O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, segundo documentos do próprio governo, irá enviar uma carta à União Europeia pedindo um adiamento do processo do Brexit, caso não haja uma proposta oficial de separação até o dia 19 de Outubro. Parlamentares de oposição e membros do próprio Partido Conservador, ao qual Johnson faz parte, já haviam aprovado uma lei que extendia o prazo final do Brexit, mas o primeiro-ministro diz optar por cumprir o referendo e o prazo estipulado anteriormente para o dia 31 de Outubro, havendo acordo oficial ou não.
Johnson, que é uma espécie de representante mais direitista da burguesia do Reino Unido, diz defender o Brexit a qualquer custo até o fim do prazo, tentando assim manter a preferência da população britânica, que escolheu pela saída da União Europeia. A gigantesca demagogia que o primeiro-ministro do Partido Conservador faz busca atacar a esquerda em favor dos capitalistas, uma vez que os cidadãos do Reino Unido apresentavam um deslocamento político natural à esquerda e uma preferência eleitoral pelo Partido Trabalhista, em especial o setor que apóia o líder da oposição Jeremy Corbyn, que genuinamente defende o Brexit com insistência.
A pretensa manobra política demonstra, na realidade, que o principal setor da burguesia britânica se opõe à saída do Reino Unido da União Europeia. Johnson, ao adiar o prazo do Brexit por meio de tratados oficiais, busca defender e manter os interesses dos grandes capitalistas que muito se beneficiam com os acordos comerciais já estabelecidos com os países do continente europeu por meio da união. A extrema-direita, embora faça demagogia para convencer os setores mais conservadores da pequena-burguesia e das classes médias contra o “sistema”, são, na realidade, verdadeiros serviçais do grande capital contra a esquerda. Historicamente, os líderes mais reacionários sempre foram apoiados pela burguesia, que desesperada com o desenvolvimento da população para a esquerda, movimenta a máquina fascista para destruir as conquistas democráticas e as conquistas dos trabalhadores, realizando assim de tempos em tempos, uma manutenção pela existência de um capitalismo falido e moribundo.
O primeiro-ministro do Reino Unido, que é a manifestação de um deslocamento necessário à direita do próprio Partido Conservador, cumpre bem o seu papel de agente policialesco contra o deslocamento político da população britânica à esquerda. Portanto, é importante deixar claro que a promessa de Boris Johnson de cumprir o prazo final do Brexit é uma farsa total.