Começou ontem (17) a 54ª Cúpula dos Chefes de Estado do Mercado Comum do Sul (Mercosul), em Santa Fé, na Argentina, com a presença dos presidentes Mauricio Macri (Argentina), Tabaré Vázquez (Uruguai), Mario Abdo Benítez (Paraguai) e de Jair Bolsonaro.
O golpista brasileiro assumiu a presidência temporária, pelos próximos seis meses, substituindo seu par argentino.
A agenda de Bolsonaro, com a programação dos temas a serem abordados e avançados na política do bloco, conta com uma pauta abertamente entreguista e destrutiva. Em seu discurso nessa quarta-feira, ele reafirmou a intenção de boicotar qualquer tipo de mínima integração entre os países da América do Sul.
Declarou que o bloco deve focar nas negociações externas e na reforma institucional interna, enxugando sua estrutura e eliminando seu “viés ideológico”.
Essas negociações externas significam a entrega em bloco dos recursos nacionais dos países da região para o imperialismo. Uma primeira e grande amostra disso foi o recém-assinado acordo com a União Europeia, no qual a soberania dos países do Mercosul é absolutamente comprometida, concedendo inúmeros privilégios aos capitalistas europeus em detrimento da indústria sul-americana, aumentando vertiginosamente a dependência econômica de nossos países para o imperialismo europeu.
Como se não bastasse utilizar o Mercosul para dar de bandeja as riquezas dos países do bloco para o imperialismo, a missão de Bolsonaro é acabar com o Mercosul. Por isso ele falou em reforma institucional, enxugar a estrutura e, como sempre, com a desculpa de o bloco ser dominado por uma posição ideológica de esquerda.
Para os serviçais do imperialismo como Bolsonaro e Macri, nem mesmo um bloco comercial de tendência neoliberal – como foi formado o Mercosul, ainda nos anos 1990 sob o total domínio de governos neoliberais – pode existir. Isso porque o imperialismo precisa dominar a região diretamente. O Mercosul, apesar de seu caráter ultramoderado e capitalista, é um instrumento que pode ser utilizado pelas burguesias nacionais desses países, como realmente foi utilizado durante os governos de esquerda derrubados pelos golpes recentes.
O Mercosul, com todos os seus inúmeros defeitos, é um organismo de integração – primeiramente econômica, mas depois, expandido, política e social – sul-americana. O imperialismo sabe, como sempre soube, que a melhor política é a de dividir para governar. É imprescindível destruir qualquer tipo de integração sul-americana, para facilitar o controle dos monopólios imperialistas. Por isso, instalou em diversos governos da região – como o do Brasil – fantoches cuja missão é acabar com qualquer integração e substituí-la por uma “entregação” das economias regionais para os grandes bancos internacionais.