O procurador Augusto Aras foi indicado por Bolsonaro no último dia, passando por cima da lista tríplice, votação realizada entre os procuradores no país todo e seguida pelo golpista Michel Temer e pelos ex presidentes Lula e Dilma.
A indicação de Aras é uma evidência da luta interna dentro do bloco golpista, uma vez que Aras não era o candidato da Lava Jato e dos setores mais ligados ao imperialismo.
Apesar de superdireitista, a esquerda nem criticou essa nomeação, ficou a favor porque os agentes da Lava Jato estão contra. Porém, na PGR (Procuradoria Geral da Repúlica), Aras vai aprofundar o regime bolsonarista.
Segundo o Estadão, importante porta-voz de um setor da burguesia brasileira, em artigo publicado no último dia 5:
“Aras se colocou como favorável à agenda de reformas do governo, teve o apoio dos filhos de Bolsonaro e de um dos ministros mais prestigiados pelo presidente, Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura. Ele foi considerado importante para destravar a concessão da Ferrovia Norte-Sul. Bolsonaro dizia querer alguém que não atrapalhe o progresso do País.”
Em artigo publicado um dia depois, no último 6, Aras declarou a outro jornal golpista, O Globo:
“Eu não posso, como cidadão que conhece a vida, como sexagenário, estudioso, professor, aceitar ideologia de gênero […]. Não cabe para nós admitir artificialidades. Contra a ideologia de gênero é um dos nossos mais importantes valores, da família e da dignidade da pessoa humana.”
A vice líder do PT na câmara, Erica Kokay, denunciou:
“Novo PGR indicado por Bolsonaro, Augusto Aras, declara-se conservador, contra “ideologia de gênero”, criminalização da homofobia e cotas raciais em universidades. Defende excludente de ilicitude para ruralistas que atirarem em movimentos sociais. É o medievalismo na Procuradoria-Geral da República (PGR).”
É preciso acompanhar o desenvolvimento da luta interna da burguesia golpista, pois a indicação de Aras parece uma reação do bolsonarismo à Lava Jato, ocorre num momento em que a operação ficou isolada devido à desmoralização provocada pelos vazamentos das conversas de Moro, Dallagnol e outros procuradores pelo Intercept. Por outro lado, parece um avanço do bolsonarismo dentro das instituições do Estado rumo a um regime de força contra a povo e suas organizações.