Enquanto o fascista empossado por meio da maior fraude eleitoral do país no cargo de presidente, Jair Bolsonaro, faz demagogia com setores de sua base eleitoral como os milhares de comerciantes da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), como a realizada em dezembro de 2020 quando em um evento de inauguração da pintura da torre do relógio local disse aos trabalhadores e comerciantes que não iria privatizar o grande entreposto paulista, em um capítulo de sua briga com Doria e a burguesia golpista, a realidade é totalmente diferente.
Na ocasião, o golpista presidente da República afirmou aos comerciantes: “Para quem fala em privatização, enquanto eu for o presidente essa é a casa de vocês. Nenhum rato vai querer privatizar isso aqui para beneficiar seus amigos”. Aproveitando a onda, Bolsonaro turbinou duas semanas depois um protesto legítimo dos comerciantes contra Doria no Ceagesp. O protesto foi motivado pelo aumento de impostos de alimentos e fez o governador recuar.
Há alguns meses, enquanto o casamento Bolsodoria não tinha sinalizado com o desquite, a mesma tentativa privatizante ocorreu, com o hitleriano João Doria anunciando um acordo com o governo federal, pelo qual Bolsonaro transferiria a estatal para que Doria privatizasse e transferisse o entreposto para outro endereço, às margens do Rodoanel Mário Covas, e passaria sua administração para a iniciativa privada.
O plano era privatizar e facilitar os negócios para os capitalistas que pegassem a tremenda barganha, com um grande negócio que teria facilitado o trânsito de caminhões que diariamente abastecem o local com produtos agrícolas de todo o País, aumentando assim os lucros dos setores privatistas. Atualmente a Ceagesp fica localizada no bairro da Vila Leopoldina na capital paulista e é credenciada pelo Ministério da Agricultura, tendo um trânsito diário de cerca de 50 mil pessoas e 12 mil veículos que passam por ali todos os dias.
A negociação de Doria foi costurada com Salim Mattar, então secretário especial de Desestatização e Privatização do governo Bolsonaro, que em agosto do ano passado deixou o cargo acusando o governo federal e o Congresso de supostamente cederem ao lobby do funcionalismo público para paralisar as privatizações.
Ao contrário do que declarou a centenas de comerciantes da Ceagesp, o governo de Bolsonaro e Paulo Guedes continua, no entanto, totalmente ativo no caminho da privatização do órgão federal e mantém estudos para a desestatização da empresa pública.
Em 4 de outubro de 2019, a Ceagesp foi incorporada pelo governo no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), em decreto assinado por Jair Bolsonaro e pelo ministro “tchutchuca dos banqueiros” Paulo Guedes. A partir de então, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pagou R$ 2,6 milhões para duas consultorias apresentarem plano de privatização da estatal em março do ano passado. Em dezembro, quando o presidente fascista, em meio à demagogia com setores de sua base de apoio, entre os comerciantes da Ceagesp descartou vender a empresa, R$ 560 mil já haviam sido pagos, quase um quarto do valor do contrato firmado com as consultorias.
Mas a realidade é que Bolsonaro é um político com inúmeras relações promíscuas com os empresários e os políticos do “centrão” – como vimos nas eleições para a presidência da mesa do Congresso. Neste sentido, no dia 3 de fevereiro último, o Ministério da Economia anunciou que qualquer decisão sobre a venda ou não do entreposto comercial só será tomada após toda uma “análise” (leia-se acordos) ser concluída, o que está previsto para ocorrer até o fim de março.
Os acordos em andamento incluem a definição de preços dos bens imobiliários, avaliação econômico-financeira, além da decisão sobre o modelo para a privatização. De acordo com a imprensa capitalista, o próprio BNDES afirmou que os estudos para a desestatização continuam. Segundo nota do BNDES, “as ações da Ceagesp seguem depositadas no Fundo Nacional de Desestatização e a companhia ainda está incluída no Programa Nacional de Desestatização”.
O Ministério da Economia de Paulo Guedes confirmou que a privatização não está paralisada e que a situação em breve será levada para discussão do PPI (Programa de Parcerias de Investimento), órgão formado pelo presidente da República, ministros e presidentes dos bancos públicos.
Enquanto a privatização caminha, Jair Bolsonaro trocou o comando da Ceagesp em dezembro passado e nomeou o ex-chefe da Rota, coronel Ricardo Mello Araújo, para o comando da empresa. E com a intenção de fincar o aparato bolsonarista no local e ainda enfraquecer Doria perante as forças policiais, o atual presidente da Ceagesp anunciou descontos de até 20% no comércio local para policiais militares. Situação que não ocorre para outras categorias profissionais.
Sobre isso o professor de economia da UFPR (Universidade Federal do Paraná), José Guilherme Vieira, disse à imprensa: “a gente precisa lembrar da origem do capitão do Exército, que tem sua base de apoio nos militares. Isso me preocupa, pois parece que vem com um conjunto de outras coisas que estão sendo feitas para a PM. Existem propostas de emendas constitucionais para tirar poder dos governadores sobre a PM. Bolsonaro volta aos velhos tempos de fazer lobby para uma categoria [que não é de trabalhadores!]. Isso é uma medida populista”.
Isso demonstra por A + B que a política de Bolsonaro em nada difere da política de João Doria, quanto aos interesses privatistas, só difere no quesito de qual setor da burguesia será beneficiado. Os trabalhadores do Ceagesp precisam dar um basta a essa farsa e se juntar aos milhões de trabalhadores brasileiros cansados do governo ilegítimo de Bolsonaro, do regime golpista de conjunto, do governo igualmente reacionário de Doria em SP, e iniciar uma ampla mobilização com as palavras de ordem “Fora Bolsonaro e Doria, fora todos os golpistas!”.