Poucas semanas depois que o Conselho de Segurança da ONU anunciou a retirada de uma missão conjunta de manutenção da paz da ONU e da União Africana, violentos confrontos entre tribos rivais em Darfur provocaram a morte de mais de oitenta pessoas nas últimas 24 horas, nesta região localizada no oeste do Sudão e caracterizada pela instabilidade e insegurança.
“O número de mortos por causa dos sangrentos eventos que ocorreram em El Geneina, capital de Darfur Ocidental, aumentaram desde sábado de manhã, alcançando 83 mortos e 160 feridos, entre eles membros das forças armadas”, twittou neste domingo o Comitê Central de Médicos do Sudão, próximo ao movimento de protesto que no ano passado derrubou o presidente Omar Al-Bashir, em um golpe junto aos militares.
Segundo as fontes locais e internacionais, os confrontos mortais explodiram depois de uma briga entre dois residentes em um campo para pessoas deslocadas em Genena com um homem da tribo árabe Rizeigat sendo morto a facadas. Assim, membros da família realizaram retribuição no campo de Krinding e em outras áreas no sábado.
Sobre o golpe militar do passado
À época, o exército sudanês, seguindo as ordens do ministro da Defesa Awad Mohamed Ahmed Ibn Auf, forçou a saída do presidente Omar al-Bashir, que estava no poder há 30 anos.
Auf anunciou estado de emergência e a suspensão da constituição do país. A Assembléia Nacional e o conselho nacional dos ministros foram dissolvidos. O controle dos militares foi rápido, mas não total.
O país, que se encontrava em ebulição, viu um conselho militar assumindo o comando durante um período de transição de dois anos, sob a promessa de que em dois anos aconteceriam eleições.
O que este diário colocou à época foi a pergunta: qual seria a necessidade de um golpe?
Parte da população que protestava contra o presidente deposto não gostou da declaração das forças armadas. Segundo a AlJazeera, os manifestantes logo entraram em conflito com o recém autoproclamado regime de transição, já que queriam uma transição feita por civis que não constituíssem o governo antigo.
A ONU (Organização das Nações Unidas) fez declarações, através do golpista Antônio Guterres, segundo a qual o órgão gostaria uma transição democrática. O secretário de relações exteriores britânico, Jeremy Hunt, pediu uma “mudança real” e que o exército no poder “não é a resposta”.
Ficando claro, portanto, que o imperialismo estaria pisando em cascas de ovos, pois um golpe militar sempre pode avançar de modo incontrolável.
Nas manifestações pode ser visto uma classe média formada por médicos, professores e advogados que fez parte do começo dos movimentos. Um grupo saiu às ruas apoiando a queda do governo do Sudão pouco tempo após o presidente da Argélia ser forçado a deixar o cargo por manifestantes de classe média e Forças Armadas.
Tudo aos moldes dos golpes do Imperialismo por todo o globo!
Sudão e Argélia sempre foram extremamente interessantes para a Rússia e China. Além da aliança geopolítica, o governo de Vladimir Putin tinha interesses no minério e na agricultura do país do nordeste africano e as negociações com a China se intensificaram nos anos anteriores ao golpe.
Assim, o Sudão foi dividido em 2011, principalmente aos interesses que o imperialismo tem por seu petróleo. Os EUA já há alguns anos haviam imposto sanções ao país dizendo que ele patrocina o terrorismo. E, coincidentemente, o mesmo era o principal aliado da China no norte da África, junto com a Argélia.
Nada de coincidência na verdade. A Rússia e a China, países com muitas contradições com o imperialismo, viram o Sudão sofrer o golpe militar apenas pouco mais de um mês após a Argélia. Um golpe importantíssimo para o imperialismo em seu controle da África, e justo com a estratégia de suposto terrorismo, o mesmo que agora estão utilizando contra China e Rússia diretamente!
Por fim, o que a ONU fez?
E eis a pergunta que fica sobre a tal ação de paz da ONU: em todos estes anos no país, na região, com toda sua sua influência, a poderosa ONU saiu do país sem resolver os problemas?
É óbvio! A ONU, pelo contrário, interveio negativamente nos territórios como um órgão imperialista e não estava para ajudar ninguém se não os grandes capitalistas imperialistas a conseguirem seus interesses na região.
As agências internacionais, praticamente ajoelhadas, colocam mais este massacre, após as centenas de milhares que já foram mortos, como mais uma justificativa para que a ONU volte e salve aqueles povos.