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Colaboração de classes

Apoiar os “paes” do fascismo contra o fascismo?

A esquerda pequeno-burguesa apoia a burguesia da frente ampla com a esperança de que retorne ao regime normal de dominação burguesa a que estão acostumados

A disputa eleitoral para a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro tornou-se o protótipo mais bem acabado da política de frente ampla que a burguesia quer impor em 2022. Tratou-se de constituir uma estranha frente entre a burguesia; seus partidos tradicionais e a esquerda supostamente contra o “neofascismo” representado pelo candidato Bolsonarista. A frente ampla não declarada no período eleitoral, que muitos não conseguiram ou se negaram a ver, ficou agora escancarada e seu objetivo primordial nu com a decisão pública de setores da esquerda de apoiar “criticamente” Eduardo Paes (DEM) contra Marcelo Crivella (Republicanos) no segundo turno da eleição.

O PT, PCdoB e PSOL em nome do pragmatismo; do “mal menor”, chamaram voto no candidato do DEM, o partido herdeiro da ditadura militar, para derrotar o bolsonarismo representado por Crivella. Até mesmo setores mais esquerdistas, que reivindicam o marxismo, o socialismo participam da ignóbil frente com os piores inimigos do povo, como é o caso do DEM. A direção regional da Resistência/PSOL, no Rio de Janeiro, publicou uma nota em que defende o apoio a Paes como forma de luta contra o Bolsonarismo.

Em nota intitulada: “2o turno no Rio: derrotar Crivella e Bolsonaro, organizar a oposição de esquerda a Paes”, a corrente interna do PSOL faz uma análise errada de conjuntura, chama voto envergonhadamente em Paes e afirma sua vocação de oposição ao novo prefeito. A Resistência tenta convencer o leitor, assim como o restante da esquerda se valeu do mesmo argumento, de que a aliança com o grande capital, colocando-se a serviço dele, é na verdade uma estratégia de luta contra o fascismo.

Segundo a nota, diante do fato consumado:

“A tarefa imediata, no dia 29 de novembro, é impor mais uma derrota eleitoral ao bolsonarismo, derrotando Crivella. O fundamentalismo religioso, que teve na prefeitura do Rio uma posição de força fundamental, é parte orgânica do neofascismo brasileiro, que emergiu ao poder em 2018. Remover do governo esse setor, na segunda capital do país, será um triunfo importante, na medida em que debilitará as forças bolsonaristas, dando sequência aos seus revezes eleitorais sofridos no primeiro turno”.

Destaca-se dois elementos nesse argumento, em especial por ser formulado por corrente interna do PSOL, um dos partidos que mais se esforçou para que o resultado eleitoral fosse o que é agora, o oportunismo e a ilusão política. A posição do PSOL e sua corrente em relação ao segundo turno não é de maneira alguma uma mera posição pragmática, diante do fato consumado, o que não tornaria menor a traição a causa dos oprimidos, mas ainda fruto da aliança anterior deste partido com a burguesia dita “civilizada”. O principal candidato da esquerda a prefeitura do Rio de Janeiro, com mais intenção de votos, que era apoiado pelo PT, dentre outros partidos, Marcelo Freixo, um dos principais líderes do PSOL, declinou misteriosamente de sua candidatura. Segundo ele por não ter conseguido a unidade necessária.

Isso deu lugar a uma profusão de candidaturas da esquerda, completamente direitistas, procurando concorrer com a direita no mesmo mercado, uma vez que os partidos que apoiavam Freixo e o próprio PSOL se recusaram a apoiar a candidata do PT, a melhor colocada nas pesquisas então. O PCO já naquele momento  desvendou o mistério e denunciou o sentido manobra de Freixo, hoje está absolutamente claro do que se tratou. Freixo declinou para atender os compromissos políticos com a frente ampla, com a burguesia, portanto, para favorecer a eleição de Paes.

