A Agência Nacional de Cinema (Ancine) está sendo pressionada por Bolsonaro. Está prestes a ficar com apenas um diretor e teve o seu presidente, Christian de Castro Oliveira, afastado. A agência deve “fechar para balanço” e rever regras sobre liberação de recursos. O órgão tenta se blindar para que os critérios de Bolsonaro não se tornem a regra para as tomadas de decisão sobre as produções audiovisuais no País. Além da pressão do TCU e do afastamento do presidente, a crise institucional é reforçada pelo fato de que o órgão deveria cortar mais de 70% das suas atividades para operar, segundo estudo interno.
Bolsonaro havia afirmado que “cortaria a cabeça” dos dirigentes da Ancine e que colocaria um presidente evangélico no órgão. No programa da youtuber Antonia Fontenelle, na segunda, dia 2, Bolsonaro afirmou que é preciso tirar de órgãos públicos pessoas que “não aprovam” filmes com “temática do nosso lado”. Ainda complementa: “o tempo vai fazer a gente descontaminar esse ambiente para a boa cultura no Brasil”. Em agosto, o Ministro da Cidadania, Osmar Terra (MDB), suspendeu séries temáticas para emissoras públicas de televisão, que tratavam de temas LGBT. A suspensão do edital referente a essas séries levou Henrique Pires a se demitir do cargo de Secretário Especial de Cultura, do ministério de Terra. Ele declarou que deixou o cargo por não concordar com as políticas de censura.
Os integrantes da agência querem que decisões como a de suspender um edital ou discutir que tipo de filme pode ser financiado, sejam feitas de forma pública, para evitar decisões arbitrárias do governo, como a de Terra. Para isso, seria necessário recompor a diretoria-colegiada e o Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual.
Como já vínhamos observando, a Ancine está sendo alvo de fortíssima censura e controle, limitando a produção cultural de forma absurda. Bolsonaro se vê no direito de impor os seus valores à população como um todo. Trata-se de uma ditadura se consolidando. A extrema-direita é inimiga da cultura e precisa silenciar e reprimir a sociedade para aplicar seu programa de ataques à população.