No último dia 20, foi realizada, no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT15 – Campinas), a audiência judicial entre o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e a empresa MWL. Na audiência, nenhum acordo foi construído, mas a negociação vai continuar independente do encaminhamento do processo, e também a greve, já que a empresa se negou a apresentar uma garantia de pagamento das verbas rescisórias, em caso de fechamento da fábrica.
Desde o dia 21 de setembro, quando iniciou a greve, os trabalhadores pararam ante a possibilidade de despejo da empresa, e estão sem receber. O pagamento dos dias parados, a regularização do transporte e alimentação na fábrica, são as condições impostas à empresa para que a greve acabe.
A direção do sindicato, pelo vice-presidente Renato Almeida, ligada ao CSP Conlutas/ PSTU, organizou a transmissão da audiência para que a categoria acompanhasse, e se pronunciou ao final dizendo que:
“Fica evidente que está se desenhando um calote por parte da administração chinesa da MWL. Os trabalhadores continuarão firmes em sua luta para garantir seus salários e direitos. Se não chegarmos a um acordo, o Sindicato vai buscar todas as medidas judiciais cabíveis”.
Todavia, a exemplo de outras negociações realizadas pelo CSP Conlutas/PSTU, a negociação pode chegar a um termo ruim para a categoria, existindo um temor pelo caminho que ela está tomando.
Também à frente das negociações com a Embraer, que mês passado demitiu 900 trabalhadores que estavam em licença remunerada, um dia após o encerramento do programa de demissão voluntária (PDV) da companhia, que teve 1.600 adesões em todo o país, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, ao invés de organizar uma verdadeira mobilização, com greve, ocupação da empresa pelos trabalhadores, convocação dos movimentos sociais e familiares para apoiar os trabalhadores, e etc, a CSP Conlutas/ PSTU, com o Sindicato, utilizou estratégias que não as tradicionais e eficazes estratégias de luta consagradas pela classe trabalhadora, em troca de outras, tais como audiência de mediação no reacionário Tribunal Regional do Trabalho (TRT), judicialização da luta, e “pressão”, através de cartas ao presidente ilegítimo/fascista Bolsonaro, aos, igualmente fascistas/golpistas governador João Doria (PSDB), presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), pedindo agendamento de reunião para discussão sobre a demissão em massa realizada pela Embraer.
Como já se sabe, estas estratégias de lutas, antes mesmo de se preocupar com os trabalhadores, buscam apoio nesses políticos envolvidos com o governo de Bolsonaro, presidente ilegítimo, cuja orientação é entregar todo o patrimônio brasileiro em privatizações e repassar dinheiro aos banqueiros, políticos da Frente Ampla, de reforço dessa política entreguista, e que também fazem passar no Congresso todas as medidas necessárias para que essa agenda de massacre do trabalhador, de liquidação do Brasil, tenha seu trâmite no legislativo sem obstáculos.
A CSP Conlutas/ PSTU, com essa política equivocada que defende, e que decidiu abandonar as estratégias de luta consagradas pelas vitórias da classe trabalhadora no embate contra a burguesia, alimenta a ilusão de poder ser acolhida por instituições reacionárias, controladas exatamente pela própria burguesia, colocando em jogo o futuro da categoria, que, pela ineficácia das manobras, fica completamente em cheque.
A solução é acabar com o equívoco e retomar o controle da situação com uma real mobilização da classe operária, em um verdadeiro levante com greves massivas, ocupações das empresas pelo trabalhador, envolvendo toda a população contra as demissões, calotes, e a entrega das empresas, antes tarde do que nunca.
A entrega do patrimônio brasileiro com as privatizações, que favorece ao capital financeiro, e facilita as negociações com a colaboração aos patrões na justiça trabalhista, só vai ter fim se atacarmos radicalmente o governo Bolsonaro e todos os golpistas, responsáveis pela política de rapina contra os trabalhadores e da população em geral.