Na manhã de ontem (3) o secretário de saúde do município de Salvador, Léo Prates, afirmou em entrevista que, apesar de a taxa de ocupação dos leitos em Salvador terem saltado para 75% após a primeira fase da reabertura do comércio, a segunda fase ainda está mantida.
A insistência pela retomada das atividades a qualquer custo, mesmo com números tão alarmantes e a população em uma situação bastante frágil em meio à pandemia, deixa claro que a reabertura da economia serve não aos interesses da classe trabalhadora, mas sim aos interesses dos capitalistas.
Pelas declarações do secretário a meta para o avanço da reabertura seria ter cinco dias com índices de ocupação de leitos abaixo dos 70%, o que já é um absurdo, ter apenas 30% dos leitos disponíveis com toda a população trabalhadora exposta ao vírus por conta da reabertura. Não bastasse isso a prefeitura de Salvador tem comemorado que em sete dias esteve por dois dias abaixo dos 70%, sendo que a menor taxa foi um alarmante 68%.
É importante destacar que, após a primeira fase de reabertura do comércio, os índices de contaminação e morte da população tem aumentado em diversas cidades, inclusive em Salvador. Isto porque a medida não garante nenhuma proteção aos trabalhadores e à população que sequer são testados ou recebem equipamentos de proteção, o que tem feito com que os números já espantosos, que colocam o Brasil entre os piores países na pandemia, sejam ainda maiores.
A reabertura, portanto, não indica, como quer fazer parecer a burguesia, que as coisas estão voltando ao normal, longe disso: o povo está morrendo cada dia mais, vítima do vírus que trabalha de mãos dadas com a política genocida de deixar a população morrer sem qualquer medida para salvar estas pessoas e barrar efetivamente o avanço da pandemia.
O desespero para reabertura da economia significa na verdade que a burguesia não pode mais sustentar a demagogia do “fique em casa”, que sempre foi uma farsa porque a maioria da população, principalmente a trabalhadora, não podia ficar em casa e absolutamente nada de eficaz foi feito em defesa da população atingida pela pandemia.
Essa mesma burguesia, que chegou a ser defendida por setores da esquerda por serem “científicos” por supostamente defenderem o isolamento social, como é o caso do governo municipal de Salvador que é comandado pela direita através do DEM; agora se dispõe a abertamente colocar a classe trabalhadora na linha de frente do vírus para se salvar da crise capitalista, mesmo que custe a vida dos trabalhadores.
O raciocínio é o mesmo que Bolsonaro expôs há algumas semanas: a população vai morrer de qualquer forma, isto obviamento porque nada é feito para evitar estas mortes já que os recursos que deveriam estar sendo usados com o povo está sendo dado para os capitalistas, então que morram trabalhando para salvar seus patrões.
É preciso exigir o fim da reabertura econômica, um isolamento social eficaz para todos, com toda a assistência necessária e proteção máxima para quem se mantiver trabalhando nos serviços essenciais; bem como exigir medidas verdadeiras de combate à pandemia, desde distribuição de EPI’s e testagem em massa, até a construção de hospitais e desenvolvimento de vacinas.
Isto por sua vez só é possível com a mobilização da classe trabalhadora e demais setores da população que também são afetados por essa política genocida para impor que todos esses interesses e necessidades sejam atendidos.