A ditadura monárquico-reacionária saudita condenou, nos últimos dias do ano de 2020, a ativista de 31 anos, Loujain Al-Hathloul. A sentença, anunciada no dia 28 de dezembro, deixará a ativista encarcerada por 5 anos e 8 meses. Loujain foi condenada pelo “bárbaro” crime de lutar pelo direito das mulheres sauditas de poder dirigir. Ela já vinha cumprindo prisão – sem estar julgada – há dois anos e meio em uma unidade prisional de segurança máxima.
A arbitrariedade e o caráter ditatorial da condenação de Loujain fica explicitado pelo fato da ativista ter sido presa semanas antes das mulheres ganharem o direito de dirigir na Arábia Saudita. Junto à Loujain, outros ativistas acusados de ter contatos com ‘organizações hostis’ também foram presos. Desde então, várias organizações ao redor do mundo favorável aos direitos humanos pedem a libertação da ativista saudita.
Mesmo diante das evidências que demonstram a ausência de crime contra o Estado cometido por Loujain,, o Tribunal Criminal Especializado Saudita, criado para julgar casos de terrorismo, a condenou por ameaçar a “segurança nacional” e “favorecer a agenda estrangeira”.
A família da ativista, assim como organizações de defesa dos direitos das mulheres no país, negam as acusações e afirmam que a ativista foi torturada na prisão, desde quando foi encarcerada. Cinicamente, as autoridades judiciais sauditas negam as acusações de tortura e de que a prisão foi por conta do “ativismo dela”.
Informações dão conta que “parentes da ativista disseram que ela foi mantida incomunicável por três meses após a prisão e sofreu choques elétricos, chicotadas e assédio sexual. A família ainda afirma que foi oferecida libertação em troca de declarações públicas negando as torturas” (Portal IG, 30/12). Em novembro, a Anistia Internacional já havia condenado o tratamento desumano, a brutalidade e a hipocrisia do regime saudita diante do caso da ativista.
Embora haja manifestações de condenação de organizações internacionais de direitos humanos às atrocidades do regime feudal obscurantista saudita, o que se percebe é que não há, por parte da maioria dos “regimes democráticos” do ocidente, qualquer condenação mais enérgica e contundente diante das flagrantes violações dos direitos não só das mulheres na Arábia Saudita, mas de arbitrariedades insanas perpetradas contra qualquer forma de oposição política que porventura venha a surgir no país.
A explicação para tal silêncio talvez esteja no fato de que os “governos democráticos” das potências capitalistas ocidentais se encontrem muito ocupados em condenar as “terríveis violações dos direitos humanos” em Cuba, na Venezuela, na China, na Coréia do Note e no Irã. Na reino da Arábia Saudita – que sequer tem uma constituição – talvez não venha ao caso ter uma postura crítica em relação ao que acontece no país dos reis e príncipes reacionários, opressores da própria população.
O episódio envolvendo a condenação da ativista saudita – assim como centenas de outros ao redor do mundo – expõe claramente a hipocrisia dos “governos civilizados” das democracias burguesas do ocidente, dispostos a fazer tábula rasa diante das maiores brutalidades contra os direitos humanos, quando essas violações são perpetradas por regimes com vocação inequivocamente pró-imperialista, como é o caso da Arábia Saudita. Portanto, para o imperialismo, não há qualquer mínima preocupação com a defesa dos direitos humanos onde quer que seja, mas unicamente a conveniência da defesa dos seus interesses econômicos e geopolíticos.