Após 6 anos a frente da Operação Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol deixa a força tarefa num momento em que a conta – como os dois processos disciplinares contra seus abusos, arbítrios e mesmo crimes – começam a chegar.
A saída de Dallagnol ocorre após o desgaste gigantesco da Lava Jato, que após anos de propaganda da imprensa burguesa como sendo a grande arma do combate à corrupção no país, viu sua popularidade artificial e de seus principais integantes (Moro e Dallagnol) ser varrida do mapa.
Esta crise se deve, em grande medida, a campanha que o movimento da luta contra o golpe de Estado – da qual o PCO e este Diário foram expoentes – fez em torno da perseguição à presidenta Dilma, ao ex-presidente Lula, à esquerda em geral, sobretudo o Partido dos Trabalhadores, principal alvo da operação. A denúncia do caráter totalmente entreguista da Lava Jato, que destruiu a economia nacional em detrimento do capital estrangeiro, bem como de ser uma operação de perseguição política, criou marcas na operação que a imprensa burguesa, mesmo com todo o seu aparato, teve muita dificuldade em esconder.
Essa desmoralização se ampliou para um público cada vez maior com as revelações do Intercept Brasil. Ao trazer vazamentos das conversas entre Dallagnol e Moro combinando sentenças, articulando de forma ilegal a perseguição contra Lula e o PT, a campanha contra o golpe de Estado, pela liberdade de Lula e pela extinção da Lava Jato e de seus processos viu um cenário ainda mais favorável para se desenvolver, o que finalmente resultou num recuo do regime e na soltura do ex-presidente Lula.
A ferida aberta da perseguição política dentro do regime golpista, que também desagradara setores da direita que poderiam ser alvos e que tem representação no STF, no Congresso e obviamente, no governo Bolsonaro – como o caso dos recentes atritos da Lava Jato com o PGR (Procurador Geral da República), Augusto Aras – fez com que aumentasse a pressão para um controle cada vez maior da Lava Jato e de seus integrantes, que passaram de ter as “costas quentes” para cometer crimes contra ex-presidentes para alvos de processos internos, como o caso de Dallagnol no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público).
É nesta crise, que expressa a retirada do imenso apoio da burguesia à operação, que o procurador Dallagnol tem seus processos arquivados e se retira de cena. É a evidência de que houve um acordo no bloco golpista e que após cumpriu seu papel de perseguir a esquerda, entregar o patrimônio nacional aos estrangeiros – como no caso da Petrobras e do pré-sal – e destruir as famílias de milhões de brasileiros, o procurador do “power point” e do “não temos provas, mas temos convicção” se retira para “cuidar da família”.