Vítima da onda de golpes dados pelo imperialismo em toda América Latina, a Argentina foi um dos primeiros grandes países a serem levados ao caos econômico e social devido a política de destruição nacional e subserviência aos grandes capitalistas estrangeiros.
Tal crise culminou na enorme queda, da já pequena, popularidade do governo neoliberal de Macri, financiado pelo imperialismo, agindo contra o povo argentino.
Se a política de Macri foi capaz de por o país em uma situação de calamidade, era de se esperar que a reação popular não demoraria a vir. Já no meio de seu governo, Macri, o queridinho da imprensa capitalista e figura de inspiração da extrema direita, viu se formar uma revolta dos trabalhadores que se espalhou por toda Argentina.
Seu governo estava na lona, tendo que recorrer ao FMI como forma desesperada de se manter economicamente, enquanto o mesmo significava o aumento da exploração do povo. O desenvolvimento da situação, deixou evidente que o povo argentino não suportava mais Macri, algo bem parecido com o que ocorre hoje com o governo Bolsonaro.
Porém, as direções de esquerda resolveram postergar a luta para as eleições, atrasando a mobilização dos trabalhadores e jogando todas as fichas em algo que tem tudo para ser fraudado.
Inicialmente, devido a enorme pressão popular, Cristina Kirchner tornou-se novamente a principal candidatura da esquerda, uma contraposição ao macrismo.
No entanto, sua candidatura foi duramente atacada pela burguesia argentina, e por fim, veio a desistir de ser a cabeça da chapa, colocando Alberto Fernández, representante de uma ala direitista do peronismo, como candidato à presidência.
Devido a grande crise em que o governo Macri se encontrava, todas essas manobras da burguesia não foram o suficiente para impedir que a chapa de oposição tornasse de longe a favorita a ganhar o cargo.
Ao chegar as primárias, Fernández saiu com uma vitória acachapante sobre Macri, tendo todas as espectativas voltadas a sua suposta eminente vitória.
Porém, a burguesia argentina não está disposta a ceder um único espaço no governo para uma política que não seja a desejada pelo imperialismo. Por isso, em pleno auge das eleições nacionais, foram completamente abolidas as pesquisas de opinião, uma forma descarada de se impedir que fique a mostra a grande falta de popularidade do governo Macri.
Esses tipos de pesquisa, como muito já denunciado neste jornal, sempre representaram uma tentativa fraudulenta da se influenciar os resultados eleitorais, justificando fraudes e interferindo nas escolhas da população.
Contudo, se estamos em um ponto onde estas ferramentas de manipulação não estão sendo nem usadas pela burguesia, significa que a distância entre os dois candidatos é tão grande, que mesmo as fraudando, o resultado não teria como ser diferente, apontando uma enorme vitória de Fernández sobre Macri.
Agora, com esta modificação, as eleições argentinas encontram-se em um estágio de suspense. É claro que a oposição é muito favorita a ganhar, porém, está ainda mais fácil da burguesia fraudar o processo eleitoral, pois não há mais nenhuma base de referência que indique a vitória de um ou do outro, neste momento, fica ainda mais difícil de saber quem que irá sair na frente quando as urnas abrirem e até que ponto a burguesia poderá agir em cima.