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Epidemia dos Opióides – EUA

A que ponto o identitarismo chegou

Burguesia dos EUA utiliza o artifício identitário do "empoderamento" e da “mulher negra” para incentivar o uso de opióides.

Opióides é um gênero de drogas que incluem os opiatos (por exemplo, morfina e codeína), oxicodona (Oxycotin, Percocet), hidrocodona (Vicodin, Norco) e fenatil. Tradicionalmente, os opióides vêm sendo receitados como analgésicos, por serem muito eficazes no tratamento de dores intensas, agudas[1].

A potência e a disponibilidade dos opióides fizeram popularizar seu uso, tanto como medicamento quanto como droga recreativa.

O seu uso contínuo pode gerar tolerância e proporcionar uma necessidade cada vez maior de ser consumido e, como consequência, levar à dependência.

Entre os principais efeitos que podem levar a uma dependência física (e mesmo psicológica) estão: a ação analgésica, sensação de felicidade e euforia.

Situando-nos no presente, os Estados Unidos vem sendo assolado pelo uso excessivo de opióides, a ponto de a situação de se tornar uma epidemia.

De acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o uso excessivo de opióides se tornou uma epidemia no final dos anos 1990, quando tais substâncias começaram a ser frequentemente receitadas como substância analgésica, ou seja, para o tratamento de dores.

Para se ter uma ideia da gravidade da situação, estima-se que em 2021 mais de 100.000 pessoas morreram por overdose de opióides[2]. De 1999 a 2020, cerca de 841.000 pessoas morrem de overdose em geral, sendo que os opióides foram responsáveis por mais de 500.000 dessas mortes[3].

Diante dessa situação desesperadora para o povo norte americano, qual é uma das medidas que burguesia imperialista dos EUA faz? Utiliza um artifício do identitarismo para incentivar o uso de opióides.

Uma campanha publicitária iniciada neste mês de maio pelo Departamento de Saúde da Cidade de Nova York vem se utilizando do expediente identitário da “mulher negra” para incentivar o uso de opióides.

Pelo nome de “Let’s Talk Fenatyl” (precisamos conversar sobre fenatil), anúncios publicitários estão espalhados pelo metro de Nova York.

Em um deles, há uma foto de uma mulher negra com uma legenda ao seu lado, que diz o seguinte “Não se envergonhe de estar usando (fenatil), mas se sinta empoderado por usar com segurança” (tradução livre).

Vejamos o anúncio:

Estamos claramente diante de um expediente identitário. Para quem acompanha o desenvolvimento da situação política no mundo, especialmente no Brasil e nos Estados Unidos, sabe que a burguesia vem utilizando a “mulher negra” como disfarce para todo tipo de monstruosidade a ser feita contra os explorados. “Empoderar” também é um típico vocabulário do identitarismo.

Por mais que possamos prever a conduta da burguesia em atacar o povo, às vezes somos pegos de surpresa com o nível escatológico de seus métodos.

Nos EUA, já vimos a mulher negra sendo utilizada como propagandista da CIA. No Brasil, há certa mulher negra que se coloca como aliada dos oprimidos, enquanto que ao mesmo tempo é garota propaganda da Prada. Mas quem esperaria ver o expediente da “mulher negra” sendo utilizado para incentivar o povo americano a continuar utilizando opióides? Ainda mais em um país que passa por uma epidemia extremamente grave?

Será este o fundo do poço do identitarismo? Provavelmente não. Esse expediente acompanha a decadência da sociedade capitalista. E, quanto mais decadente, com mais frequência a burguesia acidentalmente revela sua podridão para o mundo. E como o identitarismo é um expediente próprio da burguesia, podemos esperar mais situações escatológicas como esta.

De qualquer forma, esse novo acontecimento só reforça o que o Partido da Causa Operária vem dizendo: o identitarismo é algo reacionário! Não está a serviço dos setores explorados da sociedade, muito embora possa ter essa aparência. Ele precisa ser continuamente combatido, e a esquerda precisa se desvincular dessa política burguesa.

A debacle do identitarismo é invetitável. Essa política tende a cair à medida que a polarização social se aprofunda, pois é um expediente utilizado por aquele setor do imperialismo que tenta prolongar o atual status quo.

A esquerda que se recusar a se desvincular dessa política, irá afundar junto com ela.

Quem viver, verá.


[1] https://en.wikipedia.org/wiki/Opioid_epidemic_in_the_United_States.

[2] Products – Vital Statistics Rapid Release – Provisional Drug Overdose DataCenters for Disease Control and Prevention. Scroll down the page and click on the dropdown data table called “Data Table for Figure 1a. 12 Month-ending Provisional Counts of Drug Overdose Deaths”. The number used is the “predicted value” for the 12 month period that is ending at the end of that month. That number changes as more info comes in.

[3] “Data Overview | CDC’s Response to the Opioid Overdose Epidemic | CDC”www.cdc.gov. October 15, 2021. Retrieved November 15, 2021.

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