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“Aproximações sucessivas”: PMs e militares galgam prefeituras

Reflexo da política de ocupação pelos militares no governo federal, as eleições municipais mostram o avanço dos policiais e militares nas prefeituras

As eleições municipais de 2020 trouxeram dados alarmantes: foi registrado um aumento no número de prefeitos e vereadores eleitos composto por policiais ou militares. Foi um aumento de 39% em comparação com a eleição municipal de 2016.

No total foram 50 militares ou policiais que se elegeram prefeitos em 2020 de um total de 388 candidatos, ou seja, foram eleitos 12% daqueles que concorreram ao pleito.

O número total de militares ou policiais que se candidataram aos cargos de vice-prefeito ou vereador foi de 6.723 postulantes, um aumento de 11,4% em relação às últimas eleições, segundo dados do TSE, Tribunal Superior Eleitoral.

Quanto ao número de vereadores policiais e militares eleitos o aumento foi de 793 para 809, uma alta de 2%.

Assim, de um total de cerca de 8 mil profissionais ligados à área de segurança que se lançaram candidatos foram eleitos 10,2%.

Foram consideradas candidaturas policiais e das forças de segurança aqueles que se declararam bombeiro militar, membro das Forças Armadas, militar reformado, policial civil ou militar ou ainda nome na urna de cunho militar.

Prefigura-se uma tendência, que acompanha o movimento dentro do governo federal. Desde a eleição de Jair Bolsonaro que muitos dos cargos dentro do governo federal começaram a ser ocupados por militares da ativa e da reserva. Até meados de 2020 já eram 6.157 militares, segundo o Tribunal de Contas da União, que era mais que o dobro do que havia no governo de Michel Temer em 2018.

Nas eleições para prefeito

Considerou-se que 12% dos candidatos a prefeito ligados à área da segurança foram eleitos, uma porcentagem muito alta para qualquer categoria.

Três capitais ainda estão em disputa pela prefeitura. Em Belém o delegado Eguchi (Patriota) teve 23,06% dos votos e disputa contra Edmilson Rodrigues (PSOL), com 34,22%.

Em Aracaju a delegada Danielle (Cidadania), com 21,31% dos votos luta contra Edvaldo (PDT) que teve 45,7%. E em Fortaleza o Capitão Wagner (PROS), que teve 33,32% dos votos, disputa com Sarto (PDT) com 35,72%.

Em Salvador o candidato Bruno Reis (DEM) elegeu-se no primeiro turno. Mas atrás dele estavam dois candidatos militares, Major Denice (PT), indicada pelo governador Rui Costa e Pastor Sargento Isidório (Avante).

Todos estes candidatos são ligados ao bolsonarismo, de orientação mais radical de extrema-direita ou ligados a um setor de direita, com o discurso da luta contra a corrupção, representado pelo ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, que é a cara da chamada Frente Ampla.

Vereadores policiais eleitos por estado

A participação dos policiais na política foi assegurada na Constituição de 1988, mas a classe possui mais privilégios que outras categorias do serviço público. Para concorrer qualquer servidor teria que se descompatibilizar de sua função no mês de abril do ano da eleição. Mas os policiais têm o privilégio de poderem aguardar até a confirmação de seus nomes nas convenções partidárias, o que só ocorre no mês de agosto, o que lhe dá quatro meses de vantagem sobre todos os outros servidores públicos, continuando, nesse período, a associar seu nome à imagem de sua corporação.

A taxa de sucesso dos militares é grande, mas varia bastante de estado para estado. A mais alta taxa foi dos policiais candidatos a vereador no Mato Grosso onde 21,5% deles foram eleitos, ou seja, um para cada cinco candidatos. Na capital Cuiabá foram eleitos três policiais militares para vereador.

Outros doze estados conseguiram eleger mais que a média de 10,2% acima citada. É o caso de estados como Alagoas (18,5%), Paraíba (14,7%) e Rio Grande do Norte (14,4%).

Na direção contrária os estados com menos sucesso nas eleições foram o Amazonas (3,4%), Rio de Janeiro (5,4%) e São Paulo (8,2%). Na capital paulista não foi eleito nenhum policial militar. No Ceará foram eleitos 9,4% dos candidatos. Em Sobral, palco de um motim militar que envolveu o oligarca Cid Gomes, que usou uma retroescavadeira contra um quartel da PM, não foi eleito nenhum policial.

Por partido

Dentre os partidos o mais bem-sucedido foi o MDB, que elegeu 19,8% de seus candidatos policiais, seguido pelo PP (18,5%) e pelo PSD (17%).

O Republicanos, partido que é um braço da Igreja Universal e abriga os filhos do presidente golpista Bolsonaro, elegeu apenas 8,5% dos seus policiais candidatos a vereador, um percentual abaixo do obtido pelo PT, que elegeu 9,7% de seus candidatos. O partido que mais perdeu foi o PSL, a sigla pela qual se elegeu Bolsonaro e da qual se desligou. Eles elegeram apenas 7,5% de seus candidatos policiais.

Houve um deslocamento dos policiais dos partidos da extrema direita para os da direita. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, no ano de 2018, 77,7% dos policiais estavam em partidos de direita e ultradireita. Em 2020 só 57,5% faziam parte deles. Os chamados partidos de centro-direita, que haviam perdido espaço em 2018, foram os beneficiários desse deslocamento, lançando 30,2% dos candidatos policiais. Temos que interpretar estas nomenclaturas da seguinte forma: o que é chamado de direita e ultradireita são os partidos bolsonaristas, a extrema-direita e o que é chamado de centro-direita pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública é a direita tradicional, aquela ligada ao PSDB e seus partidos satélite, como MDB, DEM, PP, PSD e outros. Os números demonstram que foi a direita a grande vencedora das eleições municipais.

Tais números demonstram que o aparato militar segue a máxima proferida pelo vice-presidente General Mourão, das aproximações sucessivas. As forças da repressão estão galgando passo a passo o caminho do poder, um caminho aberto e impulsionado pelo golpe de estado e pela burguesia.

A manobra geral de amplos setores da burguesia é pela Frente Ampla, que busca aliar os partidos da esquerda com a direita para conseguir emplacar um nome de seu agrado, de direita, sem as extravagancias de um Jair Bolsonaro. Nesse sentido o deslocamento dos policiais para os partidos da direita é outro sintoma disso, da burguesia que quer afastar a extrema-direita para estabilizar o golpe de estado e normalizar a situação do país a partir de 2022.

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