Em mais uma tragédia anunciada, explodem os casos de COVID-19 entre os jogadores profissionais no Brasil. Em nota recente, o tradicional clube do futebol alagoano CSA afirma ter mais 2 casos positivos no seu elenco profissional, totalizando 20, o que representa mais de 80% do total.
O CSA já teve um jogo adiado contra o Chapecoense e a realização de seus próximos jogos na Série B do Brasileirão ainda está em aberto. Além da situação completamente artificial de jogar sem as torcidas, os jogadores estão tendo que lidar com grande insegurança em relação à possibilidade de contágio.
Recentemente, o Brasil superou os 100 mil mortos por COVID-19, e isso apenas em números oficiais. Em contraste com o discurso praticamente uníssono das autoridades, a realidade mostra que a pandemia está completamente fora do controle.
Quando muito ainda se especula sobre essa grave síndrome respiratória, a CBF faz as vezes de agência sanitária e analisa pedidos para liberar a escalação de jogadores testados positivos. Sim, isso está acontecendo e mostra o nível de absurdo que o retorno precoce das competições esportivas é capaz de produzir.
Na mesma semana que o CSA confirmou a altíssima porcentagem de contaminados no seu elenco, a CBF liberou quatro jogadores do Atlético Goianiense que testaram positivo para o jogo contra o Flamengo pela Campeonato Brasileiro. O argumento apresentado foi de que os jogadores estariam em fase final de contaminação, estando “imunizados”.
Num momento em que muitas universidades investigam os casos de reinfecção por COVID-19, a CBF demonstra uma imensa irresponsabilidade e deixa claro que o que manda é dinheiro. A pressão internacional pela retomada econômica irrestrita não tem nada a ver com uma superação da pandemia, mas com a preocupação dos grandes capitalistas com a possibilidade de quebra generalizada da economia.
Um outro exemplo de avaliação “científica” e “imparcial” é o caso do zagueiro Gil, do Corinthians, que já testou positivo duas vezes. Com essa segunda infecção, o departamento médico do clube “entende” que ele não corre mais risco de infectar outras pessoas.
Com qual rigor os clubes vão testar e cortar seus craques nos jogos decisivos dos campeonatos? Um time que disputa o título ou luta para escapar do rebaixamento vai privilegiar o controle sanitário ou suas necessidades materiais?
Enquanto o Brasil segue sem testagem massiva da população, o retorno dos campeonatos de futebol e a reabertura total da economia deixam cada vez mais clara a farsa encenada pelos governadores “científicos” no começo da pandemia. Onde foram parar os direitistas “defensores da vida”?