As manifestações deste dia 24 marcaram o quarto dia de atos nacionais pela derrubada do governo Bolsonaro. Foram centenas de milhares de pessoas nas ruas, exigindo Fora Bolsonaro e também Lula Presidente. Contudo, por outro lado, a imprensa burguesa aumentou sua pressão contra o movimento, realizando uma forte campanha pela inserção da direita nas manifestações e alegando que o movimento já estaria se “cansando” devido ao “número de atos”.
Esta campanha cínica, vista sobretudo no jornal Folha de S.Paulo, pressiona justamente o setor mais vacilante da esquerda, aquele que desde o primeiro momento se colocou contra as manifestações, e agora defende a frente ampla no interior do movimento. Assim, partidos como PCdoB, engrossam a campanha de que as manifestações deveriam ocorrer novamente só depois de 45 dias, desmobilizando toda população.
Este tipo de posição só consegue exercer uma pressão sobre o movimento graças à falta de mobilização por parte dos sindicatos. Com a ausência das principais categorias, ou seja, do principal setor da classe operária organizada, nas manifestações, a frente ampla consegue agir com muito mais facilidade no interior do movimento.
Felizmente, no último dia 24 a Central Única dos Trabalhadores (CUT) decidiu tomar uma posição mais firme quanto as manifestações, e mobilizou uma parcela do seu aparato, levando bandeiras, representantes de importantes categorias, e organizando um maior bloco nas ruas de várias cidades do país. A ação da CUT acompanhou a radicalização do próprio movimento e os enfrentamentos contra a frente ampla vistos em atos anteriores.
A CUT dessa vez convocou uma parcela dos metalúrgicos do ABC, como também organizou os Petroleiros e os Ecetistas para estarem mobilizados nas manifestações. Uma outra medida importante, foi o anúncio da greve dos servidores públicos para o dia 18 de agosto, dando um passo decisivo rumo a uma maior mobilização da categoria e elevando as possibilidades de uma verdadeira greve geral contra o governo Bolsonaro.
Todas estas medidas foram importantes, contudo, precisam ser fortalecidas durante este próximo período. As manifestações chegaram em uma nova etapa, de um lado a população está cada vez mais radicalizada, e disposta a conquistar nas ruas a derrubada do governo e a eleição do e-ex-presidente Lula. Por outro lado, a direita também aumentou o tom, e por meio da imprensa burguesa e a frente ampla, estão realizando uma forte campanha de desmobilização e de estruturação da terceira via no interior do movimento.
Para barrar a ação da burguesia golpista, o único caminho é intensificar a mobilização. A CUT, por isso, como a única central de fato dos trabalhadores brasileiros, precisa tomar a frente e iniciar uma grande campanha de rua. É necessário lançar milhões de panfletos para todo país, iniciar nos centros urbanos como também nas comunidades uma campanha de mobilização, junto à classe trabalhadora. Até o momento isso não foi feito, contudo a mobilização dos trabalhadores representará o ponto de virada das manifestações.
Assim, os sindicatos precisam colocar seus sindicalistas nas portas de fábrica, conversando com os trabalhadores, convocando plenárias abertas nos locais de trabalho, nos bairros e realizando uma forte campanha de agitação política em torno das principais revindicações da população brasileira. Dessa maneira, os trabalhadores terão a chance de participar ativamente do movimento.
É preciso ficar claro que se a CUT verdadeiramente se mobilizar, o regime golpista pode vir abaixo. A explosão social e a indignação por parte dos trabalhadores é enorme, nem mesmo as pesquisas realizadas pela imprensa burguesa são capazes de disfarçar a enorme impopularidade de Bolsonaro, ao mesmo tempo que Lula, a figura mais atacada pelo golpe de estado e vista como candidato dos trabalhadores, cresce a cada semana. Além disso, o desemprego, a fome e a miséria crescem a níveis inéditos no século, sem falar do grande genocídio realizado pelo governo, que matou mais de meio milhão de pessoas com a pandemia. Para os trabalhadores, a expectativa é de um chamado de sua principal organização, a CUT.
Dessa forma, com a CUT intensificando sua mobilização, nada poderá conter as manifestações. É preciso também destacar a importância de um chamado à greve geral. Acompanhando a mobilização dos servidores neste dia 18, uma greve geral por tempo indeterminado será fundamental para impulsionar o movimento. Com os trabalhadores em movimento, não apenas as manifestações crescerão, como também a frente ampla será barrada nas ruas, e a política de infiltração da burguesia será com muito mais facilidade impedida de ocorrer caso nas manifestações haja uma sólida base operária.