A grande manchete deste fim de semana no mundo esportivo foi a expulsão de Neymar no jogo em que o Paris Saint-German, clube de Neymar, perdeu, dentro de casa, para Olympique de Marselha. O craque da seleção brasileira afirma ter sido agredido verbalmente por Álvaro González, zagueiro espanhol do Olympique, e revidou a agressão com um tapa no zagueiro.
O Paris Saint-German, corretamente, apoiou seu jogador, através de nota, e mostra-se inclinado a defendê-lo.
Até mesmo a Liga Francesa, devido à repercussão do fato, resolveu investigar o racismo cometido por Álvaro González. Entretanto, mais por pressão do que por vontade própria. Neymar é a principal estrela do campeonato francês, um campeonato com muitos negros e latinos.
Como era esperado, o VAR, a “boa nova anunciada aos quatro ventos”, só “pegou” a agressão de Neymar, mas não a fala racista de Álvaro González. Isto é mais uma prova de que o VAR não passa de uma ferramenta de manipulação de resultados e que deveria ser retirado do futebol. Além dos seus “erros”, também não é capaz de capturar um lance de máxima importância no jogo.
O corpo de arbitragem do jogo, como é comum nos casos de racismo, expulsou a parte ofendida. Pelos casos recentes, como o de Marega, do Vitória de Guimarães, que chegou a receber amarelo por ter respondido aos torcedores do próprio clube que entoaram cânticos racistas, parece até ser uma determinação das comissões de arbitragem punir negros, asiáticos e latinos quando reagem a agressões devido à sua etnia.
Entretanto, o mais grave no caso de Neymar é que ele, além da expulsão, ainda pode pegar sete jogos de suspensão, mesmo denunciando o racismo sofrido. O futebol profissional se mostra como um reflexo da ideologia conservadora imposta pela burguesia.
Recentemente, os casos de racismo vêm sendo denunciados nos esportes e as ligas e clubes gastam recursos com campanhas demagógicas contra o racismo. Porém, isto não passa de propaganda barata para fingir que está sendo feito algo, como se o racismo pudesse ser combatido apenas com meia dúzia de palavras.
Para a pequena burguesia, acostumada a fazer nada, estas campanhas caem como uma luva, pois dão a entender que uma hashtag ou uma publicação resolverão tudo.
Muitas campanhas falam sobre reação dos negros, mas, na realidade concreta, longe da internet, quando a vítima reage, é punida. Pois então, como fazer? Entregar flores? Twittaço?
A reação de Neymar deveria ser promovida, não punida. Mesmo que a agressão isolada não tenha resolvido, se cada negro revidar as agressões impostas a si, se lhe for dada oportunidade de se defender, pensar-se-á muitas vezes antes de se ofender um negro. O que Neymar fez é apenas uma mínima fagulha do que os oprimidos devem fazer.