Em mensagens reveladas nesta quinta-feira, na continuação da nova fase da “Vaza Jato”, o procurador Deltan Dallagnol apareceu em novas mensagens trocadas diretamente com o ex-juiz Sergio Moro, debatendo sobre a necessidade de levantar o sigilo de uma ação da Polícia Federal contra Lula.
Armação contra Lula
O caso, ocorreu em março de 2016, durante o processo de escolha do ex-presidente Lula para assumir o cargo de Ministério da Casa Civil, pouco tempo antes do golpe de estado dado contra Dilma Rousseff. Naquele momento, a troca de mensagens entre Moro e Dallagnol mostrou haver preocupação, sobretudo por parte do procurador, de que a eventual nomeação de Lula o protegesse, e assim impedisse que o sigilo fosse suspenso com o adquirimento do foro privilegiado.
Na ocasião, Moro disse a Dallagnol que “A PF deve juntar relatório preliminar sobre os bens encontrados em depósito no Brasil do Brasil. Creio que o melhor é levantar o sigilo dessa medida”.
O sigilo em questão fazia parte de um pedido de busca e apreensão feito contra Lula naquele mesmo mês, com a mensagem, Deltan Dallagonol revelou suas preocupações a Moro, dizendo que “temos receio da nomeação de Lula sair na segunda e não podermos mais levantar o sigilo. Como a diligência está executada, pense só relatório e já há relatório preliminar, seria conveniente sair a decisão hoje, ainda que a secretaria operacionalize na segunda. Se levantar hoje, avise por favor porque entendemos que seria o caso de dar publicidade logo nesse caso”.
A declaração revela a armação feita. Cerca de uma hora depois, Moro faria exatamente o que fora designado a ele pelo procurador, despachando para levantar o sigilo. Este foi um dos muitos casos de quebra de sigilo orquestradas pela operação. No dia que Lula foi anunciado como ministro, Moro liberou uma gravação telefônica ilegal entre Lula e Dilma, realizando outra manobra completamente orquestrada e com apoio massivo da imprensa burguesa, sobretudo a Rede Globo.
Os anos se passaram, contudo todos os processos farsas feitos contra Lula se mantem de pé. Agora, com a divulgação de novas mensagens obtidas no vazamento feito em 2019, a crise em torno do problema Lula apenas se aprofunda.
Ditadura se mantem
Nesta semana, o ministro Ricardo Lewandowski do Supremo Tribunal Federal (STF), permitiu com que a defesa do ex-presidente Lula tivesse acesso a uma ínfima parcela dos dados obtidos do vazamento de mensagens. Contudo, a Procuradoria-Geral da República (PGR), demonstrando sua total política antidemocrática, questionou nesta quarta-feira a decisão do ministro, buscando impedir o acesso de Lula a novas mensagens.
A desculpa da vez, ficou em torno do fato de que estas informações estariam sob julgamento na Justiça Federal do Paraná, e mesmo que disse respeito diretamente a Lula e seu processo farsa, não poderiam ser disponibilizadas.
A operação, é uma fraude. A não disponibilização destas conversas vazadas já em 2019, faz parte da política ditatorial da burguesia e seu judiciário que visa manter Lula condenado a todo custo. Se há provas cabais na mão do judiciário de que toda operação foi armada contra Lula, quais seriam os motivos de não revelar estas mensagens senão pelo simples fato da justiça estar armada contra Lula?
No decorrer de sua manobra, ainda a PGR tentou intimar o SFT sobre a decisão, demonstrando a total preocupação da burguesia com o que pode se tornar o caso Lula.
Quem luta contra o golpe, defende Lula
A decisão do SFT no entanto, não resolve nenhum problema dos julgamentos farsas sofridos por Lula até o momento. A justiça permanece com a mesma política golpista e ditatorial de manter os direitos de Lula cassados, custe o que custar.
As tentativas recentes da defesa de Lula em restituir seus direitos por meio das instituições burguesas, demonstrou em mais de uma ocasião que não há meios para qualquer direito democrático ser garantido em meio a ditadura do golpe de Estado.
Lula, só poderá ser defendido, mais do que nunca, pela mobilização da classe trabalhadora. Nesse sentido, a própria defesa do ex-presidente serve para delimitar com clareza quem está de fato do lado dos direitos democráticos da população, e quem não está disposto a lutar contra o regime golpista.
Lutar pelo Fora Bolsonaro, só é possível verdadeiramente com a defesa de Lula. O ex-presidente, é visto pela população como o candidato da luta contra o golpe, seja em 2018, seja em 2022. É a figura mais popular de todo Brasil, capaz de consigo mobilizar toda a classe trabalhadora.
É justamente nesse sentido, onde todas as organizações da esquerda brasileira devem trabalhar. Todas as organizações que contem militantes, que tem como base a defesa dos trabalhadores, deve lançar-se seriamente em uma massiva campanha em defesa do direitos políticos do ex-presidente, e na defesa de sua candidatura em 2022.
Lula é saída para a população, é o caminho da mobilização contra os golpistas e da luta contra o governo Bolsonaro. Não há formas institucionais, não há frente ampla com os golpistas que irá resolver os problemas da população.
Apenas defendendo e lutando junto a Lula, uma figura simbolo da ditadura golpista, que a mobilização dos trabalhadores poderá garantir a derrubada do regime golpista. Nesse sentido, está política precisa ficar clara, e servir como base para qualquer discussão política no interior da esquerda.
Não devemos aceitar aqueles que se negam a lutar pelos direitos democráticos de Lula, pois estes não lutam verdadeiramente contra o golpe e a ditadura, mas sim se mantem uma política de adaptação a este regime podre. A mobilização precisa ser nas ruas, e por Lula candidato em 2022.
