A taxa de jovens negros entre 19 e 24 anos que não concluíram o ensino médio é de 44% para homens 33% para mulheres de acordo com dados do IBGE em relação ao ano de 2018, após o golpe. Especialistas apontam que apesar de que apesar das altas taxas de abandono escolar, quando se trata do recorte específico da população negra esta apresenta uma característica relacionada com questões sociais.
O principal motivo de tais dados tem a ver com o fator sócio-histórico. O racismo se apresenta como uma estrutura de opressão à população afrodescendente desde que esta passou a ser utilizada como mão-de-obra nas plantações de cana de Pernambuco. Mesmo após a abolição da escravidão o negro foi marginalizado sistematicamente. Nesse sentido, os alunos não se veem representados sistema de ensino que em geral não aborda as questões étnico-raciais nos currículos. Mais do que isso, as condições materiais para a permanência na escola são negadas.
Os jovens normalmente tem de abandonar a escola para procurar empregos a fim de complementar a renda familiar. Quando isso não ocorre são obrigados a cuidar dos irmãos mais novos para que as mães possam trabalhar. Os dados do IBGE apontam que a cada 10 alunos que ingressam no EJA, ao menos 6 são negros. Essa política de impossibilitar o acesso dessa juventude à educação é a responsável por “criar os bandidos”. Nesse sentido a direita é responsável por criar o próprio inimigo que eles combatem.
Para a coordenadora da Ação Educativa, Edneia Gonçalves, é preciso que hajam mais políticas públicas democráticas, responsáveis pela inclusão das pessoas na sociedade. A extinção da da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação (MEC), realizada pelo governo do ilegítimo Bolsonaro é uma atitude que vai no sentido oposto. É um ataque direito ao direito à educação para a população negra, periférica e trabalhadora. É uma atitude que contribui ainda mais para a manutenção do racismo estrutural. Segundo as palavras da coordenadora “a extinção quer dizer e não fazer com que as ações que já estavam em curso, as perspectivas que estavam sendo apontadas como de melhoria desse diálogo, está levando a naturalização do racismo estrutural e institucional das escolas. O que nós precisamos, enquanto sociedade, é exigir atenção e políticas que retomem o que havia e que avancem.”