No último sábado dia 25, o Estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, foi entregue oficialmente à iniciativa privada. No mesmo dia foi realizada a partida final da 51ª edição da Copa SP. Tradicional torneio de categorias de base, em que decidiram o título no clássico estadual gaúcho Grêmio x Internacional com o time de vermelho sagrando-se campeão nas penalidades após empate no tempo normal por 1×1.
A gestão do golpista Bruno Covas (PSDB) concedeu o complexo esportivo por 35 anos a Concessionária Allegra Pacaembu pelo valor de R$ 115 milhões. A data da entrega foi escolhida estrategicamente para o dia da final e aniversário de 446 anos da cidade de São Paulo, mas é um verdadeiro presente de grego para os frequentadores do espaço.
O resultado da privatização do local começa aqui a aparecer de maneira mais concreta com a imagem perturbadora das taças e troféus, verdadeiras relíquias, que foram encontradas em duas caçambas de entulhos na pista de asfalto que circunda toda a parte interna do estádio, em frente ao vestiário masculino da piscina.
Um frequentador do local denunciou ter visto duas pessoas com roupas de serviço que destruíam os troféus. “Eles estavam pisoteando para jogar no lixo e eu não tinha entendido ainda o que estava acontecendo”, diz. “A sensação foi bem ruim. Saber que está passando para a iniciativa privada e que tem um descaso com o patrimônio da cidade”, afirma.
Foi revelado por um funcionário do estádio, que não quis se identificar, que estavam também se aproveitando dos troféus separando as partes metálicas para depois vender para a reciclagem.
A imagem deprimente das taças e troféus no meio do lixo foi registrada pelo fotógrafo Edu Simões, um pouco antes das raridades serem destruídas. “É uma metáfora de conquistas sendo jogadas no lixo”, afirma. “Ao invés de investir em educação esportiva, vai se criar mais um shopping center. Ninguém precisa de mais um shopping na vida. Aqui precisava ser um verdadeiro centro de educação esportiva”, diz.
Os resultados da privatização também se manifestam no bolso dos populares: a cobrança no estacionamento já começou a incomodar os moradores do complexo que temem que outras restrições surgirão. Um verdadeiro ataque contra o povo.
É preciso denunciar que a entrega do patrimônio público é um duro golpe contra a população. Trata-se apenas de mais uma tentativa de elitizar o espaço e tirar as camadas mais populares do local. A privatização dos estádios é a política dos golpistas para o futebol brasileiro.