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Eleições na Câmara

Após o “boa sorte” a Covas, agora Boulos apoia candidato de Maia

Garoto propaganda do PSOL abriu o jogo em entrevista à DCM TV na última quinta-feira (17)

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Neste momento, o maior partido de esquerda da América Latina, o PT, está vivendo uma verdadeira guerra interna diante da proximidade das eleições para a mesa diretora da Câmara dos Deputados. Enquanto uma ala mais direitista procura um acordo junto aos partidos burgueses, outra ala, vinculada aos setores que estão na luta contra o golpe, se nega a apoiar uma candidatura da direita. A tensão é tão grande, agravada ainda mais por declarações públicas de ambas as alas, que a presidenta nacional do partido, Gleisi Hoffmann, teve de declarar que o PT não estaria dividido. Contrastando com todo esse cenário de profunda crise política, Guilherme Boulos, filiado ao PSOL, já decidiu qual será a sua política para as eleições na Câmara.

Em entrevista concedida à DCM TV, Boulos afirmou que seria a favor de uma candidatura da esquerda no primeiro turno das eleições na casa legislativa. Contudo, como não teria condições de lançar uma candidatura verdadeiramente competitiva, a esquerda deveria ter o papel, segundo Boulos, de apoiar uma candidatura da direita nacional:

“Nós sabemos qual é a correlação de forças na Câmara, não adianta nós nos iludirmos. Nós não temos maioria, a esquerda não tem força suficiente para ganhar a eleição da presidência da Câmara. (…) no segundo turno da eleição da Câmara, eu acredito que o papel da esquerda é atuar para barrar a candidatura apoiada pelo Jair Bolsonaro, que é representada hoje pelo Arthur Lira”.

A única candidatura com força suficiente para derrotar, nas eleições para a mesa diretora da Câmara, o candidato oficial do bolsonarismo, Arthur Lira (PP), seria, inevitavelmente, o candidato apoiado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM). Assim, embora não tenha colocado às claras, Boulos declarou que, no segundo turno, votaria naquele candidato que for apoiado por Maia. No momento, os nomes mais cotados seriam Baleia Rossi (MDB) e Aguinaldo Ribeiro (PP).

A defesa de uma candidatura no primeiro turno tem, neste caso, pouquíssima importância. Se o próprio Boulos considera que a candidatura da esquerda seria uma candidatura “para perder”, qual seria, então, o sentido de lançá-la? Segundo Boulos, cumpriria o objetivo de marcar uma posição:

“A esquerda precisa, sim, ter um candidato próprio. Defendo, sim, que o nosso campo progressista, de esquerda, tenha uma candidatura para marcar posição em defesa não apenas da democracia, não apenas como forma de bloquear o autoritarismo do Bolsonaro, mas também das pautas populares. Contra o neoliberalismo, em defesa dos direitos sociais, de uma agenda popular para o Brasil”.

Em primeiro lugar, é preciso considerar que quem defende o candidato da direita nacional em segundo turno defende, no fim das contas, a mesma política daquele que o defende logo no primeiro turno. A única diferença neste caso seria apenas que quem lançou um candidato esquerdista no primeiro turno poderia fazer um pouco mais de demagogia, alegando que “tentou, mas não foi possível” vencer a direita. No entanto, nem mesmo esse argumento caberá a Guilherme Boulos, uma vez que ele próprio considera impossível ter um resultado possível.

Em segundo lugar, deve-se questionar: ora, se o único objetivo da esquerda seria marcar uma posição, o que justificaria apoiar um candidato de outro campo político no segundo turno? Se a esquerda fizesse questão de mostrar o seu programa no primeiro turno, qual sentido teria apoiar uma candidatura de programa oposto no segundo turno?

Essa incoerência apenas demonstra que a esquerda pequeno-burguesa abandonou, há muito tempo, se é que já teve, a perspectiva de defender verdadeiramente um programa político. Na medida em que coloca como principal tarefa escolher o programa de um determinado setor da direita para apoiar, está apenas atestando a sua nulidade política. Se já existe o programa da direita nacional, que é o de destruição do País e de liquidação das condições de vida do povo, para que serviria Guilherme Boulos e a esquerda pequeno-burguesa de conjunto?

A nulidade política da esquerda pequeno-burguesa, expressa aqui por Guilherme Boulos, é uma continuidade do mesmo fenômeno que se viu nas eleições municipais. Em todo o país, a esquerda abandonou a perspectiva de lutar contra toda a exploração do regime político golpista para “lutar” contra o “mal menor”. Isto é, “lutar” para escolher, entre o leão e o tigre, aquele que lhe devorará.

A tese do “mal menor”, além de não ter pé, nem cabeça, também demonstra um gravíssimo erro de análise por parte da esquerda pequeno-burguesa. Segundo o meio em que vive Guilherme Boulos, haveria uma divisão na direita entre a “extrema-direita” e a “direita democrática”. Essa divisão fica absolutamente clara na fala de Boulos: a esquerda deveria se posicionar contra o “autoritarismo” de Bolsonaro e, de algum modo, contra a política neoliberal de Rodrigo Maia. Ou seja: para Boulos, embora Maia seja um neoliberal, haveria uma convergência com a esquerda: a luta contra o autoritarismo. Esse interesse em lutar contra o “obscurantismo” e o “negacionismo”, inclusive, foi expresso também por Bruno Covas (PSDB) após vencer as eleições em São Paulo.

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