O dirigente da corrente Resistência, do Psol, Valério Arcary, publicou no portal de sua organização, Esquerda Online, artigo afirmando que “a existência de nove Centrais sindicais no Brasil é uma anomalia, talvez até uma aberração”. Arcary diz ainda que “Os capitalistas não têm sua representação fragmentada” e que “A classe trabalhadora não é tão homogênea para poder ser representada por um só partido, mas pode ter, talvez, uma só Central sindical”. Podemos dizer que o dirigente do Psol descobriu a pólvora: os trabalhadores não podem ser divididos em suas organizações.
Mas existe uma coisa, que está implícita na política de Arcary, mas que ele não explica. Se é uma “anomalia” ter nove centrais e fragmentar a classe trabalhadora, por que Arcary e sua organização continuam na Conlutas, mais ainda, por que Arcary defendeu e defende o rompimento com a CUT?
Ele tenta explicar, mas não explica nada. Segundo Arcary, durante o governo do PT seria justificável romper com a CUT porque na concepção dele: “depois da eleição de Lula a divisão da CUT remete ao tema do aparelhamento pelo PT. A adaptação da CUT ao regime democrático-eleitoral nos anos noventa foi regressiva, mas seu aparelhamento pelo PT, e capitulação aos governos do PT foram uma tragédia”.
Esse era um dos argumentos usados pelo PSTU – Arcary é um dirigente recém saído do partido – para defender o rompimento da CUT. Para disfarçar que na realidade chamavam um setor da esquerda a uma política divisionista, defendia a ideia totalmente sem fundamento de que, como o PT era governo, seria preciso abandonar a CUT por sua ligação com ele. Uma explicação falsa. Os revolucionários explicaram que não se deve abandonar a classe operária ali onde ela está, mas é preciso levar adiante um política independente que mobilize os trabalhadores. Se a direção é traidora ou, como dizem Arcary e o PSTU, aparelhada pelo PT, cabe lutar dentro da central e não dividir os trabalhadores.
Por isso, Arcary foi um dos principais defensores da divisão dos trabalhadores. Conforme ele mesmo afirma no artigo, a Força Sindical foi criada pelos patrões da FIESP para dividir os trabalhadores e esvaziar a CUT.
Durante o governo Lula, a Conlutas foi usada pelos patrões para abrir o caminho para pulverizar as centrais sindicais. Arcary e o PSTU têm responsabilidade pelo que hoje Arcary chama de “anomalia” da pulverização das centrais. Foi depois da Conlutas que vieram a maior parte das ditas centrais que Arcary nomeia no artigo.
A Conlutas é uma organização de brinquedo, sem base de trabalhadores, mas serviu como cobertura ideológica para justificar que outras organizações rompessem com a CUT e formassem as “centrais”.
Arcary não prefere esconder essa história. Agora que a polarização política joga a Conlutas e o PSTU para uma frente única com os golpistas, Arcary prepara talvez seu rompimento com a Conlutas. Aguardemos.