diz Altman, não é uma ideologia, mas simplesmente uma política de ocasião da extrema-direita para criar as condições para impor o esmagamento da esquerda e levar os explorados a uma condição de paralisia, de imobilidade, de inação.
A extrema-direita não é produto de uma direitização da sociedade. Muito ao contrário. É uma política do imperialismo diante da própria decomposição do capitalismo. É uma política de reação. De defensiva.
É justamente desse ponto de vista que se coloca o outro problema que expressa a falta de confiança de Altman com relação à “incapacidade” da luta dos explorados em se opor ao golpe e ao governo Bolsonaro: não é possível testar a política do fora Bolsonaro se não se defende essa política.
O “fora Bolsonaro” é uma necessidade objetiva da classe trabalhadora. Caso o bolsonarismo saia vitorioso, a esquerda será esmagada e por conseguinte a classe operária. Caso seja verdadeira “a vitória ideológica”da direita” – e não existe nenhum elemento que aponte nesse sentido -, só a prática, uma luta política real, pode testar a validade da correção da defesa pelo “fora Bolsonaro”.
Aliás, na pior das teses, se fosse fato que existe uma “direitização” da sociedade, isso apenas significaria que a esquerda deveria ir com mais intensidade ainda lutar contra o golpe e isso significa lutar pelo fora Bolsonaro. Contemporizar com a capitulação, apenas vai fazer avançar o golpe de Estado.
A realidade vai de encontro à percepção de Altman. O povo já grita nas ruas o “Fora Bolsonaro” pelo menos a partir do carnaval. As grandes manifestações de maio e junho aprofundaram de uma maneira explosiva esse sentimento. Todo o problema consiste se a esquerda será vanguarda ou retaguarda nessa luta contra a extrema-direita e o golpe. Ao que tudo leva a crer, para Altman o que vale é a retaguarda. Diante dessa situação o que será de Lula, que Altman diz defender?