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Direita x direita

Aonde vai a esquerda na Câmara dos Deputados?

Apoiar qualquer candidato da burguesia é legitimar o regime fraudulento

As eleições para a presidência da Câmara dos Deputados são um perfeito reflexo do efeito que a burguesia conseguiu produzir no ano de 2020: a esquerda foi completamente eliminada da situação política no que diz respeito à disputa institucional. Por um lado, o governo Bolsonaro conseguiu se estabelecer como presidente por meio de sua base social de extrema-direita — muito inferior à base operária e popular da esquerda, mas muito superior à base dos partidos da direita nacional.

Mesmo sendo uma figura de pouca confiança do imperialismo, Bolsonaro acabou chegando a um acordo relativamente estável para se manter no poder. Por outo lado, a direita nacional se estabeleceu como a única oposição oficial. João Doria, Bruno Covas, Rodrigo Maia e tantos outros golpistas, inimigos do povo, estão recolhendo os juros e dividendos da revolta contra o governo Bolsonaro.

Neste momento, a Câmara dos Deputados está dividida seguindo exatamente esse critério. De um lado, está a candidatura de Arthur Lira (PP), que reúne setores mais fisiológicos do parlamento e também a extrema-direita. É, or hora, o candidato apoiado por Jair Bolsonaro. De outro, está o candidato de Rodrigo Maia, que ainda não foi escolhido. Maia é o principal representante da direita tradicional no Congresso, tendo sido uma peça-chave para articular todos os ataques do regime golpista nos últimos 4 anos. Embora não tenha definido ainda o candidato, a imprensa burguesa especula que o escolhido será Baleia Rossi (MDB), com maior trânsito entre a esquerda e o PSDB, ou Aguinaldo Ribeiro (PP), com maior trânsito entre o bolsonarismo e o DEM.

A esquerda parlamentar ainda não definiu sua posição nas eleições. No entanto, de acordo com as várias declarações de seus dirigentes, ela se inclina a apoiar um dos dois candidatos. Isto é, o candidato de Rodrigo Maia ou o candidato de Aguinaldo Ribeiro. Como é impossível que a esquerda vença as eleições para a presidência da Câmara dos Deputados, deverá também se recusar a lançar uma candidatura própria e escolher aquele que lhe permitiria obter uma determinada vantagem.

Essa concepção, no entanto, vai levar a esquerda rapidamente ao precipício. Se a esquerda foi excluída da disputa política, é justamente porque permitiu que se tornasse uma nulidade política. Foi justamente por, sucessivamente, apoiar a direita, ao invés de estabelecer um programa próprio, que a esquerda pequeno-burguesa acabou se transformando em um apêndice da direita, incapaz de definir o rumo da situação política.

Ao invés de a esquerda trabalhar para criar um regime político onde as suas propostas pudessem ser colocadas em prática, ela tem se adaptado à situação tal como ela é. E, se o papel da esquerda é o papel de se adaptar ao que já está estabelecido, por que, então, seria necessário haver uma esquerda? Simplesmente não seria.

A esquerda deveria ter como princípio mais elementar defender os interesses do povo. Se, diante de uma ditadura, a esquerda não estabelece uma perspectiva de luta para derrubar essa ditadura, está abandonando o povo à própria sorte.

Se um partido como o PT considera importante fazer parte da mesa diretora na Câmara, a luta para que isso aconteça deveria passar por uma proposta de transformação da realidade, e não de submissão ao regime político golpista. Lutar seria, por exemplo, sair às ruas por uma reforma política que acabasse com essas eleições podres no parlamento que são, na verdade, uma operação de compra e venda para se chegar à mesa diretora. Em vez de apoiar o “mal menor” — que a esquerda ainda não conseguiu definir quem seria —, seria preciso defender que os partidos tivessem uma participação proporcional na mesa diretora.

A disputa entre Bolsonaro e Maia é uma fraude. A sociedade não está dividida entre os que apoiam a extrema-direita e os que apoiam o neoliberalismo. A sociedade está dividida entre a burguesia e uma minoria de bandidos políticos que estão matando o povo e entre milhões e milhões de pessoas que lutam por sua sobrevivência. Se a “casa do povo” não representa essa luta, seria necessário apontar o seu caráter fraudulento: sequer o parlamento é legítimo, porque foi estabelecido em meio às eleições roubadas de 2018.

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