A Resistência/PSOL esconde que a política de compromisso de seu partido com a burguesia foi, desde o período pré-eleitoral, de contribuir com a candidatura de Paes, o que o PSOL realizou com afinco. Calando sobre o compromisso do PSOL com a burguesia, detém-se na  luta contra o “neofascismo” que, no entanto, aparece, primeiro, de forma oportunista, como justificadora da política de aliança do PSOL com a burguesia tradicional, segundo de maneira completamente mistificada, que demonstra a completa ilusão da esquerda pequeno-burguesa no regime político burguês.

A luta de Dom Quixote contra os moinhos de vento, que ele acreditava serem gigantes, é mais real do que a luta contra o fascismo que o Resistência atribui ao voto em Eduardo Paes, do partido da ditadura militar. A luta contra o fascismo de maneira alguma pode ser vista como um problema eleitoral, somente pode ser entendida como um movimento pratico para unificar a classe trabalhadora em torno de um programa de luta, constituindo assim um polo de atração para as amplas massas oprimidas, demarcando claramente a oposição absoluta com a direita e o fascismo.

Ademais, o que o PSOL e a Resistência, que estão totalmente comprometidos com a frente-ampla; com a burguesia, prognosticam não é nem mesmo o voto na esquerda e o rechaço à direita nas eleições, o que por si mesmo seria completamente insuficiente, mas que os trabalhadores, os oprimidos se comprometam com a burguesia dita “democrática”, “civilizada”, a mesma que deu o golpe de Estado e colocou Bolsonaro e os militares no poder, para que esta exerça sua vocação “democrática” e “civilizada” e barre o crescimento da extrema-direita.

Essa confusão política expressa acima, advém da capitulação completa perante a burguesia que domina o estado de espírito da esquerda pequeno-burguesa e das direções do movimento operário e popular, o que é um dos elementos que abre caminho para o fascismo. Democracia, bonapartismo, fascismo são formas políticas distintas, mas que tem o mesmo conteúdo de classe, são formas de dominação do capital financeiro contra as massas operárias.

As duas causas para o surgimento do fascismo são, uma crise econômica e social aguda e a fraqueza do movimento operário. A burguesia “democrática”, “civilizada” que o PSOL e setores da esquerda estão comprometidos e chamam voto é a mesma classe que impulsiona, organiza, investe, sustenta o fascismo e lhe entrega o poder quando já não consegue manter e expandir seus interesses pelos meios tradicionais. São pais e chefes do fascismo.

Ao apoiar a burguesia tradicional, ou seja, o grande capital financeiro, a esquerda crê que pode deter a marcha do autoritarismo e retornar ao regime normal de dominação da burguesia (democracia) a que estão acostumados, uma política que não serve em nada para classe operária e para os oprimidos, massacrados por esse regime normal de dominação, além do mais ilusória, posto que, não é possível esse retorno sem resolver a crise social e econômica, que implica, para a burguesia, no aumento da exploração e da opressão das massas sem resistência, o que não é possível. Essa política de fortalecer a burguesia tradicional leva inevitavelmente ao enfraquecimento da organização independente dos trabalhadores, a desmoralização dos direções e a completa confusão nas fileiras da esquerda, o que contribui mormente para o crescimento do fascismo, uma vez que a esquerda deixa de ser um polo de atração para as classes médias e setores do proletariados, que caem nos braços do fascismo.

A burguesia tradicional usa da capitulação da esquerda pequeno-burguesa e de suas esperanças, assim como de sua influência nas massas, para seus próprios objetivos, querem retomar as rédeas do país sem o intermédio da extrema-direita, não porque sejam antifascistas e democráticos, que não são de maneira alguma, mas por que preferem um regime em que possam aumentar a exploração e a opressão do povo, assim como fariam os fascistas, no entanto mantendo certa estabilidade, sem os grandes abalos sociais perigosos que o fascismo costuma causar. Enquanto essa via estiver aberta seguiram, se se mostrar inviável passaram o pode a fascismo sem a menor cerimônia.

Essa posição reacionária constitui uma traição aos trabalhadores e ao conjunto dos oprimidos e marca a passagem do PSOL e da Resistência para o campo do inimigo de classe, é preciso combatê-la de maneira intransigente.

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