As manifestações realizadas nessa quinta-feira, dia 13, em todo o Brasil, e inclusive, em cidades do exterior, expressam o aumento da crise social. Passada uma semana da chacina realizada na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, que entrou para a história como a maior já realizada no estado, a população negra e trabalhadora tomou às ruas em mais de 29 cidades do Brasil e do exterior, dando um passo adiante no que precisa se tornar uma verdadeira onda de mobilizações.
Os protestos reuniram ao todo milhares de pessoas, tendo sobretudo como destaque as manifestações realizadas em São Paulo, na Avenida Paulista, e no Rio de Janeiro, na Candelária. Além destas cidades, marcaram o dia as manifestações feitas nos Estados Unidos, como também na Inglaterra, impulsionadas pela mobilização contra a repressão policial promovida pelo regime golpista brasileiro.
O que a chacina mostrou
A chacina realizada no Jacarezinho demonstrou na prática a real finalidade dos aparatos de repressão do Estado. Com o pretexto de invadir a favela para “combater o tráfico de drogas”, a Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro executou 28 moradores inocentes a facadas e tiros. Os moradores em questão sequer estavam armados, sendo assassinados sumariamente pelos policiais.
Em defesa do que a burguesia classifica como “operação policial”, representantes da direita brasileira saíram em defesa do massacre, classificando todos os trabalhadores como “bandidos” e “marginais”, como assim disse Mourão. A chacina comprovou, pelo contrário, que os verdadeiros criminosos são os próprios policiais.
Além disso, a chacina serve para colocar abaixo a ideia de que meramente “desmilitarizar” a Polícia Militar iria garantir a proteção dos trabalhadores. Seja Militar, Civil ou Guarda Municipal, o histórico de ações de todo o aparato de repressão do regime golpista já se mostrou suficientemente assassino contra toda a população pobre.
A polícia, independente de sua patente, serve unicamente para garantir os interesses econômicos da burguesia. Com a propaganda de servir para “garantir a segurança”, estes aparatos de repressão esmagam diariamente a população negra e pobre, aprofundando a ditadura em todo o País.
Por isso, é fundamental defender a extinção de todas as polícias. A população trabalhadora não pode mais sofrer com a ameaça diária de ser assassinada pela repressão do regime golpista. É preciso por um fim em todo o aparato de repressão do Estado, e em seu lugar, as organizações populares devem impulsionar a formação de milícias populares, controladas pelas comunidades e capazes assim de garantir os interesses da população de conjunto e não o dos grandes capitalistas.
O que a mobilização mostrou
Já a mobilização ocorrida após a chacina demonstrou que a política de ficar em casa é completamente rejeitada pela classe trabalhadora. Com a chacina, a radicalização política da população apenas aumentou e as manifestações, que ocorrem desde o dia do assassinato dos 28 moradores, crescem cada vez mais.
Este dia nacional de mobilizações demonstrou que a classe trabalhadora está disposta a lutar, a passar por cima da paralisia das direções da esquerda pequeno-burguesa e levar à frente um amplo movimento de massas contra o regime político de conjunto. É perceptível que a política de paralisia da esquerda foi esmagada quando a classe operária entrou em movimento. Ainda assim, é fundamental não tratar este dia de mobilização como um fim em si mesmo, mas na realidade, como uma representação de como deve seguir a luta em todo próximo período.
É necessário criar uma ampla mobilização contra o regime golpista
Nesse sentido, é dever das organizações dos trabalhadores trazer às mobilizações as reais reivindicações da população brasileira. As palavras de ordem vagas e de cunho eleitoreiro, como são de costume da esquerda pequeno-burguesa, não terão efeito nenhum no combate ao regime golpista. No lugar de implorar para as instituições burguesas garantirem o fim da repressão que elas mesmas apoiam, é necessário ir às ruas com um programa de luta e reivindicações que possam impulsionar a mobilização da classe operária.
É fundamental agora, levantar o fim de todas as polícias, de todo aparato de repressão do Estado. Em primeiro lugar, é preciso organizar comitês de autodefesa dos trabalhadores, que possam ser capazes de garantir a defesa da classe operária contra a repressão da ditadura golpista. Além disso, é fundamental defender a formação das milícias operárias, exigindo a extinção dos aparatos repressivos da burguesia. As milícias operárias são a única forma que o trabalhador pode, de maneira coletiva e democrática, garantir sua própria segurança, e não ficar à mercê de uma classe social inimiga de seus interesses.
Outro ponto de extrema importância é a questão do armamento. A chacina no Jacarezinho demonstrou o que o monopólio do armamento nas mãos do Estado pode proporcionar a população: uma verdadeira onda de massacres.
Hoje, a defesa do armamento é tanto uma questão democrática, como também de garantir a sobrevivência dos trabalhadores em meio a toda repressão. A mobilização nos Estados Unidos, após a morte de George Floyd, mostrou que um povo mobilizado, e ainda mais armado, é capaz de fazer recuar toda burguesia. Sendo assim, a defesa do armamento torna-se uma política que está na ordem do dia.
Além do armamento, a defesa das condições de vida dos trabalhadores precisa também ser assegurada. Não é só por meio de tiros que os golpistas assassinam a população. Com a pandemia, um enorme genocídio está sendo provocado, e é necessário defender a vacinação completa e emergencial de toda a população, como também garantir por meio de um auxílio emergencial que garanta as reais necessidades dos trabalhadores é preciso ser defendido.
Não podemos parar, é hora de ampliar a mobilização
Toda essa situação apenas comprova a necessidade de impulsionar um amplo movimento de massas. A população pobre, seja por meio da polícia, do genocídio da pandemia, da fome, da ditadura do golpe de Estado, está cada vez mais disposta a por um fim a tudo isso. Assim, é preciso continuar a mobilização, chamar novos atos, e tornar o ato nacional de 3 de julho, por vacina e auxílio, um ato de grandes proporções, na defesa dos interesses da classe trabalhadora.