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Movimento docente

Andes e o impeachment: a mobilização popular ou as instituições?

A política de zig-zag da diretoria do Andes representa um obstáculo para o movimento docente, Agora assinam pedido do impedimento de Bolsonaro que poderá levar Mourão ao poder

Em meio à crise sanitária provocada pela propagação do Covid-19 e agravada pela conduta genocida de Jair Bolsonaro, a insatisfação popular é cada vez maior. Por sua vez, os sinais de deterioração da economia, com uma escalada vertiginosa do desemprego e aumento da miséria social são evidentes.

A crise política nacional amplia-se e o tema do impeachment do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro é cada vez mais discutido pelas forças políticas do país. Até mesmo os partidos e agrupamentos da esquerda, que hesitaram em adotar o “Fora Bolsonaro”, passaram a admitir, ainda que de modo superficial e de forma restrita, a proposta do fim do governo Bolsonaro.

A Diretoria Nacional do ANDES-SN, reunida nos dias 14 e 15 de maio, deliberou que irá subscrever o pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro que o PT, PSOL e algumas entidades populares irão apresentar na Câmara de deputados. No site da entidade, foi divulgado o documento “Nota do ANDES-SN favorável ao pedido de impedimento de Bolsonaro apresentado por movimentos sociais, entidades e partidos políticos”, em que a direção do Andes informa que:

“Diante da situação de profunda excepcionalidade criada pela pandemia que impossibilita a realização de assembleias presenciais ou reuniões presenciais de nosso Sindicato Nacional, a Diretoria Nacional deliberou por assinar o pedido de impedimento de Jair Bolsonaro.” (site andes)

Entretanto, procurando antecipadamente defender-se da acusação de fomentar ilusão no parlamento dominado pelo centrão, a nota afirma:

“A assinatura deste pedido de impedimento não expressa qualquer ilusão em um legislativo carcomido por corrupção, fundamentalismo religioso, conservadorismo e práticas lobistas de banqueiros e empresários.” (idem)

A citação acima acaba por revelar justamente um dos inconvenientes fundamentais à assinatura do Andes em um pedido de impeachment no Congresso Nacional. A apresentação de uma proposta de impeachment sem nenhum movimento de massas significa depositar todas as esperanças em um parlamento dominado pelo centrão. Por sinal, a própria declaração da direção do Andes indica um conhecimento do caráter do legislativo brasileiro “o legislativo é carcomido por corrupção, fundamentalismo religioso, conservadorismo e práticas lobistas de banqueiros e empresários”.

O fato de o PT encabeçar um pedido de impeachment tem um aspecto positivo, pois indica uma modificação da sua posição inicial de legitimação de um presidente que somente chegou ao Palácio do Planalto por meio de uma fraude eleitoral em 2018. Entretanto, politicamente esse pedido de impeachment está atrelado às posições de frente ampla predominantes na esquerda brasileira.

O “Fora Bolsonaro”, que se resume ao impeachment de Bolsonaro, é parte da política de depositar a resolução da crise nas mãos da direita golpista “opositora” que controla o parlamento e os governos estaduais. Nesse sentido, subscrever esse pedido pelo Andes significa atrelar o sindicato nacional a uma política de “unidade”, que nada mais é do que uma subordinação a uma política de conciliação de classes, inclusive com a burguesia golpista, que domina o Congresso Nacional.

O movimento dos parlamentares do PT, do Psol e de outros partidos, bem como da burocracia sindical de uma forma geral, em favor do impedimento de Bolsonaro pelo legislativo, tem o sentido de acreditar que setores da burguesia, responsáveis pelo golpe de Estado em 2016, possam determinar a saída de Bolsonaro. Acontece que o governo já tem articulado uma reaproximação com Rodrigo Maia, Presidente da Câmara, e comprado deputados do centrão, o que indica que não é certo que a “oposição” de direita de fato pretenda a queda do governo.

Além do mais, uma solução vinda das instituições controladas pela direita teria necessariamente como desenlace uma via antidemocrática, antipopular, que conservaria os aspectos fundamentais do regime. O impeachment de Bolsonaro representa a manutenção do regime golpista, com a substituição de Bolsonaro pelo seu vice, o general Hamilton Mourão.

Ao contrário do que foi apresentado na nota da diretoria, os Conads e Congressos do Andes não apresentaram nenhuma política que pudesse ajudar na organização da categoria para enfrentar o governo Bolsonaro. No 64 Conad, a diretoria do Andes e a maioria da oposição recusou a luta pelo “Fora Bolsonaro”, com o pretexto de que não era o momento, que Bolsonaro era popular etc. Ademais, a consigna “ #bastabolsonaroMourão” do Andes, como já foi criticado aqui, não significa uma luta efetiva; uma prova disso é apoiar o impeachment de Bolsonaro que nada mais é do que apoiar a posse do general Hamilton Mourão.

A política de ziguezague da diretoria do Andes representa um grande obstáculo para o movimento docente, evidenciando de maneira exemplar o fracasso político monumental da esquerda pequeno-burguesa.

Em 2016, a diretoria do Andes era contra qualquer tipo de unidade; e, em nome do sindicalismo “ combativo”, recusou uma frente única com a CUT e o PT para combater o golpe de Estado da direita. Na prática, fez uma unidade com a direita golpista que derrubou Dilma, e, depois, colocou Bolsonaro na Presidência da República.

Pois bem, agora, em nome da “ampla unidade”, a diretoria do Andes realiza uma virada de 180 graus, levando o sindicato nacional a ficar novamente a reboque de um setor da direita, usando como justificativa a “defesa da vida”, “apoiando todos os esforços que possam desgastar a extrema-direita e fortalecer a ampla unidade na ação necessária para defender nossas vidas”( idem)

De modo geral, o erro da diretoria do Andes é apoiar um pedido de impeachment que deixará os movimentos sociais subordinados ao jogo de poder dos golpistas, e que do ponto de vista institucional significa entregar a Presidência da República para Mourão, continuando os ataques contra os trabalhadores.

A crise persistente do governo somente pode ter uma saída democrática a partir de um movimento independente alicerçado na mobilização popular, sem depositar nenhuma perspectiva em uma frente ampla com os golpistas. É necessário romper com o imobilismo imposto pelas direções sindicais; e é fundamental fomentar a campanha pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas, pela realização de novas eleições.

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